Io Appolloni

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Io Appolloni
Nome completo Jusepa Appolloni
Nascimento 19 de março de 1945 (79 anos)
Camino di Verchiano, Perúgia, Itália
Nacionalidade portuguesa
(anteriormente Italiana)
Ocupação Atriz, cantora, dramaturga, comediante e empresária
Cônjuge Camilo de Oliveira

Io Appolloni (Camino di Verchiano, Perúgia, Itália, 19 de março de 1945[1]), nome artístico de Giuseppa (Giuseppina) Appolloni,[2] é uma atriz, cantora, dramaturga, comediante e empresária portuguesa de origem italiana.[3][4] Obteve a nacionalidade portuguesa a 19 de março de 1975, tendo assumido a cidadania portuguesa com o nome de Jusepa Appolloni.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Camino di Verchiano, uma aldeia da comuna de Foligno, província de Perúgia, na região da Umbria, em Itália, onde chegou a apascentar ovelhas quando criança. Mudou-se no início da adolescência para Roma, onde frequentou um colégio de freiras e, devido à curiosidade suscita pela frequência do Centro Cultural Americano da rua onde morava e já depois de ser capa de revista com uma sessão fotográfica para a revista ABC, viria a frequentar o curso de interpretação no Centro Sperimentale di Cinematografia, impulsionada pelo irmão. Ao terminar o curso de Interpretação, em 1963,[5] a escola atribuiu como prémio aos seus finalistas uma ida ao Festival de Cinema de Veneza, onde conheceu Pier Paolo Pasolini, que a convidou para um papel secundário em Comizi d'Amore.[6] Em outubro de 1963, estreou-se no teatro com Tino Scotti, numa peça de cujo nome diz não se recordar e em que participou ainda como Giuseppina Appolloni. Por sugestão do produtor Lino Haggiag, da Dear Film, adotou o nome artístico Io Appolloni (contração do latim Iosephus), por ser mais apelativo. Em Veneza, desperta a atenção do espanhol Cesário Gonçalves, agente de artistas como Joselito, Lola Flores e Sarita Montiel, que propõe a Io participar num filme, a rodar em Espanha, pelo realizador Manuel Mur Oti. É graças a este encontro fortuito que filma em 1965, a longa-metragem Louca Juventude, no papel de Paola di Rissi,[7] que contracena com Joselito. Logo a seguir, no mesmo ano de 1965, tem uma participação menor em outro filme, Jenny, a Mulher Proibida, de Juan Bardem.[7] Pelo meio, estreou-se como cantora no Casino de Gibraltar.[6] Paralelamente, frequentou, em Espanha, os cursos de Dança Clássica e Flamenca (1964-65) e de Canto (1965).[5]

A sua experiência no cinema espanhol chamou a atenção em Portugal, onde foi capa da revista Plateia, tendo sido contratada por Eduardo Damas, empresário do Teatro Maria Vitória, para participar na peça de teatro de revista Sopa no Mel (1965), ao lado de Camilo de Oliveira e Florbela Queiroz, que, juntamente com Eduardo Damas e a comunicação social portuguesa, a receberam à chegada ao aeroporto de Lisboa a 27 de fevereiro de 1965.[6] Ainda durante o Estado Novo, e já em Portugal, a peça O Vison Voador (1969) fez grande sucesso, levando Io a ingressar em tournée nos teatros de operações militares da Guerra do Ultramar, em Angola e Moçambique, onde atuou para as tropas portuguesas. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, filiou-se no Partido Comunista Português, por influência de Rogério Paulo, tendo sido militante durante vários anos. No contexto das campanhas de dinamização cultural promovidas pelo Movimento das Forças Armadas, fundou um grupo de teatro em Manteigas. Tentou, após a revolução, ingressar em grupos de teatro independente e experimental, mas nunca foi aceite, considerando a sua longa experiência em teatro de revista. A participação na peça Guilherme e Marinela, em 1978, suscitou grande adesão do público, que esgotou os bilhetes, e o respetivo cartaz, em que Io aparece nua de costas, suscitou enorme polémica devido ao seu caráter antimachista, levando que a RTP nunca tivesse transmitido a peça na televisão, apesar de a ter gravado, tendo Io sido interrogada pela Polícia Judiciária.[8]

Participou na série humorística de Camilo de Oliveira, As Aventuras do Camilo, em 1997, e nas séries Médico de Família, em 2000, e Floribella, em 2006. Em 2011, participou no Reality Show Perdidos na Tribo, da TVI.

No cinema protagonizou vários filmes, como Sofia ou a Educação Sexual (1974), A Santa Aliança (1980), A Mulher que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos (2003) e Transe (2006).

