Lula diz que o que aconteceu no RS é um 'aviso' para o mundo: 'A Terra está cobrando' | Política | G1

Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília


  • O presidente Lula afirmou nesta quarta que a tragédia provocada pelos temporais no RS é um 'aviso' para o mundo

  • Na avaliação do petista, é um sinal de que a "Terra está cobrando" um preço pelas ações humanas

  • Lula deu as declarações durante anúncio de R$ 1,7 bilhão em obras de contenção de encostas no país, dentro do PAC

  • Ao todo, serão investidos R$ 18 bilhões no país; R$ 1,4 bi no RS

  • Até o momento, foram registradas 100 mortes em decorrência das chuvas no RS. Mais de 225 mil pessoas estão fora de casa

O presidente Lula durante discurso no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (8) — Foto: Reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (8) que a tragédia provocada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul é um "aviso" para todo o mundo.

Para o petista, as inundações em vários municípios é um sinal de que o planeta Terra "está cobrando" um preço pelas ações humanas.

Lula deu as declarações durante um evento no Palácio do Planalto em que foram anunciados R$ 18 bilhões em investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Do total, R$ 1,7 bilhão será destinado a obras de contenção de encostas no país.

"Quando eu fui lá, é uma coisa estarrecedora. Sinceramente, eu não sei o que Deus está pensando. Não sei aconteceu no planeta terra. O que aconteceu no Rio Grande do Sul é um aviso para todos nós seres humanos: nós precisamos ter em conta que a Terra está cobrando", afirmou.

O petista afirmou que há "há coisas estranhas" acontecendo no país e em outras localidades do planeta, mas disse acreditar que há tempo "para mudar isso".

Nos últimos dias, fortes chuvas assolaram o RS. Até o momento, foram registradas 100 mortes em decorrência dos temporais. Mais de 225 mil pessoas estão fora de casa. O governo federal e o Congresso reconheceram estado de calamidade pública no estado.

Além da destruição resultante das inundações, o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de desabastecimento e nos serviços públicos. Rodovias e o principal aeroporto do estado estão interditados.

O governo federal fará uma reunião com prefeitos de municípios atingidos para levantar o número de casas que terão de ser reconstruídas. A tarefa caberá ao ministro das Cidades, Jader Filho.

Segundo o ministro, o governo federal usará a modalidade "calamidades" do Minha Casa, Minha Vida para atender, em especial, a reconstrução de moradias urbanas e rurais na faixa 1 do programa, com custo de até R$ 170 mil por unidade.

Jader afirmou que o governo avalia crédito com subsídio para residências cuja reconstrução passe de R$ 170 mil.

JN sobrevoa as áreas de Porto Alegre mais afetadas pela cheia

JN sobrevoa as áreas de Porto Alegre mais afetadas pela cheia

Durante pronunciamento no Palácio do Planalto, Lula afirmou que o Brasil tem tradição de governantes que não gostam de investir em saneamento básico e defendeu a execução de projetos que previnem tragédias.

"Eu acho que as pessoas não levam em conta que quando faz investimento numa encosta, a gente está garantindo que pessoas não mais vão morrer por conta do deslizamento de terra", disse o presidente.

O petista afirmou que deseja visitar todos os municípios gaúchos afetados pelas chuvas e cheias dos rios para avaliar nos locais o impacto da tragédia ambiental. O presidente reafirmou o compromisso de garantir o apoio necessário para reconstruir o estado.

Medida provisória

Em entrevista à imprensa, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo precisará editar uma medida provisória com crédito extraordinário para o Rio Grande do Sul para começar a reparação dos estragos.

O ministro explicou que dinheiro para ações emergenciais já foi liberado e que as projeções mais precisas para grandes obras de reconstrução serão feitas depois que a situação dos rios normalizar no estado. Somente para rodovias há uma estimativa de R$ 1,2 bilhão.

"Precisamos de um levantamento minimamente estimado com os pés nos chão. Queremos ter esse apanhado geral. Por enquanto, não vamos pedir projeto. Só saber o que foi danificado, parcialmente ou totalmente, para que a gente formule estimativa de valores", disse.

O ministro antecipou que, em alguns casos, será necessário deslocar casas e outros equipamentos públicos para áreas mais altas. Em Porto Alegre, será necessário refazer o barramento do Guaíba, pois o que está lá foi "tecnicamente superado". "Não é obra de macrodrenagem, mas é de contenção de enchente. A mesma coisa para Canoas", disse.

Linhas de financiamento

Rui Costa afirmou que o governo prepara medidas de crédito para o Rio Grande do Sul, que serão anunciadas por Lula.

O ministro adiantou que serão abertas linhas de financiamento com subsídio nas taxas de juros para pequenos produtores rurais e empresários.

"Para os pequenos, pequeno rural, pequeno urbano, será dado [crédito] com subvenção. Para os maiores, será usado modelo de fundo garantidor, porque a gente que com fundo garantidor a gente consegue taxas muito, muito menores do que consegue no mercado", disse Rui.

"Terá modalidades diferenciadas, sendo mais benéficas, evidentemente, para os menores, para o microempresário, para o pequeno comerciante, que tem uma padaria, pequena lanchonete que perdeu tudo", acrescentou.

"O que a gente quer é transformar eventualmente esse valor em um valor que o estado possa fazer o investimento diretamente. O estado vai precisar reparar muitas estradas estaduais, muitos equipamentos estaduais. E a ideia é liberar recursos para que o estado possa fazê-lo também", disse Rui.

Projetos

O Ministério das Cidades informou que os projetos de contenção de encostas anunciados nesta quarta são em Porto Alegre e Santa Maria.

O governo ainda fará um anúncio de projetos de drenagem, que é o principal problema no Rio Grande do Sul, conforme a pasta. O ministério informou que serão escolhidos projetos de drenagem num total de R$ 4,8 bilhões para o país. Haverá cidades gaúchas selecionadas.

O governo avalia abrir outra rodada para incluir municípios gaúchos que não eram mapeados como área de risco alto ou muito alto, mas que passaram a ter essa característica por causa da tragédia em curso.

Na primeira seleção só poderiam apresentar projetos cidades com risco alto ou muito alto de alagamento, enxurradas e deslizamentos.

Segundo o governo, nesta rodada do PAC, o Rio Grande do Sul, receberá R$ 1,4 bilhão em investimentos:

  • R$ 1,1 bilhão para renovação de frota para transporte público sustentável
  • R$ 171,5 milhões para urbanização de favelas
  • R$ 15,3 milhões para regularização fundiária
  • R$ 152 milhões para contenção de encostas
  • R$ 3,7 milhões para abastecimento de água rural

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!