O adeus de Taremi foi o olá a uma nova era. Pode ser melhor ou pior, de certeza que será diferente (a crónica do FC Porto-Boavista) – Observador
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O adeus de Taremi foi o olá a uma nova era. Pode ser melhor ou pior, de certeza que será diferente (a crónica do FC Porto-Boavista)

Todos queriam dedicar a vitória a Eustáquio, todos sofreram até ao fim pelo triunfo num dérbi desequilibrado de vez por uma expulsão. No entanto, houve muito mais do que um mero jogo no Dragão (2-1).

Jogadores do FC Porto não esqueceram o momento que Eustáquio atravessa entre a emoção do adeus ao Dragão de Mehdi Taremi
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Jogadores do FC Porto não esqueceram o momento que Eustáquio atravessa entre a emoção do adeus ao Dragão de Mehdi Taremi

Getty Images

Jogadores do FC Porto não esqueceram o momento que Eustáquio atravessa entre a emoção do adeus ao Dragão de Mehdi Taremi

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A cada dia que passa, o FC Porto só procura uma coisa. A cada dia que passa, o FC Porto encontra mais um motivo para não ter essa coisa. O quê? Estabilidade. Apenas e só isso, estabilidade. A realidade dos azuis e brancos entrou num autêntico paradoxo em que cada notícia ganha de forma automática uma contradição, de forma direta ou indireta. André Villas-Boas “esmagou” nas eleições, tomou posse como novo presidente do clube mas Pinto da Costa não renuncia à SAD e garantiu até que estará no banco de suplentes na final da Taça de Portugal. Sérgio Conceição renovou por mais quatro anos mas parece cada vez mais fora do comando técnico para a próxima temporada, de novo com a Serie A a perfilar-se como potencial novo destino. Agora, em dia de jogo, foi o desencadear da Operação Bilhete Dourado que agitou o universo dos dragões.

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Em resumo, as autoridades fizeram uma série de buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a Porto Comercial e a Loja do Associado, na manhã deste domingo. Tendo em conta os dados iniciais, os motivos só poderiam ser dois, os únicos que ligavam os dois espaços: merchandising ou bilhetes. Tudo se concentrava na segunda. Como? Existem suspeitas de alegada prática de crimes de distribuição e venda de títulos de ingressos para os encontros do FC Porto, alegada falsificação desses mesmos bilhetes e alegados crimes de abuso de confiança qualificado. Ou seja, o alegado enriquecimento ilícito do clã Madureira trazia danos para os azuis e brancos, que garantiam dessa forma o apoio da claque Super Dragões ao clube.

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Em resposta, e enquanto as buscas decorriam, foi o próprio Grupo Organizado de Adeptos que avançou com a ausência na partida com o Boavista, com uma importância ainda maior depois do triunfo do Sp. Braga no dérbi minhoto frente ao V. Guimarães antes da receção aos dragões. “Foram apreendidos bilhetes para o jogo FC Porto-Boavista que resultam da execução do Protocolo vigente com o FC Porto. Face às circunstâncias, não sendo possível apurar quais os bilhetes já entregues a grupos e/ou núcleos, foi solicitado ao FC Porto o estorno e cancelamento de todos os ingressos emitidos ao abrigo do referido Protocolo. Não podemos deixar de lamentar o sucedido, sendo a primeira vez na história que a bancada não estará preenchida. Estamos plenamente convictos que tudo será esclarecido em sede própria”, anunciou em comunicado.

“Não olhamos para os outros jogos. Obviamente que olhamos e assistimos aos jogos e vai haver esse tal jogo entre o quarto e o quinto classificados, que também é importante. Vamos tentar ganhar o jogo contra o Boavista, uma equipa que está numa zona difícil e que vai fazer deste jogo uma final, e nós temos de pensar e agir da mesma forma porque queremos manter este terceiro lugar. Para isso, é preciso ganhar amanhã [domingo]”, resumia Sérgio Conceição ainda antes de todas estas diligências e do triunfo do Sp. Braga em Guimarães que deixava os minhotos à condição com mais dois pontos do que os azuis e brancos na terceira posição antes dessa autêntica final reservada para a última jornada na Pedreira frente ao FC Porto.

Entre tudo isso, o grupo focava-se também em Eustáquio. Apenas um ano depois de perder a mãe, o internacional canadiano esteve na manhã deste domingo no funeral do pai, recebendo o conforto presencial de todos os jogadores não convocados, como Marcano, Toni Martínez ou André Franco, além do presidente Villas-Boas, do administrador Vítor Baía ou de jogadores que são hoje adversários como Ricardo Esgaio ou Steven Vitória. Os restantes estavam concentrados em estágio antes do dérbi da Invicta mas percebendo o momento difícil que o médio atravessava. Antes, ao minuto seis e no final do encontro, todos recordaram o canadiano. E o golo que fez toda a diferença surgiu da cabeça de Taremi, que fazia a despedida do Dragão e acabou em lágrimas de emoção pelo 2-1. O adeus do iraniano coincidiu com o olá a uma nova era no FC Porto a vários níveis. Pode ser melhor, pode ser pior, será de certeza diferente de tudo a que estávamos habituados.