Em 1990, após um período de inatividade na carreira artística, tirou o curso de Cozinha na Escola de Hotelaria de Lisboa, tendo gerido uma empresa especializada na confeção de tiramisu, que chegou a abastecer cadeias de supermercados, restaurantes e o Casino Estoril, mas que Io decidiu encerrar em 2012. O seu livro Os doces da Io (1997), com prefácio de Maria de Lourdes Modesto, recebeu o Garfo Literário, atribuído pelo Instituto do Gosto e dos Aromas.[5][8]

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Projeto Papel TV
1967 Riso e Ritmo Não Divulgado RTP1
1978 Guilherme e Marinela Marinela
1989 Esta Noite Sonhei com Brueghel Flores
1994 Desculpem Qualquer Coisinha Berta Gomes
1996 Primeiro Amor Carla Baptista
Todos ao Palco Não Divulgado
1997 As Aventuras do Camilo Ivana Sarmento SIC
As Lições do Tonecas Não Divulgado RTP1
O Vison Voador
1998 A Birra do Morto
2000 Médico de Família Miss Ford SIC
2001 Querido Professor Helga
2002 Não Há Pai Vidente
Um Estranho Em casa Mãe de Paulo RTP1
2002 - 2003 O Último Beijo Amélia Coletti TVI
2004 Uma Aventura no Ribatejo Tia Estefânia SIC
2006 Floribella Duquesa
7 Vidas Maria da Purificação
2011 Camilo, o Presidente Eva Lombardi
Perdidos na Tribo Concorrente TVI
2014 Água de Mar Carmen RTP1
2015 Mar Salgado Conservadora SIC
2020 Amigos Improváveis: Famosos Participante Famosa
2023 Hell's Kitchen - Famosos Concorrente

Cinema[editar | editar código-fonte]

Teatro[editar | editar código-fonte]

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Livros[editar | editar código-fonte]

  • Os doces da Io (1997)

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Teve um relacionamento com Camilo de Oliveira (ator), de quem teve um filho, Camilo Humberto Appolloni de Oliveira, nascido em 1969. Teve um relacionamento com Eduardo Geada, desse casamento foi mãe de Rossana Maria Appolloni Geada, nascida em 1976.[31][32] Casou com Luís de Almeida, desse casamento é mãe de Bruno Bernardino Appolloni de Almeida, nascido em 1983.[33] Teve também um relacionamento com António Reis.[34]

Em 1978, foi a primeira mulher em Portugal a anunciar publicamente, no programa Directíssimo, de Joaquim Letria, que havia realizado uma interrupção voluntária da gravidez, pelo que chegou a ser interrogada pela Polícia Judiciária, uma vez que a interrupção voluntária da gravidez era considerada crime na época.[35][8]

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 1 de junho de 2016. Arquivado do original em 18 de maio de 2011 
  2. a b c d Palma, Tiago. «Io Appolloni: "A PIDE deu-me 48 horas para sair do país por desencaminhar um homem casado"». Observador. Consultado em 9 de fevereiro de 2022 
  3. Palma, Tiago. «Io Appolloni: "A PIDE deu-me 48 horas para sair do país por desencaminhar um homem casado"». Observador. Consultado em 9 de fevereiro de 2022 
  4. «Teatro: Io Appolloni bebe chá com arsénico». 8 de janeiro de 2012. Consultado em 19 de fevereiro de 2012 [ligação inativa]
  5. a b c d e f CineEco - XVI Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente 2010 da Serra da Estrela . 16 a 23 de outubro
  6. a b c VIP, Revista. «Io Appolloni - "Nunca nada me foi dado de bandeja"». Revista VIP. Consultado em 9 de fevereiro de 2022 
  7. a b Bardem, Juan Antonio (21 de abril de 1965), Los pianos mecánicos, Cesáreo González Producciones Cinematográficas, Precitel, Compagnie Industrielle et Commerciale Cinématographique (CICC), consultado em 9 de fevereiro de 2022 
  8. a b c «Io Appolloni: coração independente». Diário de Notícias. Consultado em 5 de maio de 2024 
  9. «Uma vida tem muitos caminhos, muitas pátrias». 9 de Julho de 2011. Consultado em 19 de Fevereiro de 2012 
  10. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06564.102.20002#!6
  11. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20753#!6
  12. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06577.115.21279#!4
  13. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06581.119.21743#!4
  14. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06608.146.24330#!6
  15. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06805.155.25127#!4
  16. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06805.155.25072#!5
  17. http://ww3.fl.ul.pt/cetbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Espectaculo&ObjId=3295
  18. http://ww3.fl.ul.pt/cetbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Espectaculo&ObjId=2931
  19. http://ww3.fl.ul.pt/cetbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Espectaculo&ObjId=3360
  20. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06821.171.27001#!6
  21. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06829.179.28286#!14
  22. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06835.185.28976#!16
  23. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06882.199.30767#!28
  24. http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06884.201.30992#!28
  25. http://www.cineeco.pt/historico/2009/catalogo2009.pdf
  26. http://www.rtp.pt/programa/tv/p25997
  27. [Retratos da Commedia dellArte (Almada), Público Lazer]
  28. Io Appolloni regressa a Itália 49 anos depois, Lux 01.01.2012
  29. http://www.escolademulheres.com/producoes-2/2015-2/marleni-divas-prussianas-loiras-como-aco-2015/
  30. https://ctalmada.pt/noite-da-liberdade/
  31. Tese de Mestrado em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias - Rossana Maria Appolloni Geada
  32. Formação Despertar. Libertar. Crescer
  33. Site da Ordem dos Arquitectos
  34. Io Appolloni fala das suas relações amorosas - Goucha - TVI, 27.07.2021
  35. Io Apolloni: "Fui a primeira mulher a dizer que tinha praticado o aborto", TVI 31.01.2018

Ligações externas[editar | editar código-fonte]