De multimilionária a culpada por fraude eletrônica e conspiração. Tudo em menos de 40 anos de vida. Assim foi a trajetória de Elizabeth Holmes, considerada a ‘nova Steve Jobs’ e queridinha do Vale do Silício. Na última segunda-feira (3), ela foi julgada por um júri federal composto por oito homens e quatro mulheres por conta de conspiração para fraudar investidores.
Com 37 anos de idade, Holmes não foi detida e ainda não há data prevista para o anúncio da sentença, mas ela já é considerada culpada por 11 crimes, o que pode render até 20 anos de prisão. Desses delitos, o júri a absolveu de quatro, sendo grande parte em razão de fraude pública.
Entenda a trajetória de Elisabeth Holmes
Elisabeth Holmes construiu uma imagem totalmente falsa no mercado financeiro. Em seus argumentos persuasivos, ela se apresentava como a criadora de uma máquina que realizava exames médicos com apenas gotas de sangue retiradas dos pacientes.
Mas era tudo pura manipulação, sendo desmascarada por uma reportagem do jornal norte-americano The Wall Street Journal, que demonstrou a ineficácia da máquina. Holmes se defendeu e negou as acusações, alegando que houve a participação de várias equipes de cientistas e engenheiros na elaboração do experimento.
Em um julgamento de dois meses, ela explicou a ideia, as origens da empresa e o principal objetivo na época: ajudar as pessoas. No entanto, os jurados da Califórnia ouviram depoimentos de testemunhas de acusação, como pacientes e investidores. Todos estavam se sentindo lesados.
A empresária da área de biotecnologia vivenciou o estrelato, sendo assunto de livro, documentário da HBO, uma série de TV e filme, mas se perdeu ao divulgar uma tecnologia que não tinha 100% de comprovação sobre a sua eficácia.
Vinda de uma família rica de Washington D.C., capital dos Estados Unidos, ela sofreu forte pressão para conquistar o sucesso. Seus pais eram funcionários do Capitólio e estavam sempre rodeados por autoridades, principalmente políticos e pessoas altamente influentes.
Leia mais:
- Parlamento britânico quer posturas mais rígidas sobre criptomoedas
- AT&T e Verizon decidem apoiar atraso na implantação do 5G nos EUA
- Até 2023, mercado de games pode somar mais de US$ 200 bilhões
Do auge ao fracasso
Desde criança, Elisabeth Holmes tinha uma obstinação para descobrir algo novo que pudesse ajudar a humanidade. Foi estudar Engenharia Química na Universidade de Stanford, em 2002. Mas decidiu abandonar o curso aos 19 anos, fundando a startup Theranos, que prometia testes de sangue com apenas uma picada. A ideia era descobrir doenças como câncer e diabetes sem a necessidade de agulhas.
Grandes empresários ficaram admirados com o projeto e investiram pesado na empreitada, como Henry Kissinger e Rupert Murdoch. Além disso, Holmes recebeu o apoio de um general, do secretário do Tesouro dos EUA, George Schultz e até da família Waltons, a mais rica dos Estados Unidos e proprietária da rede de supermercados Walmart.
E os prejuízos foram catastróficos. Somente o magnata da mídia, Rupert Murdoch, perdeu US$ 165 milhões ao aplicar dinheiro na Theranos. Mas antes de ser desmascarada, a reputação de Elisabeth e sua empresa foram à estratosfera. Segura de si mesma e da sua invenção, ela conquistava apoios até mesmo de renomados cientistas, chegando a conquistar até mesmo o ex-presidente Bill Clinton.
Tanta reputação favorável que levou a sua empresa a valer US$ 9 bilhões, o equivalente a R$ 51 bilhões, tornando-se uma verdadeira estrela do Vale do Silício e multimilionária com apenas 31 anos de idade.
A queda
No entanto, o castelo de areia de Elisabeth Holmes começou a desmoronar em 2015 por conta de um informante levantar suspeitas em relação a um dispositivo de teste Edison, o carro-chefe da empresa.
Em seguida, as reportagens investigativas do jornal The Wall Street Journal mostraram que os resultados não eram confiáveis e que a Theranos estava utilizando máquinas disponíveis no mercado.
Os testes chegaram a ser comercializados em várias farmácias, com valores bem menores em comparação aos concorrentes, mas os processos cresceram na mesma proporção. Ao ficar em evidência na mídia, muitos parceiros começaram a cortar relações. Em 2016, reguladores dos EUA proibiram a empresa de Holmes de operar o serviço de exames por dois anos.
Com várias acusações, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu processos contra Elisabeth Holmes e várias pessoas que tinham participações na empresa, como seu ex-namorado, ex-presidente e ex-diretor. Todos foram acusados de enganar investidores, médicos e pacientes. Paralelo a isso, Elisabeth ainda acusou o ex-namorado e o ex-sócio de terem cometido abuso sexual contra ela.
Mesmo sendo acusada de levantar pelo menos R$ 3,6 bilhões de forma fraudulenta e ter sido presa, em 2016, ela conseguiu ser libertada em 2019 so fiança, quando se casou com William ‘Billy’ Evans, 27 anos, herdeiro da rede de hotéis Evans Hotel Group, com quem teve um filho em julho de 2021.
Após todos esses altos e baixos, Elisabeth Holmes continua em liberdade e é a protagonista do caso que já é considerado o pior exemplo dos excessos do Vale do Silício e também da ganância humana.
Via: G1
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!