Ficha de jogo

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FC Porto-Boavista, 2-1

33.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

FC Porto: Diogo Costa; Martim Fernandes (Taremi, 59′), Zé Pedro, Otávio, Wendell (Danny Namaso, 66′); Nico González (Romário Baró, 83′), Alan Varela; Francisco Conceição, Pepê, Galeno e Evanilson

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Marko Grujic, João Mário, Gonçalo Sousa e Gonçalo Borges

Treinador: Sérgio Conceição

Boavista: João Gonçalves; Pedro Malheiro, Chidozie, Sasso, Luís dos Santos; Seba Pérez (Ibrahima Camará, 86′), Miguel Reisinho (Bozenik, 90+3′), Vukotic (Makouta, 86′), Joel Silva (Filipe Ferreira, 77′); Bruno Lourenço e Salvador Agra (Masa, 77′)

Suplentes não utilizados: César, Abascal, Martim Tavares e Berna

Treinador: Jorge Simão

Golos: Bruno Lourenço (60′), Zé Pedro (81′) e Taremi (90+6′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Seba Pérez (24′), Pedro Malheiro (39′ e 64′), Otávio (45′), Bruno Lourenço (45+2′), Salvador Agra (49′), Luís dos Santos (55′), Reisinho (73′), João Gonçalves (77′), Alan Varela (79′), Makouta (90+4′) e Sérgio Conceição (90+8′); cartão vermelho por acumulação a Pedro Malheiro (64′)

O encontro começou com o Boavista a confirmar os sinais que o próprio onze inicial de Jorge Simão tinham deixado e com as garantias que as opções de Sérgio Conceição confirmavam. Significado? Era um encontro de sentido único, com os axadrezados, sem Abascal, Filipe Ferreira e Makouta por estarem em risco de não jogarem o último jogo com o Vizela no Bessa, a tentarem manter sempre a organização defensiva mas sem capacidade para esticarem a malha no plano ofensivo e o FC Porto a assentar arraiais no meio-campo dos visitantes mas com dificuldades em superar tantas pernas que iam aparecendo pela frente entre uma grande atitude de entreajuda das panteras. Assim, e nos 20 minutos iniciais, o único lance de perigo acabou por ser mal anulado na sequência de um canto, com Evanilson a falhar de cabeça na pequena área (13′).

Com o passar dos minutos, as feições do jogo foram mudando. O FC Porto, que não estava muito inspirado, ainda pior ficou como se viu num lance de Francisco Conceição na área que em condições normais daria um remate ou um passe atrasado mas acabou por sair sem perigo pela linha de fundo. O Boavista, que não estava muito avançado, sentiu o momento menos positivo dos azuis e brancos e tentaram duas aproximações que não trouxeram perigo mas tiveram o condão de deixar um alerta até pela saída mal calculada de Diogo Costa que podia trazer dissabores aos dragões. Aí não esteve bem, pouco depois safou os portistas de males maiores na sequência de um cruzamento largo que saiu da esquerda e por pouco não traía o guardião (30′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do FC Porto-Boavista em vídeo]

A ausência dos Super Dragões, sendo boa, má, assim assim ou como se quisesse, tinha impacto naquilo que era a atmosfera no Estádio do Dragão. Era estranho. O jogo, esse, não estava melhor. Longe disso. E falar em “estranho” também era uma boa descrição com aquilo que se passava em campo até aos derradeiros minutos da primeira parte, altura em que três “espasmos” agitaram e muito o encontro em minutos consecutivos: Nico González surgiu na área em boa posição para rematar mas a bola ficou prensada num defesa contrário (42′), Salvador Agra beneficiou de uma ressalto após passar por Martim Fernandes e Zé Pedro e rematou para defesa apertada de Diogo Costa (42′) e Pepê recebeu uma bola de Martim Fernandes, fintou num espaço curto com classe e rematou forte à trave da baliza de João Gonçalves (43′). Havia mais cartões amarelos do que lances de perigo junto das áreas mas o 0-0 ao intervalo permitia um segundo tempo em melhoria.

Os dois treinadores acreditaram que era possível mexer no jogo sem trocar de jogadores. Acreditaram mas não aconteceu, longe disso. Os dez minutos iniciais da segunda parte foram ainda piores nas aproximações com perigo no último terço entre os cartões amarelos que iam carregando os axadrezados num problema que Jorge Simão começava a ganhar pensando também na partida com o Vizela. Sérgio Conceição não esperou mais e abdicou de Martim Fernandes, que estava a fazer um bom jogo, para lançar Taremi. Logo de seguida, o Boavista inaugurou o marcador: Diogo Costa tirou a soco um livre lateral na esquerda e um cruzamento de Joel Silva à direita mas os axadrezados voltaram a ganhar a segunda bola que foi parar a Bruno Lourenço, que fletiu para dentro e rematou em arco para o 1-0 (60′). Aí foi bom, pouco depois nem por isso: já com amarelo, Pedro Malheiro teve uma entrada imprudente sobre Taremi e acabou expulso (64′).

Os dados para o resto do encontro estavam lançados, sendo que Danny Namaso foi lançado de pronto com Pepê e Galeno a ficarem como os dois “laterais” do FC Porto também perante a superioridade numérica que passava a ter. No entanto, demorou até haver aquele “abafo” final. Havia criação por fora, falhava sempre a finalização por dentro. Os minutos iam passando e o Boavista, que abdicara de vez das suas ações ofensivas, conseguia disfarçar sem bola a inferioridade numérica. Foi assim até um momento de azar tornar-se uma taluda da sorte: na sequência de um canto, Otávio tentou um remate mas a rosca acabou por assistir Zé Pedro para o desvio de cabeça para o 1-1 (81′). Estava dado o mote para uma pressão final que asfixiou o Boavista no seu meio-campo, com João Gonçalves a ser gigante e Danny Namaso a falhar o impossível antes de Francisco Conceição acelerar pela direita e Taremi a surgir ao segundo poste a desviar para o 2-1 (90+8′).

 
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