Auroras AI em Portugal, prompts de Jorge Phyttas-Raposo

 






"Não sei se fique contente que uma imagem produzida e identificada como criada com o auxílio de um algoritmo de inteligência artificial tenha tanta projeção, ou se me entristeça com o quase meio milhão de pessoas a que, supostamente, chegou, adquirindo um grau de veracidade que ultrapassou a simples necessidade de a interpretar.
Neste mundo cibernético cada vez mais ruidoso, encharcado de dúvidas e intenções dolosas disfarçadas de informação, incomoda-me que seja um exemplo real de como a realidade pode ser distorcida e manipulada mesmo quando identificada, não porque a imagem não tenha valor em si, a arte é a relação que construímos com o que vemos, mas porque estamos já todos conspurcados com mecanismos que nos roubam a atenção, a capacidade interpretativa, contextual, e de simples verificação de fonte e sua consequente teor de validação.
Como alguém que está activamente imerso em várias comunidades de produção de imagens através de algoritmos de inteligência artificial, na sua variante de text-to-image, assusta-me, cada vez mais, a capacidade técnica de alguns deles que iludem e confundem profissionais clássicos de categorias de criatividade. Se eles já se sentem incapazes de averiguar e validar a distinção entre imagem de AI, imagem manipulada digitalmente, e imagem produzida de forma clássica, a maior parte de nós, nem sonha com o que aí vem capaz de nos ludibriar as emoções mais básicas.

 
Por favor, passem mais tempo a olhar, a observar, a apreciar, do que a scrollar."



Comentários