Bicentenário da Independência: saiba por que São Cristóvão foi o primeiro bairro imperial do Rio | Globo Comunidade RJ | G1

Por Jefferson Monteiro, Globo Comunidade


Conheça São Cristóvão, bairro que é uma das heranças do império

Conheça São Cristóvão, bairro que é uma das heranças do império

Um dos bairros mais tradicionais do Rio, localizado na Zona Norte da capital, São Cristóvão é uma região de origem importante para a história do Brasil.

Hoje, a gente vê um lugar movimentado. São mais de 26 mil habitantes vivendo em São Cristóvão. O bairro tem comércio, comunidades, sede de um time de futebol, que revelou o craque Ronaldinho.

São Cristóvão também é o caminho de muitas pessoas que utilizam transporte público, como trem, ônibus e metrô, e onde fica a feira de tradições nordestinas.

O espaço reúne várias atividades culturais, comida, artesanato, música e dança.

Andar por São Cristóvão é se deparar com a história do país. O bairro é uma das heranças do império, tanto que é considerado um museu a céu aberto.

São Cristóvão começou a se destacar em 1810, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil. O príncipe-regente Dom João XVI escolheu o Paço da Quinta da Boa Vista como residência oficial.

Lá viveram personagens importantes da história do país, além de Dom João VI, Dom Pedro I, a imperatriz Maria Leopoldina e Dom Pedro II.

Hoje, no lugar da residência oficial, funciona o Museu Nacional.

Ao longo de 200 anos, o imóvel abrigou um grande acervo de documentos e objetos importantes para a área da ciência e da antropologia.

Em setembro de 2018, o Museu Nacional foi atingido por um grande incêndio, que destruiu boa parte do acervo histórico e científico.

Foto de arquivo: Um policial é visto durante incêndio no prédio do Museu Nacional, no Rio — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Mas você sabia que a primeira sede do museu não foi em São Cristóvão?

“Num primeiro momento, quando Dom João VI criou o Museu Nacional em 6 de julho de 1818, a sede do museu era lá no Campo de Santana, mas logo depois, quando se instaurou a República e terminou a primeira constituinte republicana o Museu Nacional veio pra cá”, explica Alexandre Kelnner, diretor do Museu Nacional.

“O palácio está passando por reformas e já volta a ter as suas características imponentes. São mais de 100 pessoas trabalhando na revitalização. A reabertura é prevista pra daqui a 5 anos.”

“A tragédia de 2 de setembro de 2018 foi realmente muito grande. Não teve um pedaço sequer do palácio que não tenha sido afetado. Pra você fazer essa reconstrução, você precisa de projetos, mas graças a diferentes apoiadores, que nós temos, nós conseguimos preparar esses projetos todos, tanto que já vamos finalizar fachada e telhado.”

“Os projetos estão em andamento, como vocês podem ver. Já demos entrada no Iphan no projeto arquitetônico da parte interna. A gente espera que isso seja aprovado rapidamente. É de interesse nacional que isso aconteça e já estamos pensando nas nossas novas exposições”, completou.

Segundo Kelnner, a entrega do palácio com as novas exposições e com todas medidas de segurança, está prevista para acontecer no primeiro semestre de 2027.

Na sexta-feira (2), a direção do Museu Nacional anunciou a abertura de três exposições temporárias em homenagem aos 200 anos da Independência. São elas: “Polo dos minerais”, “Polo das Esculturas” e “Polo da Memória”, além de atividades culturais e educativas, na área externa.

Os jardins em frente ao palácio e a fachada do prédio — atingidos pelo incêndio, já estão prontos.

Decreto da Independência

Ao longo da história nacional, o palácio foi ponto para momentos importantes do país. Foi no local que Maria Leopoldina assinou o decreto de Independência do Brasil.

‘Mossa primeira imperatriz, Maria Leopoldina, uma austríaca de nascença, mas brasileira de coração. Ela presidiu uma reunião do Conselho de Estado aonde foi colocado na mesa, de forma definitiva, a separação Brasil de Portugal. Depois, esses documentos saíram dessa edificação, chegaram até Dom Pedro e dia 7 de setembro se decretou a independência brasileira.”

Cinco anos depois da Independência, Dom Pedro I inaugurou o Observatório Nacional do Rio de Janeiro — ou seja, há 195 anos, a família real queria investir em ciência.

Hoje, o Observatório realiza pesquisa e desenvolvimento em várias áreas da astronomia e astrofísica.

“Dom Pedro II era apaixonado por ciência, por fotografia e por astronomia. Quando ele volta pra Portugal, ele doa para o Observatório Nacional os seus telescópios particulares”, conta a astrônoma Josina Nascimento.

“Hoje o Observatório Nacional é responsável pela geração, disseminação da hora. É a única instituição brasileira apta a fazer isso. Tem pesquisa em astronomia, geofísica. Tem também a parte de serviços, tanto astronomia, quando a sala da hora, quanto a geofísica presta serviços, muitos serviços. Nós temos uma ciência vibrante aqui.”

No Observatório, são três cúpulas, cada uma tem um telescópio. Um deles está fazendo 100 anos e vai passar por reforma.

“A gente vai fazer uma reforma nela porque a cúpula, a parte da trapeira, o motor, todo precisa ser reformado e vamos colocar uma câmera também pra fazer a projeção da imagem numa tela e ela vai ser usada pra iniciação científica júnior, que é a iniciação científica para alunos do ensino médio”, explica Josina.

É de São Cristóvão que as megalunetas observam os fenômenos que enfeitam o céu, como eclipses e as superluas.

Duzentos anos de Independência: há dois séculos, o Brasil caminha por meios próprios e é uma nação independente. Olhar para São Cristóvão é ver liberdade e desenvolvimento. O bairro mostra bem que não existe futuro sem passado e ali a nossa história é vista e preservada.

Historiador conta mais curiosidades de São Cristóvão:

Historiador fala sobre a importância do bairro de São Cristóvão

Historiador fala sobre a importância do bairro de São Cristóvão

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!