História The 9th Skz Member - "Stray Kids" - 2 - O Voz de Trovão e o Olhos de Cachorro - História escrita por Mila5710 - Spirit Fanfics e Histórias
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História The 9th Skz Member - "Stray Kids" - 2 - O Voz de Trovão e o Olhos de Cachorro


Escrita por: Mila5710

Notas do Autor


Hello!!!
Tudo de bom?
Em primeiro lugar (começando não muito bem) queria que vissem e refletissem sobre os acontecimentos do Met Gala, onde os membro do Stray Kids claramente foram vítimas de comentários rudes com um fundo racista e xenofóbico.

Meus parabéns aos STAY's que conseguiram descobrir quem eram os paparazzis por trás das câmeras e estão os hackeando. Mexeram com as pessoas erradas kkkkkkkk

Capítulo 3 - 2 - O Voz de Trovão e o Olhos de Cachorro


Fanfic / Fanfiction The 9th Skz Member - "Stray Kids" - 2 - O Voz de Trovão e o Olhos de Cachorro

24 de dezembro de 2015 _ quarta-feira

— Mas eu fiz tudo direito — protestei, segurando minha raiva crescente.

— Sua voz falhou — a instrutora suspirou, revirando os olhos de um modo que me ferveu por dentro. —, duas vezes. Você vai ficar aqui até essa seu defeito sumir completamente.

— Quer que eu faça milagres? É impossível ter a voz estável enquanto dança ao mesmo tempo.

— Não, não é. Tire isso da sua cabeça, menina — ergueu o dedo, com sua paciência irritante.

— Está bem — bufei. — Suponhamos que você esteja certa; hoje é véspera de Natal! E já são quase oito horas da noite!

— Devia ter considerado isso antes de fazer com preguiça.

Pre-preguiça?

Senti seu olhar perfurador, aquele olhar de aviso. É óbvio, não podia desdenhar dos meus superiores, muito menos dos mais velhos. Se controle...

— Desculpe minha falta de educação, Sra. In — me curvei, mordendo a bochecha para não transparecer meu ódio. — Vou ficar o tempo necessário para me concertar.

— Isso mesmo — sorrio satisfeita, uma satisfação maldosa. — Eu já vou indo, mas é melhor que fique aqui e treine direito. Lembre-se, há câmeras por toda a parte.

Ela não gosta de mim, sei que não gosta.

— Que ótimo — suspirei quando a velha finalmente saiu. — Nem um "Feliz Natal". É... pelo jeito não vou poder conversar com meus pais.

Aquela mulher era louca ou o quê? Não tinha como cantar perfeitamente enquanto dançava uma coreografia intensa; era por isso que se colocava os vocais originais da música de suporte.

Não podia me arriscar em ir embora. Ela realmente poderia saber pelas câmeras ou por outros meios. Agora o jeito é fazer o impossível.

De tempos em tempos encarava a tela do celular no chão, acompanhando as horas. Me assustei quando resolvi ver, depois de me conter o máximo possível. 21:42.

Fiz a mesma coisa corretamente 6 vezes, até perceber meu sucesso.

Quando abaixei para pegar o celular, bolsa e garrafa minhas costas estalaram horrivelmente, a coluna parecendo estar cheinha de caroços bem internos, nos músculos.

Minhas pernas estavam fortes e ao mesmo tempo fracas enquanto marchava pelo corredor, a camisa grudada no corpo, a calça e o tênis retendo todo o calor absurdo. Meu peito estava pesado, queimando com a respiração descompassada, a lateral de minha barriga doendo.

Talvez, se eu estivesse em casa... Mamãe e papai com certeza não me deixariam ficar até tarde, nem que ele tratasse Sra. In com doçura ou minha mãe fizesse um barraco.

O que estou fazendo aqui? O que estou fazendo comigo? Tudo isso é tão ridículo. Não devia ter feito minha inscrição na JYP, para começo de conversa; depois, foi burrice vir para cá, a maior parte do tempo sozinha, cansada, frustada, com saudades...

Posso ser boa, ótima, a melhor de todas a garotas treinees, mas nunca vou conseguir chegar onde todas elas irão. Continuar me desgastando como estou é inútil, linútil, inútil, inútil, inútil... inútil...

Chega. Assim não dá. Abri a primeira porta, me jogando alí dentro sem olhar o que era.

