Espanha: Apesar de vitória socialista na Catalunha, separatista se candidata para governar região
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Espanha: Apesar de vitória socialista na Catalunha, separatista se candidata para governar região

O Partido Socialista do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, se impôs nas eleições regionais deste domingo (12) na Catalunha. Apesar da derrota dos partidos independentistas que governam a região do nordeste da Espanha há uma década, o líder separatista Carles Puigdemont anunciou na segunda-feira (13) que pretende apresentar sua candidatura diante do novo Parlamento.

Carles Puigdemont faz discurso em comício de campanha em Argeles-sur-Mer, no sul da França, em 4 de maio de 2024.
Carles Puigdemont faz discurso em comício de campanha em Argeles-sur-Mer, no sul da França, em 4 de maio de 2024. AFP - JOSEP LAGO
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“Achamos que há opções para chegar à nomeação” para chefe do governo da Catalunha, disse Puigdemont, durante uma conferência de imprensa em Argelès-sur-Mer, no sul de França, a poucos quilômetros da fronteira espanhola, onde está exilado desde a tentativa de independência da Catalunha, em 2017.

“Podemos reunir uma maioria coerente, não absoluta, mas uma maioria coerente, maior do que a que o candidato do Partido Socialista consegue reunir”, afirmou.

Puigdemont, líder do Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), um partido de centro-direita, sublinhou que o líder do Partido Socialista Catalão, Salvador Illa, não tinha maioria absoluta no Parlamento. Ele indicou que iniciou contatos com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), o outro grande partido independentista catalão, a fim de criar “um governo de obediência soberana”.

As eleições de domingo representam uma pesada derrota para o movimento pró-independência, que perdeu a maioria no Parlamento, mais de seis anos depois da tentativa fracassada de secessão liderada por Puigdemont, então chefe do governo da região, e que o obrigou a se exilar para escapar de um processo legal.

Vitória socialista 

Os socialistas catalães conquistaram 42 assentos no Parlamento regional, que tem 135 cadeiras, nove a mais do que nas últimas eleições, em fevereiro de 2021.

Mesmo com a vitória de seu partido, Salvador Illa precisa se aliar a outras siglas para formar uma maioria estável no Parlamento da Catalunha, que terá, pela primeira vez, dois partidos de extrema direita, o Vox, pró-Espanha, e a Aliança Catalã, uma formação separatista. Ainda que pareçam antagônicos, os dois compartilham o discurso contra a imigração.

O Junts per Catalunya conseguiu 35 assentos, três a mais que nas eleições anteriores. O ERC, o partido do atual presidente regional Pere Aragonès, entrou em colapso, perdendo 13 assentos e elegendo apenas 20 deputados. Já o CUP, um partido independentista de extrema esquerda, caiu de nove para quatro assentos. Todos juntos, estes partidos teriam apenas 59 assentos.

Mesmo incluindo as duas cadeiras da Aliança Catalã, uma nova formação separatista de extrema-direita com a qual Junts, ERC e CUP garantiram que se recusariam a aliar-se, as formações independentistas permaneceriam muito longe da maioria absoluta de 68 cadeiras.

Puigdemont garantiu que se retiraria da política local em caso de fracasso.

“Os catalães e catalãs decidiram que agora é a vez dos socialistas de liderar esta nova etapa”, disse Illa. A vitória do Partido Socialista na Catalunha é importante para o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez porque permite que relance um mandato enfraquecido pela abertura de uma investigação judicial contra sua esposa. O caso levou Sánchez a cogitar uma renúncia há duas semanas.

Determinado a virar a página da crise política de 2017, o premiê perdoou em 2021 os líderes independentistas catalães condenados à prisão. Ele também concordou no ano passado em adotar uma lei de anistia para todos os separatistas processados ​​pelos tribunais, em troca do apoio de seus partidos à renovação de seu mandato de quatro anos.

A anistia deve ser votada definitivamente pelos deputados nas próximas semanas e permitir a volta à Catalunha de Carles Puigdemont, que fugiu da região em 2017 para se instalar na Bélgica e escapar a processos judiciais.

A medida gerou muita polêmica e levou às ruas a oposição de direita e extrema direita, que acusa Sánchez de ter se tornado “refém” dos partidos independentistas com o objetivo de se manter no poder.

(Com AFP)

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