Francis Ford Coppola é alvo de acusações delicadas nos bastidores de ‘Megalopolis’, longa que demorou 40 anos pra ser feito

Darren Demetre, coprodutor executivo da próxima obra-prima de Coppola, saiu em defesa do cineasta após declarações

Francis Ford Coppola foi acusado de comportamento abusivo no set de filmagens de seu próximo filme, “Megalopolis”. Segundo uma matéria do The Guardian, desta terça (14), fontes relataram que o diretor tentou beijar algumas das figurantes sob a alegação de que precisavam “entrar no clima da cena”. Darren Demetre, coprodutor executivo do longa, porém, defendeu o cineasta. Os bastidores caóticos da produção também vieram à tona.

Segundo os contatos, Coppola teria assediado as mulheres nas gravações de cenas ambientadas em uma boate. Eles ainda afirmaram que o diretor agia de forma retrógrada com as mulheres que estavam no set. “Ele teria puxado as mulheres para sentarem em seu colo, por exemplo. E durante uma cena de bacanal em uma boate filmada para o filme, Coppola entrou no set e tentou beijar algumas das figurantes femininas de topless e seminuas”, relataram testemunhas.

Francis, por sua vez, aparentemente alegou que estava “tentando deixá-las no clima”. Demetre logo se manifestou diante das acusações e negou que o cineasta tenha agido de forma abusiva. “Conheço e trabalho com Francis e sua família há mais de 35 anos. Como um dos primeiros assistentes de direção e produtor executivo de seu novo épico, ‘Megalopolis’, ajudei a supervisionar e aconselhar a produção e dirigi a segunda unidade. Francis produziu e dirigiu com sucesso um enorme filme independente, tomando todas as decisões difíceis para garantir que fosse entregue dentro do prazo e do orçamento, mantendo-se fiel à sua visão criativa”, declarou.

“Houve dois dias em que filmamos uma cena comemorativa de boate no estilo Studio 54, quando Francis andou pelo set para estabelecer o espírito da cena, dando abraços e beijos gentis na bochecha do elenco e dos figurantes. Foi a sua maneira de ajudar a inspirar e estabelecer a atmosfera da boate, que foi tão importante para o filme. Nunca tive conhecimento de quaisquer reclamações de assédio ou mau comportamento durante o projeto”, completou o coprodutor.

Coppola ao lado das atrizes Chloe Fineman e Nathalie Emmanuel no set de “Megalopolis” (Foto: Getty)

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Bastidores conturbados

Francis Ford Coppola investiu US$ 120 milhões (mais de R$ 600 milhões) de seu próprio dinheiro para financiar “Megalopolis”, que se passa em uma metrópole semelhante à cidade de Nova York, após uma destruição catastrófica. No entanto, nem toda a estrutura proporcionada pelo cineasta foi capaz de manter alguns dos trabalhadores ao longo de todo o projeto.

Membros da equipe contaram ao The Guardian que os profissionais estavam insatisfeitos com suas experiências no set do filme, que sofreu uma rotatividade significativa nos times de efeitos visuais e arte. “Parece loucura dizer, mas houve momentos em que estávamos todos parados pensando: ‘Esse cara já fez um filme antes?’. Todos estávamos cientes de que estávamos participando do que poderia ser um final muito triste para a carreira dele”, confessou a fonte.

“Era como assistir a um acidente de trem dia após dia, semana após semana, e saber que todos ali haviam feito o possível para ajudar a evitar o acidente”, comparou outro profissional. Outro contato destacou a demora do processo e as dificuldades que toda a equipe enfrentou no trabalho com Coppola.

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Segundo ele, Coppola “muitas vezes aparecia de manhã antes dessas grandes sequências e porque nenhum plano havia sido colocado em prática, pois ele não permitia que seus colaboradores implementassem um plano. Ele muitas vezes apenas ficava sentado, ficava horas a fio em seu trailer, não conversava com ninguém, fumava maconha muitas vezes. E passavam horas e horas sem que nada fosse filmado. E a equipe e o elenco ficariam parados e esperando. Então ele saía e preparava algo que não fazia sentido”, descreveu.

Mike Figgis, um dos amigos de longa data do veterano de Hollywood, ainda recordou alguns desentendimentos de Francis com o ator Shia LaBeouf. No entanto, garantiu que nenhum deles atrapalhou as gravações. “Ele e Shia tiveram um relacionamento combativo maravilhoso, que foi muito produtivo”, ressaltou Figgis. “Shia tinha muitas perguntas e, às vezes, Francis ficava estressado com uma série de outras coisas e respondia de uma certa maneira. Também havia muito humor envolvido, então foi muito divertido… Mas às vezes [Francis] dizia: ‘Urgh, não consigo lidar com isso'”, completou.

Adam Driver no set de filmagens de “Megalopolis”, em Atlanta (Foto: Getty)

Segundo o jornal, o comandante de “Apocalypse Now” tenta fazer “Megalopolis” há mais de 40 anos. Ao longo deste período, o projeto passou por inúmeras revisões, atrasos e falsos começos. Contudo, a produção foi concretizada somente agora quando Coppola vendeu parte de sua vinícola bem-sucedida para financiar o filme.

A estreia de “Megalopolis” acontecerá no Festival de Cinema de Cannes, nesta sexta-feira (17). Além de LaBeouf, o elenco também é formado por Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Aubrey Plaza, Dustin Hoffman, Jon Voight, Laurence Fishburne, Talia Shire e Jason Schwartzman.

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