Minhas costas escorregaram pela parede fria e lisa, atingindo o chão imcarpetado. Devia estar tudo bem, né? Olha onde eu estou? Na Coréia do Sul!

— Hãn! Que trouxa — ri de mim mesma, tombando a cabeça contra a parede, o coração rápido de uma forma desconfortável, o corpo transpirando, fervendo. — Eu sou tão burra.

E então a barragem de emoções acumuladas naquele lugarzinho abismal em meu estômago estourou numa enxurrada de lágrimas.

Não sabia dizer se o choro vinha do estresse, do cansaço físico, do mental, da falta que sentia de meu lar, do medo do futuro, da minha própria insegurança, a ansiedade pelos meus sonhos, a falta de tempo para mim mesma; a impotência de não poder fazer o que quero, como, por exemplo, estar com meus pais, pelo menos online.

Prendi a respiração, imediatamente começando a secar meu rosto quando alguém abriu a porta de supetão.

So you better watch out! You better not cry! You better not pout! I'm telling you why! Santa Claus is comin' to town! Sant-- Ah! pequena! Você está aí!

— É, estou sim — funguei, esfregando as costas das mãos nas bochechas, sorrindo fraco para a animação de Seo Chang-bin e a música natalina que antes cantava: "Santa Claus Is Coming to Town".

— Espera aí... — minha mínima felicidade com sua vibe se desfez ao nota-lo ficar sério, se inclinando para ver meu rosto. — Você está chorando, Safira? Justo na véspera de Natal? E... — olhou para o cômodo todo, o qual, notei, era um mine estúdio de música. — sozinha.

— Coisas — balancei os ombros, mostrando em meu rosto que não era tão grave assim. — Acho que estava precisando chorar mesmo, de qualquer modo.

— Hmmm — murmurou, entrando na sala, fechando a porta às costas. — Eu nunca te vi chorar, então a coisa é bem séria — se sentou ao meu lado.

Percebi que ele estava desde o começo com algo ocupando suas mãos: uma caixa de bombons.

— É da minha irmã — percebeu meu olhar, sorrindo. — Sabia que chocolate puro libera endorfina, o hormônio da felicidade? Pega um — incentivou, tirando a tampa, revelando vários formatos e desenhos variadas. — Um, não; quantos quiser!

— Não posso, Binnie — sorri comovida. — São seus presentes, não meus.

— Bem, se é meu presente eu escolho o que fazer com ele, não? E estou te dando alguns. Presente não se pode recusar — balançou a cabeça, os olhos fechados enquanto fazia aquela cara teimosa.

— Vou aceitar só porquê está insistindo irritantemente agora — peguei o com casca de chocolate resfriado e morangos cristalizados encima.

E era bom mesmo... Arregalei os olhos, fazendo sinais positivos com a cabeça e as mãos. Chang-bin riu, me acompanhando em comer.

— Não vou te fazer perguntas, caso não esteja afim de conversar — disse quando faltava 5 bombons para acabar. —, mas garanto que sou um bom ouvinte. Posso se ficar de boca fechada, costurada — simulou puxar um fecho nos lábio; ri com o gesto. — Apenas falar pode ser muito bom. Experimente! Vai ver como se sentirá mais leve, no clima de Natal.

— Acho que já sinto esse clima — sorri grata, voltando a escorar a cabeça na parede enquanto o olhava. — Vou falar, mas só porquê está me comovendo.

— E confia em mim, né?

— Isso também

E então abri a boca, ao contrário de Chang-bin, que deixou a sua, em toda o meu discurso da Independência, fechada, os olhos de dragão presos sobre os meus, lendo meus pensamentos e captando minhas reações físicas, a sinceridade. Estava mostrando tudo o que conseguia; espero que ele perceba isso.

— Entendi — e isso foi a sua única fala depois de tudo. — Prefere que eu não diga nada, né?

— Hm-hm.

— Beleza — sorriu torto sem os dentes, passando a mão rapidamente pelo topo de minha cabeça. — Mas não fica aqui sozinha não. Pretende passar o Natal assim?

— Não tenho outra opção — fingi não ligar.

— Ah, você tem sim, Safira — se levantou com um gemido, puxando minha mão sem aviso com uma força extraordinária. — Você vai ficar com a gente. Mas antes — me empurrou para fora da sala. — você vai tomar um banho, ficar bem cheirosa e bonita como você é naturalmente e vai se arrumar de forma bem confortável e quentinha.

