Comparado a Tennessee Williams, Lyle Kessler chega ao Rio para montagem de 'Órfãos': 'Teatro precisa ser lugar de desconforto'
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Por Gustavo Pinheiro; Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

Quando soube que a montagem brasileira de sua peça “Órfãos” havia sido indicada a prêmios (duas categorias no Cesgranrio e três no da APTR, incluindo melhor ator coadjuvante para Ernani Moraes e melhor ator para Lucas Drummond), o dramaturgo americano Lyle Kessler teve um déjà-vu. Afinal, já viu a mesma peça, de 1983, dar a Albert Finney o Olivier Award pela encenação inglesa e deixar Tom Sturridge entre os indicados ao Tony pela montagem na Broadway. A sorte que seus personagens dão a quem os interpreta garantiu sua fama entre os atores.

— Escrevo pensando neles. Alguns dos melhores interpretaram personagens de “Órfãos”, como Finney, Al Pacino, Alec Baldwin e Jesse Eisenberg. — enumera Kessler, em passagem pelo Rio para prestigiar a nova temporada da peça na Casa de Cultura Laura Alvim. — Entendo a cabeça deles porque comecei como ator, estudei com Lee Strasberg, fui amigo de Stella Adler, trabalhei na New York’s Actors Studio. Sei que eles são a razão de tudo no nosso ofício.

A peça, dirigida por Fernando Philbert, conta a história de dois irmãos órfãos (interpretados por Lucas Drummond e Rafael Queiroz) que sequestram um misterioso homem de negócios (Ernani Moraes) para pedir resgate, mas acabam encontrando nele a figura paterna que nunca tiveram.

Recheada de humor e com um final surpreendente, a fábula americana sobre a descoberta de laços foi adaptada para o cinema em 1987 por Alan J. Pakula e acabou encontrando eco em paragens tão diferentes como França, Alemanha, Estônia, México, Turquia, Coreia do Sul e Japão — onde “Órfãos” está em cartaz há 30 anos.

— Um irmão tem medo da vida, o outro é incapaz de controlar seus impulsos e o terceiro personagem simboliza o pai que todos buscamos — explica o autor, comparado a Tennessee Williams pela crítica. — As plateias se reconhecem facilmente porque aborda três dos maiores sentimentos humanos: medo, raiva e amor.

Foi justamente o poder de empatia do texto de Kessler que fisgou o interesse de Drummond, que diz ter se apaixonado pela peça na primeira vez que a leu, em 2018. O carioca, que além de atuar no espetáculo é seu produtor, resume:

— É uma história linda sobre a luta do homem pela sobrevivência e, principalmente, sobre o afeto.

O dramaturgo americano Lyle Kessler, comparado a Tennessee Williams pela crítica, diz que ele e a mulher estão “loucos para ter contato com tudo que o Rio oferece” — Foto: Roberto Moreyra
O dramaturgo americano Lyle Kessler, comparado a Tennessee Williams pela crítica, diz que ele e a mulher estão “loucos para ter contato com tudo que o Rio oferece” — Foto: Roberto Moreyra

Defesa do desconforto

Dedicado a novas peças, o autor acredita que a cena teatral nos Estados Unidos vive um momento peculiar no pós-pandemia.

— Os teatros americanos perderam espectadores, e está difícil fazer as pessoas voltarem às salas. Então, os produtores estão preferindo a segurança de peças que eles acreditam que não causarão incômodo, estão apostando no politicamente correto. O teatro, porém, precisa ser um lugar de desconforto, e não de conforto. — diz Kessler, que não parou de escrever novos trabalhos durante a pandemia. — Foram meses em que o mundo todo viveu a sensação de um dos personagens de “Órfãos”, com medo de enfrentar o desconhecido, cobrindo o rosto com máscaras.

A partir desta semana, o dramaturgo faz uma pausa nos compromissos para conhecer o Brasil e os espectadores da sua peça, em bate-papo com o público após a sessão da estreia no Laura Alvim, onde “Órfãos” cumpre sua terceira temporada carioca a partir de sexta.

— Eu e minha esposa nunca estivemos no país. Estamos loucos para ter contato com as pessoas e conferir tudo que o Rio de Janeiro oferece. Lucas (Drummond) se ofereceu para nos guiar pela cidade, vamos conhecer o Rio andando entre o povo, vai ser um enorme prazer — afirma Kessler, que, aos 82 anos, mostra disposição de garoto.

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