‘O sabor da vida’: atuação de Juliette Binoche é ingrediente principal de filme premiado em Cannes
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Por — Rio de Janeiro

Personagens principais de “O sabor da vida”, Eugénie (Juliette Binoche) e Dodin (Benoît Magimel) preparam, com absoluto domínio, pratos muito elaborados. O diretor Tran Anh Hung alcança esse rigor de realização, perceptível em vários setores do filme — da concepção visual às interpretações do elenco (em especial, Binoche). Definitivamente não é pouco. Tanto que o resultado foi celebrado no Festival de Cannes com o prêmio de direção. Mas faltou valorizar um ingrediente fundamental da receita: o roteiro.

Inspirado no livro “La vie et la passion de Dodin-Bouffant”, de Marcel Rouff, o roteiro, assinado pelo cineasta, carece de consistência, com exceção dos momentos em que Eugénie, cada vez mais afetada por um problema de saúde, verbaliza seu elo com a vida. Durante a maior parte do tempo, Tran Anh Hung promove um desfile de belas imagens, a julgar pelas diversas sequências gastronômicas que atravessam a tela.

Apesar disso, o destaque à comida tem mais sentido que o mero deleite estético. Em certos instantes, o filme mostra o impacto da comida naqueles que usufruem dela, trazendo à lembrança “A festa de Babette” (1987), de Gabriel Axel. Mas a abordagem mais frequente diz respeito à associação entre comida e busca da perfeição, objetivo atingido, na perspectiva de Dodin, por Eugénie. Não por acaso, ele deseja se casar com ela, que resiste devido ao receio de perder a própria autonomia. Tran Anh Hung registra de maneira suave e contemplativa a intensificação do relacionamento entre ambos. Um vínculo sustentado por ternura, admiração e atração sexual.

Bonequinho olha.

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