Sorri rendida, o deixando me guiar para meu próprio dormitório.

Seo Chang-bin era um outro amigo que Christoffer me apresentou. Ele era de 1999, portanto o 3° trainee homem mais velho que conheci até agora. Chang-bin tinha o mesmo signo que eu, e, acreditem ou não, somos bem parecidos.

De cara gostei dele por ser alguém bastante positivo e engraçado, fora seu talento absurdo com rap e produção para alguém tão jovem, em minha percepção. Para mim ele era o mais talentoso de nós. 

   O que me atraiu em Chang-bin foi sua maturidade e compreensão, tanto que me sinto com meus pais quando conversamos. É do tipo que guarda bem um segredo e sabe ficar quieto quando precisa.

Sua característica é sua voz de trovão, forte e naturalmente ríspida e levemente rouca. Sua dualidade é forte pois, em contraste, é o mais fofo e delicado daqui.

Chang-bin quis me esperar na porta, então me apressei no banho e na escolha da roupa. Para mim não era uma dificuldade encontrar uma peça ideal — o oposto de minha mãe —, então decidi por uma calça de moletom branca e um suéter vermelho com pinheiros, bonecos de neve, estrelas e gorros bordados em linha preta. Nos pés um tênis casual branco sem cano.

Nevava lá fora, mas aqui dentro a temperatura era amena, mais para fria. Era a primeira vez que me lembrava de ter visto neva, já que a primeira, de verdade, ainda era bem pequenininha, quando morava aqui.

— Quem vai estar lá? — perguntei, esticando o pescoço enquanto o acompanhava pelos corredores enfeitados, pegando a escada.

Não era difícil andar no mesmo ritmo do Chang-bin. Minhas pernas são longas e ele não é tão alto assim, apenas uns 4 centímetros a mais do que eu.

— Christoffer, Ji-sung e Min-ho; lembra dele? — me olhou. — Lee Min-ho.

Afirmei com a cabeça. Lee Min-ho vinha da cidade de Gimpo, nascido em 1998.

O conheci brevemente no final do mês passado, e, pela a impressão que tive é que Min-ho é um cara bem peculiar. Seu humor é difícil de entender e até ácido; jeito e meio fechado e esquisito, mas também engraçado e aleatório.

Ele não é um trainee como nós, apenas está no reality show "World Dance", sendo ótimo em dançar, como me disseram. Christoffer o conheceu por uma coincidência, no meio da rua, num final de semana.

Foi difícil não notar a beleza diferenciada dele. Nunca tinha visto alguém daquele jeito. Cada traço do rosto era extremamente acentuado e simétrico, os olhos principalmente — que davam medo —, os lábios, a mandíbula, as bochechas e até as orelhas — não estou ficando louca; talvez.

O achei meio parecido com minha amiga Joana, tanto de aparência quanto de personalidade, mas ainda acho que ela é mais delicada.

— E o Hyun-jin?

— Quem? Ah! Hwang Hyun-jin! O bonitão! — riu da própria confusão enquanto chegavamos ao andar certo.

Hyun-jin foi o único aqui, fora a Momo, que conheci sozinha, sem ninguém me apresentar.

— Posso ver se ele vai passar o Natal sozinho?

— Ah, claro que pode! Sempre é bom mais um, e eu quero fazer amizade com ele também — aquela sua risadinha fez me rir alto. — Fora que ele tem boa aparência; muito lindo.

— Isso é verdade — cobri a boca para não rir alto demais.

Chegamos ao dormitório de Christoffer e Ji-sung assim que mandei uma mensagem para Hyun-jin, que, infelizmente — na verdade, felizmente — estava com a família; era possível para ele, nascido em Seul. 

   O dormitório não estava tão decorado como o resto do prédio, porém havia muita comida, muita mesmo.

Chris e Ji-sung estavam sentados na cama, esparramados, gargalhando de algo que não compreendia, afinal, além de falarem rápido era em coreano. Não vi nenhum sinal de Min-ho.

— Oi! — acenei com a mão, animadamente.

Os dois viraram a cabeça ao mesmo tempo, Ji-sung espantado e Christoffer rindo mais ainda, surpreso, enquanto se levantava.

