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Resenha – As Seis Lições

Resenha Crítica – Por Emilio Henrique Stein Junior, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã

Ludwig Von Mises é uma das referências no que tange economia e filosofia liberal. Economista austríaco, foi um dos grandes apoiadores da liberdade do século XX, destacando-se por suas contribuições para a teoria econômica, especialmente em relação à Escola Austríaca de Economia. Teve como ideais a busca pelos valores de liberdades individuais e livre mercado.

Além de escritor, Mises foi professor na Universidade de Viena, membro da Escola Austríaca de pensamento econômico. Durante sua vida, enfrentou perseguições acadêmicas e políticas, incluindo o exílio na Áustria perante ao crescimento do nazismo, fato este que o fez mudar para os Estados Unidos da América na década de 1940.

A obra “As Seis Lições” é baseada em um seminário realizado por Mises no ano de 1958 em Buenos Aires, na Argentina. O evento foi dividido em seis palestras e, posteriormente, estruturado em seis capítulos, nos quais de forma clara, objetiva e intuitiva, o autor consegue transmitir seus pensamentos sobre capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, política, ideias e investimento estrangeiro.

No primeiro capítulo, ou primeira lição, Mises aborda o tema Capitalismo, descrevendo como os indivíduos, de maneira geral, elevaram seus padrões de vida por meio desse sistema econômico. Quanto maior o padrão de vida dos cidadãos, mais próspero é o país. O autor pontua que a aversão ao capitalismo não nasceu no meio dos trabalhadores ou entre o povo, mas sim no meio da nobreza da Inglaterra e Europa Continental, pois julgavam ser de responsabilidade do capitalismo os altos salários pagos pelas indústrias aos seus colaboradores, forçando a aristocracia agrária a pagar salários igualmente altos aos seus trabalhadores agrícolas. Outro ponto de bastante relevância nesse capítulo é a abordagem do capitalismo como direito que cada homem tem de servir melhor ou mais barato seu cliente, ou seja, o indivíduo é livre para escolher como irá atender os desejos e as necessidades de seus clientes. Via de regra, os países que adotam o capitalismo como sistema econômico puderam observar uma elevação nos padrões de vida do povo.

Na segunda lição, Mises aborda o regime econômico contrário ao capitalismo, o socialismo. Ele declara que a liberdade econômica nada mais é do que o poder das pessoas escolherem seu próprio modo de viver e fazer o que bem entenderem, algo que no regime socialista é furtado dos cidadãos. Liberdade de expressão, de imprensa, de culto, de pensamento, são alguns exemplos que o autor traz ao explicar que nesse regime quem define tudo é o governo. O autor conclui o capítulo fazendo algumas comparações históricas que demonstram a brutal diferença entre os regimes do capitalismo e socialismo, enquanto em países capitalistas é possível observar o crescimento da qualidade de vida dos indivíduos, pois os consumidores estão sempre exigindo cada vez mais e melhor, o que força os empresários elevar os padrões de seus produtos e serviços. Já em países socialistas, a realidade é diferente, o indivíduo não tem o direito de exigir, deve-se apenas se contentar com o que o Estado disponibiliza, pois o governo é totalitário.

A terceira lição é sobre o Intervencionismo, que nada mais é do que, nas palavras do autor, “o desejo do governo de intervir nos fenômenos de mercado”. Nesse capítulo, Mises mostra como é danoso para o mercado quando há uma intervenção do governo nos preços de produtos e serviços, por melhor que seja a sua intenção. Por meio de um contexto histórico, demonstra que em diversas vezes em que o Esado interveio, adotando tabelamento de preços, por exemplo, a consequência observada foi a falta de produtos no mercado. Ao tabelar preços de produtos, o Estado se caracteriza como socialista, uma vez que, como vimos no capítulo anterior, no regime socialista é ele que impõe os preços, as taxas de juros, os padrões salariais. Ao final da terceira lição, Mises demonstra que não há uma “terceira via” entre o Capitalismo e o Socialismo, ou o indivíduo é totalmente livre ou está debaixo de uma servidão.

Na sequência, a quarta lição descreve sobre a Inflação e como um dos pontos centrais o poder do Estado sobre a moeda do país. O princípio básico da arrecadação de dinheiro do governo é por meio de impostos, porém Mises demostra que, em alguns casos, o Estado escolhe utilizar de seu poder sobre a moeda e opta por imprimir papel-moeda para empregá-lo em algo aparentemente benéfico à população. O que se observa, a prática, um aumento da inflação, ou seja, diminuição do poder aquisitivo dos indivíduos, acarretando um aumento gradual dos preços de produtos e serviços.

Dentro da quinta llição, Mises aborda o tema do Investimento Estrangeiro, demonstrando, através de exemplos históricos, que países que optam por esse tipo de recurso progridem, por outro lado, países que não optam por esse tipo de investimento têm dificuldade para se desenvolver. O autor é enfático quanto à relação de investimento e desenvolvimento, países em desenvolvimento precisam de investimento, seja ele interno ou estrangeiro.

A última lição trata da Política e Ideias, na qual Mises alerta para os problemas que podem ser causados por más ideias políticas, como Política de Grupos de Pressão, em que um determinado grupo tenta de obter de privilégios às custas dos demais indivíduos da nação. Tendo como base elementos históricos, ele ainda chama a atenção para o fato da Inflação e do intervencionismo terem causado danos em algumas nações, o que acarretou o desenvolvimento daquele país.

Por fim, Mises traz aos leitores uma reflexão otimista em relação ao número de defensores dos ideais de liberdade, política e economia. O autor acredita que as gerações que virão após ele conseguiriam substituir as más ideias por ideias melhores adotadas atualmente, pois, como ele mesmo disse, ““Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão”.

A obra de Mises, de uma maneira muito precisa, demonstra as contribuições fundamentais do autor para a compreensão dos aspectos político-econômicos. Através de visão apurada do capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, investimento estrangeiro e política e ideias, oferece uma crítica consistente sobre o assunto, além de uma visão atemporal acerca desses aspectos. Com uma linguagem simples, objetiva, didática e clara, sua forma de pensar se mostrou não somente a importante introdução aos conceitos de liberdade, mas, também, a relevância desses conceitos no nosso dia a dia.

Autor

Emílio Stein

Emilio Henrique Stein Junior

Associado Trainee

Compet Engenharia

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