Conhecida pelo grande público pelo personagem Michael em "Malhação: vidas brasileiras" (2018) – protagonista de uma cena histórica de beijo gay com Giovanni Dopico –, a atriz Nila anunciou nas redes sociais no início do ano passado ser uma pessoa trans não binária e a adoção do seu nome atual. De lá para cá, diz que vive o desafio de encontrar oportunidades na carreira:
– Existe uma falta de letramento por parte dos diretores de elenco. Muitos não sabem ainda como incluir pessoas como eu, então acabo tendo poucas oportunidades de trabalho. Acho que nunca houve tantas pessoas trans trabalhando como hoje, mas para pessoas não binárias é mais complicado. Ainda existe esse olhar de: ou é garota ou garoto. E eu ocupo o lugar de uma pessoa andrógena. Sou muito masculina para interpretar uma garota e muito feminina para interpretar um garoto.
Ela acrescenta que não é uma pretensão sua mudar o corpo.
– A minha geração passou a questionar esse lugar da passibilidade (que é quando uma pessoa trans é percebida como cisgênero). No meu ponto de vista, ele já é um lugar de opressão. Não quero abdicar da minha imagem. Gosto do meu rosto e do meu corpo.
Além disso, avalia que é preciso haver uma virada no setor para criar personagens para artistas trans e não binários com narrativas que vão além da questão de gênero:
— Ser uma pessoa trans não é a questão mais conflituosa da minha vida.
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Um de seus trabalhos inéditos é a terceira temporada da série “De Volta aos 15”, da Netflix, ainda sem previsão de estreia. Na trama, sua personagem também passou por um processo de transição de gênero:
– Foi algo muito interessante porque eu estava passando por um processo parecido com o da minha personagem. E acabei descobrindo muitas coisas junto com ela.
Nila está desenvolvendo desde o ano passado um curta-metragem, "Na Terra por Mim", em que mostra como a ausência paterna afeta as relações da personagem principal. A ideia é filmar o projeto ainda este ano, no Rio.