Manifestantes pró-Palestina ocupam prédios de universidades nos EUA em meio a pressão para fim de acampamentos
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Por O Globo, com agências internacionais

Manifestantes pró-palestinos ocuparam na madrugada desta terça-feira um prédio histórico na Universidade Columbia, epicentro dos protestos de estudantes universitários americanos, elevando as tensões na instituição de Nova York, onde acampam há semanas. A ocupação acontece na esteira da decisão da reitoria de dar um ultimato para o fim do acampamento, com a ameaça de suspender estudantes. Em ao menos outras duas universidades do país, manifestantes também ocuparam prédios.

"Os membros da comunidade de Columbia retomaram o Hamilton Hall depois da meia-noite. Ocupar um edifício é um risco pequeno comparado com a resistência diária dos palestinos em Gaza", disse o grupo de estudantes Columbia University Apartheid Divest em um comunicado pouco depois da tomada do prédio. O texto indica também que rebatizaram o imóvel como Hind Hall em homenagem a uma menina de 6 anos que morreu durante a guerra no território palestino.

Manifestante quebra vidro em prédio da Universidade de Columbia

Manifestante quebra vidro em prédio da Universidade de Columbia

Hamilton Hall é um prédio com histórico de ocupações estudantis, como em atos contra o apartheid — regime segregacionista sul-africano que terminou em 1994 — décadas atrás. Os manifestantes tomaram o local ao fim de uma marcha ao redor do campus, em Manhattan, ao som de gritos de "Palestina Livre". Enquanto parte dos integrantes do protesto se entrincheirava no local, outros estabeleceram uma corrente humana do lado de fora do prédio.

Escaladas semelhantes ocorreram em dois campi da Costa Oeste, na noite de segunda. Na Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, em Humboldt, a polícia prendeu estudantes que ocupavam o prédio Siemens Hall havia mais de uma semana. Na Universidade Estadual de Portland, no Oregon, estudantes ocuparam uma biblioteca.

Estudantes fazem barreira humana para impedir que autoridades chegue a colegas entrincheirados em prédio da universidade — Foto: Alex Kent/Getty Images North America via AFP
Estudantes fazem barreira humana para impedir que autoridades chegue a colegas entrincheirados em prédio da universidade — Foto: Alex Kent/Getty Images North America via AFP

Os protestos em campi universitários se tornaram o maior símbolo de apoio a Gaza dentro do território dos Estados Unidos, principal aliado de Israel na comunidade internacional. Estudantes em cerca de 50 instituições de ensino superior aderiram às manifestações, que sofreram repressão policial e institucional. Apenas no fim de semana, mais de 350 pessoas foram detidas.

Em cada campus, as pautas variam, mas itens comuns se repetem. O principal deles é a retirada de investimentos das instituições em empresas que lucram com a guerra em Gaza, sobretudo no setor armamentista. Também se repetem exigências como uma condenação institucional à guerra no enclave palestino e o rompimento com universidades israelenses e programas de intercâmbio com o Estado judeu. Com as detenções, os manifestantes também passaram a exigir a garantia da liberdade de expressão e anistia a todos os envolvidos nos atos.

Em contrapartida, as administrações de muitas universidades e autoridades políticas dos partidos Democrata e Republicano acusam as manifestações de terem um teor antissemita, tentando distinguir o direito à livre manifestação do discurso de ódio. Organizadores dos protestos negam as acusações de antissemitismo e defendem que os atos visam denunciar o governo de Israel e sua condução do conflito em Gaza. Também afirmam que posicionamentos antissemitas são fatos isolados e que episódios mais ameaçadores foram organizados por ativistas que não são estudantes.

Em Columbia, que não foi a primeira instituição a aderir aos protestos, mas rapidamente se tornou um símbolo, a reitoria começou a suspender os estudantes que não acataram o ultimato de desmantelar o acampamento até 14h (15h de Brasília) de segunda-feira. A reitora Nemat Shafik também rejeitou a principal exigência dos manifestantes: que a universidade parasse de receber fundos relacionados a Israel ou de empresas que se beneficiam da guerra.

— Para muitos de nossos estudantes judeus e para outros, o ambiente se tornou intolerável nas últimas semanas. Muitos abandonaram o campus, e isso é uma tragédia — afirmou Shakif. — A linguagem e os atos antissemitas são inaceitáveis, e os apelos à violência são simplesmente abomináveis. O direito de um grupo de expressar suas opiniões não pode ser exercido às custas do direito de outro grupo de falar, ensinar e aprender.

Ultimato

Muitos estudantes se recusaram a cumprir o ultimato, classificando a medida como "táticas repulsivas de medo". Também defenderam que a represália não significava nada "em comparação com as mortes de mais de 34 mil palestinos".

Em comunicado, o vice-presidente de Comunicação do centro de ensino, Ben Chang, afirmou que os estudantes que aceitarem sair e assinarem um documento assumindo o compromisso de cumprir as políticas da universidade terão permissão de completar o semestre.

Estudante quebra vidro de janela para impedir entrada da polícia — Foto: Alex Kent/Getty Images North America/AFP
Estudante quebra vidro de janela para impedir entrada da polícia — Foto: Alex Kent/Getty Images North America/AFP

Os protestos se tornaram uma preocupação para o presidente americano, Joe Biden, no ano em que tenta sua reeleição. Dentro do próprio Partido Democrata há divisões importantes entre os que consideram os movimentos parte de uma longa tradição democrática e os que temem pelos casos de antissemitismo, intimidação e assédio denunciado por alguns estudantes. Há alunos judeus que aderiram aos protestos e outros que acusam os atos de antissemitismo.

O vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Andrew Bates, fez um pronunciamento nesta terça-feira criticando a tomada dos prédios pelos manifestantes.

— O presidente Biden respeita o direito à liberdade de expressão, mas os protestos devem ser pacíficos e legais. Tomar edifícios à força não é pacífico, é errado. E o discurso de ódio e os símbolos de ódio não têm lugar na América — Bates. — O presidente Biden sempre se opôs às difamações repugnantes e antissemitas e à retórica violenta. Ele condena o uso do termo ‘intifada’ [levante palestino], assim como fez com outros discursos de ódio trágicos e perigosos exibidos nos últimos dias.

No Congresso americano, um projeto bipartidário proposto pelo democrata Ritchie Torres e o republicano Mike Lawler, os dois deputados de Nova York, surgiu como a primeira resposta direta aos protestos e às questões morais e legais suscitadas por eles. O projeto pretende criar monitores de antissemitismo em campi selecionados pelo governo federal.

Se aprovado, o projeto permitiria ao Departamento de Educação enviar equipes contratadas para instituições que recebem verba federal. O monitor também publicaria relatórios públicos trimestrais para avaliar o progresso de medidas de combate ao antissemitismo. (Com AFP e NYT)

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