— Safira! — foi até uma cadeira isolada, a puxando para próximo do cama.

— Ah! — coloquei a mão sobre o peito quando percebi o mais velho gesticular para que me sentasse. — Obrigada.

O mesmo continuou segurando a cadeira até que me acomodasse e então se afastou, ainda rindo.

— Não sabia que vinha.

— Nem eu — fitei Ji-sung. — Oi, Sr. Han.

— E aí, Choi — sorriu fraco, levando os dois dedos a testa.

— Eu achei ela sozinha por aí — contou Binnie e agradeci silenciosamente por não ter comentado meu choro. —, então achei melhor trazê-la.

— Fez bem — Christoffer cruzou os braços, tentando mostrar menos os dentes.

— Até convidei um amigo, mas ele já está passando o Natal com a família. Não se importariam com isso, caso ele viesse, não é?

— Está falando do trainee que chegou depois de você, certo? — confirmei. — Tudo bem! Da próxima trás ele.

— Foi o que eu disse — Chang-bin se sentou na cama.

— Quanta bajulação com um cara que vocês nem conhecem — caçou Ji-sung.

— Tudo bem, cara? — Chris ficou receoso com o tom nada zoeiro de Ji-sung 

— Tudo ótimo, Christoffer — sorriu de escárnio, o que não agradou muito o mais velho daqui, mas ele não argumentou.

Fiquei levemente confusa ao ver uma cara de tédio e até impaciente em Ji-sung.

— Onde está Min-ho? — suspirei, tentando quebrar o clima.

— Bem lembrado! — Chang-bin levantou o dedo, indo para o lado do recém chegado. — Lee já devia ter chegado.

— Estão tão ansiosos assim só para me ver? Que amor — o indivíduo do qual estavamos falando, como se fosse invocado, entrou pela porta aberta, sorrindo de orelha à orelha. — Parece que já tenho meus primeiros fãs.

— É um prazer te conhecer — me levantei com pressa, sorrindo animada.

Minha animação não era tão ridícula. Estava gostando cada vez mais da possibilidade de novas amizades masculinas, e eu sabia que a maioria era boa quando vinha do círculo de Christoffer Bang. Nunca tive amigos homens próximos e era agradável essa linha de raciocínio agora que tinha encontrado homens de verdade.

— A gente já não se conhecia? — riu confuso, aceitando minha oferta de aperto de mão informal, as palmas de nossas mãos estalando.

— Já sim, mas não nos apresentamos muito bem, Lee Min-ho. Lembrando: sou Safira Choi.

— Prazer em te re-conhecer — fez um trocadilho idiota.

— Você ainda não sabe quem são esses dois — o mais velho tomou frente, a minha direita. — Esse, ao seu lado, é Seo Chang-bin.

— Oie — abanou a mão, totalmente solto, enviando uma piscadela.

— Oi, Chang-bin — riu de volta, ficando mais confortável com a expressão acolhedora de nosso amigo

— E esse é Han Ji-sung — foi minha vez de indicar o rabugento na cama, observando Min-ho fixamente, os olhos levemente dilatados. O mesmo jeito que me olhou quando nos conhecemos: desconfiado.

— E aí? — o indicou com o queixo.

— Tudo bem?

Ji-sung balançou a cabeça, sem tirar o foco de Min-ho, curioso agora.

— Que horas são? — Binnie questionou.

— Dez e nove — respondeu Ji-sung, olhando o relógio de pulso.

— Então vamos comer e comemorar, né? — ri, batendo as mãos, me juntando a Ji-sung e Chang-bin no colchão. — Espero que tenham roubado muita coisa da cozinha.

— Não só roubamos como também compramos — contou Chris, apontando para 3 caixas fumegantes de pizza; minha boca salivou na hora, o sorriso alargando.

— Eu comprei doces — Min-ho ergue um sacola transparente. Podia ver caixinhas de Pepero, doce coberto de chocolate em formato de palito; Choco Pie, uma espécie de bolinho de marshmallow coberto com chocolate; Yakgwa, biscoitos fritos e feitos de mel, óleo de gergelim; Hoppang, um pãozinho com variados recheios e Doce de Arroz Sabor Morango.

A maioria nunca comi, só o Doce de Arroz — que existe vários tipos — e o Yakgwa, que facilmente podia ser encontrado nas ruas.

