No município de Lajeado, o Bairro de Carneiros enfrentou uma das piores enchentes de sua história, deixando moradores devastados. Situado às margens do Rio Taquari, o local já havia enfrentado episódios de elevação das águas anteriormente, porém, segundo relatos dos moradores, nada se compara ao que ocorreu na última semana.
Uma das vítimas da tragédia foi Maria Guerta Ruschel (90), que residia ao lado da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, capela que ajudou a construir em 1959. Dona Guerta, como é conhecida na comunidade, mudou-se para a região em 1957 e vivia sozinha na residência desde 2018, quando seu filho, Paulo Renato Ruschel, se mudou. Guerta também é viúva há 24 anos.
Durante anos, dedicou-se a cuidar da capela, tendo como companheiros seus dois gatos e um cachorro, que desapareceram durante as cheias. Na esteira da inundação, restou apenas a marcação dos cômodos da casa. Todas as residências próximas à de Dona Guerta foram arrastadas pelas águas.
No dia 30, terça-feira, ao perceber que a água estava prestes a invadir tudo, Guerta ligou para seu filho pedindo socorro. “Eu liguei para o meu filho, que estava trabalhando, e ele veio me buscar. Meia hora depois, já não se tinha mais acesso. Eu peguei algumas coisas e saí, mas não imaginava que seria algo assim. Inacreditável”, relata a idosa.
Apesar dos esforços, Guerta conseguiu salvar apenas poucos pertences. Tudo foi levado e apenas a marcação dos cômodos da casa ficou. “Três camas boas, freezer, geladeiras, minhas lembranças, fotos com meus irmãos, foi tudo. Não sobrou mais nada. Agora só na minha lembrança”, lamenta.
Atualmente, a idosa está residindo na casa de seu filho, no Bairro Floresta. Contudo, devido a problemas de mobilidade decorrentes da idade avançada, enfrenta dificuldades para acessar os quartos e outros cômodos, pois a residência possui escadas.
Diante dessa situação, a família de Guerta está realizando uma vaquinha online para arrecadar recursos e auxiliar a idosa a reconstruir sua vida. As doações podem ser feitas por meio do Pix da idosa: 720.810.900-15. “Não é fácil, mas a gente tem que ter força recebendo o carinho dos outros, isso me levanta um pouco”, desabafa Guerta.
Texto: Vinicius Mallmann
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