Dua Lipa: novo álbum é como dor nas costas, com o tempo você acostuma
Chico Barney

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Álbum novo da Dua Lipa é igual dor nas costas: depois de um tempo acostuma

A sociedade civil aguardava com certa ansiedade o terceiro álbum da cantora Dua Lipa. Após o sucesso arrebatador dos últimos anos, existia uma tremenda curiosidade para entender qual seria o próximo passo da diva pop.

Os singles que saíram antes do lançamento oficial, 'Houdini' e 'Training Season' tiveram uma recepção calorosa. Tocaram bastante em festinhas, vernissages, lojas de 'moda fashion' e playlists de academias por todo o Brasil.

Mas quando chegou o pacote completo de 'Radical Optmism', título do novo disco, a generosidade do público e da crítica especializada foi para as cucuias. Mais do mesmo! Pouco inspirado! Quiçá genérico?

É cruel o modus operandi do pensamento filosófico a respeito de obras para o consumo das massas. Tudo precisa ser para ontem! Filmes, livros, jogos, músicas? Tudo é avaliado com uma urgência que nem sempre faz jus ao tempo de maturação da grande arte.

Além da lógica do mercado, que demanda analisar e distribuir as impressões ainda no calor do momento, há também a problemática da nossa capacidade cada vez menor de insistir em qualquer coisa que demande nossa atenção por mais tempo que um vídeo no TikTok.

Há quem diga que a música popular é descartável. E o que não é hoje em dia? Pensando nisso, decidi passar a semana inteira ouvindo o novo álbum da Eduarda Felipa. E a conclusão foi avassaladora: todo mundo estava certo desde o primeiro dia.

'Radical Optimism' é mesmo um álbum menos suingado e intenso que o anterior, 'Future Nostalgia'. Mas tem seus pontos positivos: a voz de sereia continua afundando barcos por aí e a produção do fera do Tame Impala garante algumas texturas pitorescas.

Além disso, quase todas as faixas parecem sobras de estúdio da inesquecível banda britânica All Saints, que perturbou as paradas musicais no final dos loucos anos 1990. E isso é um baita elogio, especialmente em futuros clássicos como 'Happy for you' e 'These walls' (essa também com um intrigante retrogosto de Vengaboys, diga-se de passagem).

Desta feita, apesar de concordar com as críticas, infelizmente tenho idade suficiente para dizer que o novo trabalho é como sentir dor nas costas: com o tempo você se acostuma. Por mim, tudo bem.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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