— Tragam logo isso para cá! — gesticulei com fervoro, segurando a risada feliz. — Vamos! Estou com fome!

—//—

— Min-ho... — cochichou Ji-sung para mim, a cabeça escorada na minha. —, ele é bem esquisito, não acha?

— Não tanto assim — dei de ombros, sorrindo displicente. — Se for olha por esse lado também sou esquisita.

— Ah, mas você é mesmo, Safira.

Abri a boca, em choque, batendo no ombro do garoto.

— Mas, para variar, ele é bonito também — voltou a olha-lo. — Muito bonito — balançou a cabeça lentamente, como se afirmasse para si mesmo.

— Hm-hum! — concordei com fervor, minha cabeça tombada de lado em meu amigo, meus olhos igualmente em Min-ho. — Lindo.

 — Eu quero ser amigo dele.

 — Eu também.

A falta de palavras recaiu sobre eu e Ji-sung, nossos olhos focalizando cada traço do mais velho, nossas expressões de aprovação e surpresa, como se dissessemos silenciosamente: "Puxa vida, que ser divino!".

— Aí! — um dedo estalou bem na nossa cara, um rosto entrando no nosso campo de visão. Chang-bin nos olhava com diversão, rindo gostosamente. — Vocês estão babando!

Endireitei a coluna, meu rosto queimando, então comecei a rir também, balançando a cabeça em negação. Ji-sung, por outro lado, obteve uma cara sarcástica e entediada, revirando os globos oculares enquanto tombava na cama, preguiço.

— Não enche, Binnie — Ji-sung resmungou, fixo no teto.

O fitei, rindo mais, sem querer batendo em seu estômago e dele arrancando um gemido de dor e susto. O garoto se sentou, os olhos arregalados em minha direção enquanto apertava a blusa na altura da barriga.

— Por que você me bateu?! — exclamou, a boca aberta.

— Eu não sei! — se o estômago dele estava doendo com o golpe físico o meu era por conta da crise de risos que aumentava mais, meus olhos ficando molhados e o corpo sem forças.

Tombei na cama, consequentemente sobre a confusão das pernas de Ji-sung.

— Sua folgada! — acusou ele, se contradizendo em não tirar minha cabeça da li.

Não liguei, me acomodando mais.

— Fica quieto aí! — mandei, empurrando seu peito para que deitasse de volta enquanto me aconchegava entre risos em suas pernas.

Aquilo tudo era tão bom... Não era apenas eu que gargalhava como uma louca; Chang-bin, Christoffer e Min-ho — sem entender nada — também riam, até mais alto, e, para minha alegria, Ji-sung se rendeu a energia contagiante.

—//—

— Eles são assim o tempo todo? — questionou Min-ho em voz baixa.

Nós dois pareciamos os únicos sãos aqui. Ambos decidimos apenas assistir do chão imcarpetado enquanto Christoffer, Chang-bin e Ji-sung dançavam e cantavam alto, correndo pelo quarto pequeno, se enrolando em enfeites de natal e cachecóis.

Se já eram assim naturalmente imagina bêbados?

— A maior parte do tempo — respondi, sorrindo.

— Eu gostei — concluiu com um sorriso fofo. — Christoffer me contou tudo sobre você.

 — Contou, é?

Fixei-lhe o olhar, forçando minha mente o máximo possível para prestar atenção nas suas falas em coreano.

— Não entendi bem porque quando você comentou sobre o outro amigo, Hyun-jin, Ji-sung ficou irritado.

— Ah! É mais por ciúmes de Ji-sung mesmo. Talvez ache que Hyun-jin recebe mais atenção do que devia, mesmo sem conhecê-lo.

— É meio fofo isso — mostrou o sorriso de coelho natural. — Qual deles você conheceu primeiro?

Sua risada foi junto com a minha, aquela risada de quem compartilhava a mesma coisa.

— Depois ele me mostrou Ji-sung, conheci Hyun-jin sozinha e depois Chang-bin.

— Sabe o que eu acho? — inclinou a cabeça para meu lado. — Que Ji-sung gosta de você, do jeito estranho dele, mas gosta. Por isso não foi com a cara do Hyun-jin sem nunca ter visto ele, que foi o único que você fez questão de conhecer sozinha e ainda se aproximou bastante. Talvez Hyun-jin goste de você também, talvez não... É um palpite aleatório e sem motivo, mas veio em minha cabeça.

