FICHAMENTO: Montes D’Oca, Fernando Rodrigues. O raciocínio prático em Aristóteles (2010) – filosofia, viagens e afins

FICHAMENTO: Montes D’Oca, Fernando Rodrigues. O raciocínio prático em Aristóteles (2010)

REFERÊNCIA

MONTES D’OCA, Fernando Rodrigues. O raciocínio prático em Aristóteles. 2010. 166 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Banca examinadora:
Prof. Dr. Denis Coitinho Silveira (orientador) – UFPel
Prof. Dr. Marco Antônio de Ávila Zingano – USP
Prof. Dr. João Francisco Nascimento Hobuss – UFPel


RESUMO

O objetivo deste trabalho é explicar de que modo se dá o raciocínio prático em Aristóteles. Esta é uma delicada e controvertida questão da filosofia prática aristotélica, visto que em nenhum momento de sua obra o Estagirita se dedica a analisar detidamente o raciocínio prático. Em sua Ethica Nicomachea, Aristóteles trata da deliberação, da prudência e do silogismo prático, mas não o vemos coordenar estes temas em um todo acabado, em uma teoria do raciocínio prático. A presente pesquisa propõe-se a fazê-lo a fim de determinar precisamente como se dá o raciocínio prático de um agente moral, desde seu início, quando da apreensão de uma concepção de bem, até o seu término, quando da iminência de uma ação. Para tanto, procede-se a análise de conceitos importantes em torno da teoria do raciocínio prático. Inicialmente tratam-se dois temas preliminares: a felicidade e a virtude moral, e já na sequência se adentra ao tema do raciocínio prático ao se analisar os conceitos de escolha deliberada, de deliberação e, sobretudo, de razão prudencial, visto sua operação cobrir uma parte considerável do raciocínio prático do agente moral. Mas o raciocínio prático não se explica por completo apenas com a compreensão de tais temas e nem ele se resume à operação da razão prudencial. Também a teoria do silogismo prático figura como um elemento importante na explicação sobre como se dá o raciocínio prático. Em decorrência disto é dedicado neste trabalho um amplo espaço à discussão do papel do silogismo prático no corpus aristotelicum, bem como à compreensão de que relação ele estabelece com a deliberação. Determinado seu papel e identificada a espécie de relação que ele mantém com a deliberação, é, finalmente, apresentado o mapa completo do raciocínio prático e é respondida a questão sobre como se dá este raciocínio em Aristóteles. (MONTES D’OCA, 2010. p.7)

Palavras-chave: Deliberação. Prudência. Silogismo prático. Raciocínio prático.

 


SUMÁRIO

1. Introdução
2. Felicidade, virtude, escolha e deliberação
2.1 A felicidade
2.2 Definição de virtude
2.3 Definição de escolha deliberada
2.3.1 Se pode ser a escolha deliberada um estado volitivo
2.3.2 Se pode ser a escolha deliberada um estado cognitivo
2.3.3 Escolha deliberada: um estado volitivo combinado a um estado cognitivo
2.4 Deliberação: objeto e método
2.4.1 O objeto da deliberação
2.4.2 O método da deliberação
2.4.3 A relação entre deliberação e escolha deliberada

3. A prudência na EN
3.1 Introdução ao estudo das virtudes intelectuais: a reta razão, a divisão da alma racional, a verdade prática e a enumeração das virtudes
3.2 A prudência e as virtudes da parte científica: os universais do conhecimento teórico e os particulares do conhecimento prático
3.3 Prudência e arte
3.4 O estatuto da razão prudencial: a boa deliberação e seus traços marcantes

4. O silogismo prático: os estudos a seu respeito, sua apresentação no corpus aristotelicum, seu papel, sua relação com a deliberação e o mapa do raciocínio prático
4.1 O interesse pelo estudo do silogismo prático
4.2 A doutrina do silogismo prático no corpus aristotelicum
4.2.1 Estrutura do silogismo prático
4.2.2 Premissa universal
4.2.3 Premissa particular
4.2.4 Conclusão
4.3 O papel da doutrina do silogismo prático
4.3.1 O silogismo prático como apresentação inferencial do raciocínio prático
4.3.2 O silogismo prático como explicação do movimento animal em geral
4.3.3 O silogismo prático como um processo de aplicação de regras a casos
4.4 A relação entre os raciocínios fim-meios e regra-caso e o mapa do raciocínio prático

5. Conclusão

 


REFERÊNCIAS

Edições e traduções das obras de Aristóteles:

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Comentários, estudos críticos e obras de referência sobre Aristóteles:
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Artigos e ensaios
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Obras coletivas
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Outras obras de referência sobre Aristóteles
BOERI, M. Apariencia y realidad en el pensamiento griego. Buenos Aires: Colihue, 2007.
GUARIGLIA, O. Ética en Aristóteles o la moral de la virtud. Buenos Aires: Eudeba, 1997.
HOBUSS, J. Eudaimonia e auto-suficiência em Aristóteles. Pelotas: UFPel, 2002.
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PEREIRA, O. P. Ciência e dialética em Aristóteles. São Paulo: UNESP, 2001.
PERINE, M. Quatro lições sobre a ética de Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2006.
SILVEIRA, D. Os sentidos da justiça em Aristóteles. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
SPINELLI, P. T. A prudência na Ética Nicomaquéia de Aristóteles. São Leopoldo: UNISINOS, 2007.

 


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