De “Motel Destino” a “Ainda Estou Aqui”, Caio Pimenta lista os potenciais candidatos do Brasil à vaga no Oscar 2025.

AS CONTINUAÇÕES

Três produções despontam como favoritas para brigar pela vaga brasileiro. Antes disso, porém, tem muita gente que buscará ser uma zebra, entre elas, duas continuações.

Sequência do sucesso cult de 2007, “Estômago 2: O Poderoso Chef” quer aproveitar a onda de filmes e séries sobre culinária com um toque cômico.

João Miguel retorna como o protagonista assim como o Marcos Jorge na direção.

Com estreia prevista para 15 de agosto, a produção ainda irá contar com o Paulo Miklos e Nicola Siri no elenco.

Mais aguardado filme brasileiro de 2024, “O Auto da Compadecida 2” chegará com Selton Mello e Matheus Nachtergaele novamente como Chicó e João Grilo.

Aqui, eles estarão ao lado de Taís Araújo, Eduardo Sterblitch e Enrique Diaz. Promete lotar os cinemas do país inteiro a partir de 25 de dezembro.

Pesa contra para os dois serem obras mais voltadas para o mercado interno do que o internacional, fora quevender uma continuação para brigar pelo Oscar, por melhor que ela seja, parece uma tarefa inglória na categoria de Filme Internacional.

LITERATURA NA TELA

Três adaptações de gênios da literatura brasileira também surgem como zebras.

Baseado na obra-prima de Clarice Lispector, “A Paixão Segundo G.H” estreou recentemente nos cinemas brasileiros dividindo bastante a crítica e o público.

Há aqueles que amam e odeiam na mesma proporção o drama dirigido por Luiz Fernando Carvalho e protagonizado por Maria Fernanda Cândido.

Para o Oscar, sofre pela falta de circulação nos principais festivais internacionais.

Comandado por Guel Arraes, “Grande Sertão” adapta o clássico de Guimarães Rosa para a periferia urbana dos dias modernos.

Caio Blat, Luisa Arraes e Rodrigo Lombardi estão no elenco. Também ficou longe de fazer uma grande jornada em festivais fora do Brasil – o máximo foi um prêmio de Melhor Direção em um evento na Estônia.

E ainda tem o amazonense Milton Hatoum: “Relato de um Certo Oriente”, vencedor do Prêmio Jabuti, será levado às telas pelo Marcelo Gomes, diretor de “Cinema, Aspirinas e Urubus”.

A obra mostra a saga de imigrantes libaneses na floresta amazônica brasileira.

A produção é o filme de abertura do Olhar de Cinema, em Curitiba, e estreia mundialmente em Roterdã. Tem potencial de crescimento caso os favoritos à vaga não vinguem.

FORÇA FEMININA

Já o Andrucha Waddington deve lançar “Dona Vitória” até o fim do ano. Protagonizado pela Fernanda Montenegro, o filme traz a história real de uma senhora que aos 80 anos de idade consegue desmantelar um esquema de tráfico de drogas em Copacabana.

A Linn da Quebrada está no elenco da obra roteirizada pela Paula Fiuza e o saudoso Breno Silveira, o qual, aliás, estava iniciando as filmagens quando morreu vítima de um infarto.

Tudo muito lindo, porém, o filme nem chegou aos cinemas e já está envolvido em polêmica. O motivo é a escalação da Fernanda Montenegro como protagonista, afinal, a Dona Vitória da vida real era negra.

Como será a recepção ao filme diante do caso ainda é incerta.

“Cidade; Campo” aborda a vida de duas mulheres sendo afetada pelas mudanças climáticas, assunto mais do que urgente atualmente.

A produção pode surpreender os favoritos, pois, chega prestigiado com a vitória da diretora Juliana Rojas em Melhor Direção na seção Encontros. 

A Anna Muylaert foi injustiçada pela Academia ao não ter “Que Horas Ela Volta?” nem na shortlist. A possibilidade de reverter isso será com “O Clube das Mulheres de Negócios”.

A comédia inverte os gêneros, colocando as mulheres em posições de poder e os homens submissos. Maria Bopp, Irene Ravache, Rafa Vitti, Luís Miranda e Louise Cardoso estão no elenco.

Vai depender de como será a estreia internacional nos principais festivais do segundo semestre, isso, claro, se tiver estas pretensões.

OS FAVORITOS

Vamos aos favoritos para a disputa da vaga brasileira: “Motel Destino” chega com a credencial de ser o candidato do país à Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Isso já deixa o drama do Karim Ainouz em ótimas condições, especialmente se sair premiado.

Também não podemos esquecer que estar no maior festival de cinema do mundo facilita e muito distribuição nos mais diversos mercados do planeta. A estreia na França será no dia 22 de maio em sessão de gala.

Se tudo der certo, pega a dianteira nesta corrida.

Porém, como resistir a “Ainda Estou Aqui”? O drama baseado no best-seller autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva reúne o diretor Walter Salles e a gigantesca Fernanda Montenegro.

Os dois voltam a trabalhar juntos após o sucesso de “Central do Brasil”. Havia uma expectativa que o filme fosse lançado em Cannes, mas, ficou para o segundo semestre. 

A grande dúvida é onde estreia: o Festival de Veneza, apesar da vitória de “Babenco”, não é tão generoso com o cinema brasileiro na categoria principal.

Toronto pode ser uma ótima pedida com o foco sendo no mercado norte-americano diretamente. De qualquer maneira, o dinheiro, um calcanhar de Aquiles histórico para as nossas obras na busca pelo Oscar, não é problema aqui visto que o próprio Walter Salles pode bancar certos processos de uma campanha.

“Ainda Estou Aqui” tem potencial para ir bem longe.