O quê?

— Do que você está falando? — ri assoprada, piscando várias vezes. — Eu arranco as orelhas dos dois se estiverem minimamente, só um pouquinho, afim de mim.

— Você é do tipo que mais fala do que faz, né? — riu sem voz.

— Estou tentando mudar isso — suspirei. — Voltando ao assunto: espero que não tenham um crush em mim porque eu não tenho.

— Pode ser pensamentos da minha cabeça estranha — tocou na própria, sorrindo sem graça e, de qualquer modo, charmoso e bonito. — Mas é uma teoria válida. Tente observar mais.

— Bem, se for isso logo vai passar — dei de ombros casualmente. —, e acho que é coisa da sua cabeça mesmo — ri baixo. — Impossível os dois terem um crush em mim. Ji-sung é um estressadinho comigo e Hyun-jin é quase meu melhor amigo.

— Os melhores amores surgem das melhores amizades.

Qual é, Min-ho! — o estapeei, rindo. — Você não ajuda nada! Isso não é ideia não.

O mais velho riu, tentando se defender dos golpes.

— Vou calar a boca. Desculpe.

—//—

25 de dezembro de 2015 _ quinta-feira

Seguimos a noite a fora nesse ritmo, até que, aos poucos nosso ânimo foi caindo com o passar das horas e com o cansaço recaindo sobre nossos corpos jovens e sempre cheios de vigor.

Ji-sung foi o primeiro a apagar, apenas deitado na própria cama, o ritmo da fala e das risadas aos poucos sumindo. Nem percebemos em que momento ele dormiu, apenas vimos depois sua bochecha gorda esmagada contra o travesseiro, as pernas encolhidas.

O próximo Chang-bin, se envolvendo num abraço confuso com Ji-sung, sem se importar com o espaço não muito convidativo do colchão de solteiro.

E assim, por fim, Min-ho se sentou no puff, a cabeça lentamente tombando torta e agoniante até passar a roncar baixinho, como um urso hibernando.

Christoffer, nesse momento de pé, conversava por chamada com sua mãe. Sorria bastante, balançando a cabeça o tempo todo.

Não fiz questão de prestar atenção na conversa. Levantei da cama vazia de Christoffer, indo até a segunda cama, puxando as duas cobertas para cobrir Ji-sung e Chang-bin. Deixei meus dedos ajustarem os cabelos de ambos, sorrindo sozinha enquanto o fazia, decidindo também tocar suas bochechas macias e coradas.

Senti meu coração palpitar de um sentimento novo, um calorzinho que trazia um sorriso orgulhoso em meu rosto. Com aquela sensação aquecedora no peito me curvei para beijar a cabeça de cada um.

Dando uma volta, sorri para Min-ho no puff. Fui até ele, também tocando seus fios macios e beijando sua têmpora. Continuei alí, distraída em seu rosto sereno, perante o frio do inverno de Natal a brasa do coração tornando tudo doce e confortável.

— Oi — sorriu Christoffer, a voz baixa enquanto chegava ao meu lado, os olhos contilando para Min-ho, virando o rosto para Ji-sung e Chang-bin mais afastados em baixo das cobertas.

— Oi — quase sussurrei, uma vontade estranha de chorar outra vez, mas por alívio, por não sentir mais aquela agonia de estar sozinha e perdida.

— Devemos acordar eles? — achei adorável quando Chris tirou a franja de Min-ho da frente das pálpebras fechadas, rindo pelo nariz. — São tão fofos.

— Eles são como bebês — soltei uma risadinha, tirando farelos de biscoito no canto da boca do adormecido. — Não precisamos acorda-los, só se você se incomoda com tanta gente no seu quarto.

— Não me incomoda — olhou a própria cama vazia. — Eles estavam tão falantes e agitados... por isso apagaram. Melhor deixá-los assim.

— Bom... já está tarde — olhei o relógio no pulso de Ji-sung, o braço solto para fora da cama. — Uma e duas da madrugada.

— Vou te acompanhar até seu dormitório — apenas ofereceu um sorriso cavalheiro, gesticulando para que eu fosse na frente.

