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Carrões e rolê em Dubai: quem é o acusado de liderar agiotagem do PCC

Edson Carlos do Nascimento, o Kaká, é o principal alvo da operação do MPSP contra rede de agiotas ligada ao PCC em São Paulo

atualizado

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Reprodução/MPSP
Imagem colorida mostra homem, suposto integrante do PCC, de corrente no pescoço e óculos escuros, sentado no capô de uma BMW - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra homem, suposto integrante do PCC, de corrente no pescoço e óculos escuros, sentado no capô de uma BMW - Metrópoles - Foto: Reprodução/MPSP

São Paulo – Principal alvo da Operação Khalifa, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Edson Carlos do Nascimento, o Kaká, é apontado como líder da rede de agiotagem, ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que movimentou R$ 20 milhões só no ano passado.

O MPSP afirma que Kaká é um “membro relevante” do PCC na região do Alto Tietê e está envolvido em outras investigações sobre jogo de azar e posse ilegal de arma de fogo. Mesmo “sem qualquer vínculo empregatício”, o investigado tinha “altíssimo padrão de vida”, é detentor de “bens luxuosos” e costumava fazer viagens a Dubai (veja imagens abaixo), segundo a promotoria.

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No Instagram, Kaká chegou a postar fotos em restaurante na Torre Eiffel, em Paris, e em frente ao hotel Khalifa, ícone dos Emirados Árabes, que dá nome à operação. A sua lista de bens, levantada na investigação, inclui um imóvel em condomínio de ricaços em Arujá, onde há casas anunciadas por até R$ 7 milhões.

O investigado também tinha o hábito de publicar fotos conduzindo motos ou carros de luxo. Entres os seus veículos, estão dois Toyota Corolla e uma Mercedes-Benz C300 S, que não sai por menos de R$ 376 mil.

Agiotagem

Segundo a investigação, os agiotas do PCC cobravam juros abusivos, de 10% a 300% ao mês, de quem decidia pegar dinheiro emprestado. Em caso de inadimplência, era imposta multa de R$ 1 mil por dia.

Ao todo, a Operação Khalifa, deflagrada na terça-feira (7/5), cumpriu 9 de 11 mandados de prisão na capital paulista e na região do Alto Tietê.

No “núcleo de agiotagem”, o braço direito de Kaká era Daniel Carvalho Vasconcelos Santana. Segundo o MPSP, ele era responsável por administrar os empréstimos e fazer a contabilidade dos valores arrecadados pelo bando.

Caberia ao acusado passar as “diretrizes” para os “funcionários” do bando, que faziam o contato direto com os “clientes” – ou seja, arrecadar os pagamentos e cobrar as dívidas com ameaças e até sequestro de bens.

Segundo a promotoria, esse trabalho era exercido por Fernando de Souza Santos, o Gordo, Ricardo dos Santos Barbosa, o Chocolate, e Rodrigo de Carvalho Covelo.

Ligação com PCC

Outro alvo da investigação é o advogado Marco Antônio Pereira de Souza Bendo, o Paçoca, que é acusado de ser membro do PCC. De acordo com a promotoria, a casa teria sediado um suposto Tribunal do Crime em setembro de 2023.

O caso foi flagrado em um grampo do MPSP. “Nós está numas ideias aqui com o vagabundo. É o seguinte: ele vai morrer [sic]”, diz uma das mensagens, atribuída a Kaká na investigação.

Também são apontados como integrantes da facção Jonathan Lemos da Cruz, o Jhow, Eduardo Nunes da Silva, o Eduardinho, e Sedemir Pelicari Fagundes, o Alemão, que foi preso enquanto levava ajuda para vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul.

Completam o “núcleo do PCC” os alvos Luiz Carlos Rodrigues Garcia e Márcio Pereira dos Santos.

Sequestro de bens

Consta na investigação um caso, registrado em março de 2023, em que dois dos investigados invadiram o apartamento de um homem que havia recolhido empréstimo de R$ 24 mil e ainda devia R$ 10 mil.

“Estou armado com uma 380 e já tenho passagem”, um deles teria ameaçado. Segundo a promotoria, a dupla saiu do local levando a chave do veículo da vítima.

Seis meses depois, o grupo cobrou um dono de mercado. “Ele tem 500 conto aqui e R$ 1.000 ele consegue na segunda-feira, mano. O cara tá enrolando, já vendeu o mercado aqui, não tem mais nada”, diz um cobrador. Ao que Daniel responde: “Manda ele se virar, ué”. A conversa termina com o aviso de que um caminhão estava a caminho do estabelecimento para “recolher as coisas”.

Na investigação, o MPSP também incluiu trocas de mensagens em que os alvos relatam o caso de um devedor que estava “tremendo de nervoso” ao ser cobrado e o de outra mulher que estaria resistindo ao pagamento. “Você não vai cancelar o CPF dela?”, questiona Daniel.

Corrupção policial

Além de ameaças e extorsões, a investigação aponta envolvimento do grupo com práticas para corromper policiais. Um desses episódios é narrado em uma conversa entre Kaká e um interlocutor, identificado apenas como Leo, após a prisão de um amigo em comum em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, em outubro de 2023.

Na conversa, o interlocutor diz que precisa de R$ 20 mil para pagar propina aos policiais para soltar o sujeito que havia sido detido por porte ilegal de arma de fogo. “Kaká pergunta se tem gravata (advogado) lá”, registra o MPSP, na investigação. “Completa dizendo que não irá cobrar juros e pergunta se Leo pode devolver o valor na sexta-feira.”

A promotoria também cita que Paçoca está sendo processado, no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), por corrupção ativa. Segundo a acusação, ele ofereceu vantagem indevida a policiais para livrar “alguns indivíduos” que respondiam por tráfico de drogas.

O MPSP levanta a suspeita, ainda, de que informações sobre a Operação Khalifa, cuja investigação deveria ter corrido em completo sigilo, vazaram para os alvos antes da hora. De acordo com a promotoria, Kaká, Daniel e Eduardinho chegaram a se reunir em Arujá, no Alto Tietê, para discutir a situação no dia 23 de fevereiro de 2024.

“Nota-se também que, após tomarem conhecimento da existência da presente investigação, os investigados passaram a adotar providências com vista a dificultar a ação deste órgão de investigação e impedir a aplicação da lei penal, com o saque de elevadas quantias em dinheiro, a mudança de senhas de aparelhos celulares, e-mails, redes sociais e de seus escritórios, a alteração do objeto social de suas empresas, dentre outras ações”, diz a promotoria.

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