Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Viva Ivan Lins!, por Aquiles Rique Reis

Ao reverenciá-lo, o maestro George Robert se junta a tantos outros grandes nomes que já declararam seu fascínio pela música de Ivan Lins

Viva Ivan Lins!

por Aquiles Rique Reis

Quando pinta na praça um disco novo do Ivan, paro tudo. Vou com tudo. Só dá ele em meu som. Assim é agora com Abre Alas (Mil Records), gravado com a Big Band George Robert Jazz Orchestra, em 2009, na Suíça, com arranjos do americano Bob Mintzer. Lançado somente agora, o álbum traz sete músicas do Ivan, ele que, além de cantá-las, por vezes toca um piano elétrico Fender Rhodes. Vamos a algumas delas.

            “Abre Alas” (Ivan Lins e Vitor Martins): a intro é a mesma que Ivan já usou nas primeiras gravações dessa música. Uma virada da batera abe alas para os sopros. O arranjo de Mintzer é pródigo em evoluções orquestrais. Ivan canta em meio a “ataques” dos metais. O resultado é ótimo! Na segunda parte, a banda se espraia em sonoridades que desaguam num solo do guitarrista uruguaio Leonardo Amuedo, que à época tocava com Ivan, tendo apenas baixo, batera e piano a emoldurá-lo. O naipe atiça os ouvidos ao disseminar a harmonia em torno da pegada que novamente remete à intro. Ivan retoma o canto. O maestro, cantando em português, divide o canto com ele, e faz vocalises. Ralentando, os sopros (re)desenham a intro junto com os instrumentos de harmonia.

            Eis que “Madalena”* (Ivan e Ronaldo Monteiro de Souza) pinta na parada. Vem balançando, puro samba jazz – daquele que Joãozinho da Parahyba, o criador do Trio Mocotó (alô, galera, liguem-se, eles estão voltando!), nos ensinou a gostar. E a banda não faz feio, arrasa! O suingue é espantoso. O couro come e todos sentem a pressão nas veias. Ivan canta integrado que está à metaleira, ajustada pela mão do maestro. Cheios de bossa, trombone e trompete arrebentam. A levada jazzística é incrementada pela batera e pelo baixo, que não deixam a peteca cair.

            “Boa Nova” (Ivan, Beto Betuk e Celso Viáfora) inicia com vocalises de Ivan, enquanto o naipe de metais o acompanha. E vem a boa letra de Viáfora. Ivan lhe dá o merecido valor. Novos vocalises antecipam a volta do canto. O trombone emerge num solo contagiante – piano, batera e baixo o amparam, os sopros o instigam. Volta o vocalise, seguido por um improviso do piano e logo por outro da guitarra. Show!

            “Começar de Novo” (Ivan e Vítor Martins): a banda inicia. Ivan canta suavemente, num momento em que rola uma atmosfera afetuosa e doce. O arranjo soa com sobriedade. Reverente ao compositor, o maestro o ilumina com seus ótimos instrumentistas. A guitarra pede passagem e se soma à reverência a Ivan Lins, ele que, depois de Tom Jobim, é um dos compositores brasileiros mais reverenciados pelos grandes músicos norte-americanos e de todo mundo.

            O álbum Abre Alas traz Ivan para o pódio mais alto da música moderna internacional. Ao reverenciá-lo, o maestro George Robert se ajunta a tantos outros grandes nomes que já declararam seu fascínio pela música desse músico consagrado aqui e lá fora. Viva Ivan Lins!

Aquiles Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós.

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Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

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  1. Ivan Lins é o maior e melhor compositor contemporâneo brasileiro de melodias e harmonias. O não reconhecimento disto, traduz a mediocridade do povo brasileiro, já que, nos países de 1° mundo, é uma unanimidade…

  2. Ivan Lins, é o maior e melhor compositor contemporâneo brasileiro de melodias e harmonias brasileiro. Não reconhecer isto, traduz a mediocridade do povo brasileiro, já que, nos países desenvolvidos é unanimidade!

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