Mesmo de madrugada todas as luzes da JYP Entertainment ficavam acessas. Os corredores estavam cheios de almas penadas de tão deserto que estava. Agradeci por isso, até porquê não pegaria bem trainees andando a essa hora, muito menos uma garota e um garoto.

— Feliz Natal — desejou, tirando algo do bolso.

— Que isso? — ergui as sobrancelhas, esticando a cabeça na direção de sua mão.

— Meu presente para você.

Chris! Não precisava! — por impulso estiquei minha mão, porém, o idiota desviou com uma cara de susto e diversão.

— Espera — ergueu o dedo à minha pose de falsa impaciência.

— Esperar o que?!

— Queria dizer e fazer uma coisa antes.

— Humf. Está bem — cruzei os braços, sorrindo de canto. — Fale.

— Escute: hoje, em um momento, parei para observar todos vocês em silêncio, todos se divertindo verdadeiramente — riu sozinho, o olhar baixo. — Eu percebi que sinto um carinho estranho por vocês, especial, recíproco. Você deve achar que é só por eles mas compartilho do mesmo sentimento por você também.

Nem percebi o quanto meu sorriso estava enorme de doer agora, os olhos marejados, a sentimento quentinho de volta.

— Saiba que eu nunca vou deixar você para trás, mesmo com um futuro incerto. Me sinto bobo, mas ainda tenho uma pequenininha esperança de que posso debutar, e mesmo quando isso acontecer não quero me afastar de você. Eu sei que, se eu fizer parte de um projeto para um grupo, os meninos podem fazer parte dele.

— É, eu sei — crispei os lábios, me sentindo meio incomodada.

— Mas isso não importa — uma mão tocou meu braço com delicadeza. — Safira, você tem tanta importância para mim quanto eles. Sei que, consequentemente, nossos caminhos vão se separar, mas sempre vou dar um jeito de pegar um atalho de volta, ou... te puxar para perto — rimos com o desfecho, eu enxugando algumas poucas lágrimas. — Você se tornou parte da minha vida agora, uma parte boa, uma amizade que vale a pena qualquer sacrifício.

Christoffer... Não me faça chorar outra vez hoje! — choraminguei, rindo e chorando ao mesmo tempo.

— Já falei o que disse que queria falar, agora tem a coisa que quero fazer — bateu as mãos de leve, rindo.

Segurei um choro de emoção ao ser abraçada por um Chris risonho.

— Não chora, se não choro também! — acaricio minhas costas.

— Como se fosse fácil... — revirei os olhos, nós dois juntamente nos apartando do abraço. — Você, por acaso, se ouviu? Tem noção das coisas bonitas que disse?

— Bem, só falei o que me veio a cabeça — encolheu os ombros, os olhos no teto, mas reparei seu sorriso orgulhoso. — Mas, resumindo, conta comigo sempre, até depois que ficar mais famosa do que eu.

— Tsc! Até parece — rolei os olhos, negando com acenos de cabeça. — Você ficará mais famoso do que eu, Sr. Austrália.

— "Sr. Austrália" — sacudiu a cabeça, pensativo. — Você precisa mesmo conhecer minha irmã... e a Austrália.

—//—

10 de junho de 2016 _ sexta-feira

Quase 1 ano depois desde que cheguei aqui evoluí só 5% do meu coreano por rotina lotada. Pior era quando tinha os trabalhos escolares individuais, tinha que passar horas sem dormir para dar tempo de tudo.

Por falar em escola estava agradecendo horrores hoje por ser sexta-feira. O professor acabara de nos liberar agora, as 12:30. Animada, saí correndo da escola direito para a empresa. Depois do almoço, o treino e então a liberação a noite, e, como todos os dias, fui para a sala de dança minutos depois.

Hoje resolvi começar com a música "Sugar" do Maroon 5. Não era R&B ou hip-hop e sim um pop misturado com rock; aquele tipo de música que trás uma sensação boa, como viagens e passeios por Nova York, gastando com o que bem quer com amigos — muito específico, eu sei.

Não estava acostumado a dancar esse tipo de ritmo, mas queria descontrair, ver como me saia com diferentes estilos. Pelo menos estava me divertindo pra caramba, me deixando cantar a letra ofegante, quase pulando, mas é claro, mantendo o passo de uma coreografia ideal de minha mente.

Meu plano era não parar por nada nesse mundo com minha energia lá em cima, mas algo me fez interromper a dança mesmo assim.

Me considerava parcialmente lerda só que ainda tinha um 6° sentido: o de saber quando estava sendo observada. Virei o rosto para a porta, flagrante um cabeça de um rapaz. Seus olhos de cachorro curioso mal demonstrando susto com minha atenção, ele apenas saiu de trás da porta, aceitando que tinha sido pego.

Ele era bom em disfarçar, porquê acabei notando suas bochechas vermelhas de constrangimento, seus lábios formando um bico já que o mesmo mordia as bochechas internamente, os globos no espelho. Antes percebi que seus olhos eram de um cachorro, mas não era só eles; o rosto todo de perfil passava essa sensação.

Não consegui não rir da cena, achando extremamente fofinha.

— Estava me assistindo escondido? — quase exclamei, animada. — Não esquenta! Eu não ligo, e não seria a primeira vez que estaria sendo observada por admiradores secretos — sorri, exibidamente, apenas brincando.

— É que eu ouvi essa música e, como sou um grande fã do Maroon 5, fiquei curioso.

Nossa! Ele nem gaguejou ou esqueceu como falar, mesmo estando numa situação constrangedora.

— Então é fã do Maroon 5? — desliguei a música, aproveitando que já estava agachada para pegar a garrafa d'água. — Eu também, inclusive, quando fiz minha inscrição pra JYP usei a música "Animals" para cantar.

Suas sobrancelhas elevadas, rindo um pouco.

— Escolheu essa por quê?

— Por que adoro a letra — dei de ombros, ficando de pé com uma expressão sugestiva e sem seriedade. — Mas, falando sem brincar: você é novato aqui, né? É primeira vez que te vejo, de verdade.

— Na verdade não — sorriu mais. — Vim fazer uma audiência pessoal, sabe? Não tenho muita certeza se vão me aceitar.

— Se decidiu fazer é porquê tem algum motivo, que com certeza é bom — quis passar confiança na fala. — Olhe, é improvável que eles aceitem você de cara, então recomendo fazer várias adições. Foi assim comigo e ainda parece impossível.

Reparei que seu sorriso parecido com o de criança, a áurea gentil, introvertida e fofa.

— Quantos anos você tem?

— Quize, mas faço dezesseis esse ano.

Mais um de 2000. Se reparar bem, esse rapaz tem a voz bem estável para sua idade, uma voz não adolescente.

— Temos a mesma idade — enruguei a testa, sorrindo pela outra coincidência. — Meu nome é Safira Choi. O seu é qual?

— Kim Seung-min.

— Bem... quer se juntar a mim na dança?

— Ah... não, obrigado — pela primeira vez Seung-min pareceu nervoso. — Não sou bom igual você.

— Não precisa ser bom para se divertir — fui até ele, esquecendo que não estava no Brasil e pegando sua mão, o trazendo para o meio do salão. —, e você pode aprender. Eu também não era boa, só em cantar.

Cantar? — Seung-min travou, me encarando com outros olhos, não se importando mais com minha mão na sua. — Sério? Eu também.

— Então seu talento é cantar? — cobri a boca, sorrindo empolgada. — Temos algo em comum então.

Nos últimos meses mais 2 amigos de Chris também se tornaram os meus: Chang-bin e Min-ho. Talvez Seung-min não pense tão radicalmente pela sua falta de fé em, um dia, se tornar um de nós, mas sei, assim que meus olhos encontram o da pessoa — de for aquela pessoa — tenho o pressentimento de estadia; uma longa estadia em minha vida.

Mesmo não fazendo a mínima ideia do que meu futuro reserva, mesmo sabendo que cada decisão minha pode desencadear linhas da realidades totalmente alternativas, há algo grande no futuro.  E a lista dos meus novos amigos cresceu: O Voz de Trovão e o Olhos de Cachorro.


Notas Finais


Por essa semana é isso!!!
Particularmente gostei mais escrever esse do que o anterior, justamente pela vibe de amizade e companheirismo.
Mal posso esperar pelos próximos!!!

P.S.: queria me desculpar pelo espaçamento entre os parágrafos que normalmente não tem em minhas escritas. Isso foi um bug no aplicativo que não consigo resolver, já que, quando vou editar, o espaçamento é o mesmo de demore, então peço perdão e gostaria de esclarecer.


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