Maria Isabel da Baviera

Fonte: Monarquia Wiki
Maria Isabel
Retrato oficial da princesa Maria Isabel da Baviera.
A Imperatriz-mãe
Imperatriz Consorte do Brasil (de jure)
Reinado 19 de agosto de 1937
a 5 de julho de 1981
Antecessor(a) Gastão de Orléans, Conde d'Eu
Sucessor(a) vago
 
Nascimento 9 de setembro de 1914
  Palácio Nymphenburg, Alemanha
Morte 13 de maio de 2011 (96 anos)
  Rio de Janeiro, Brasil
Sepultado em 14 de maio de 2011, Cemitério Nossa Senhora da Conceição, Vassouras
Nome completo  
alemão: Maria Elisabeth Franziska Josepha Therese
português: Maria Isabel Francisca Josefa Teresa
Marido Pedro Henrique, Príncipe do Brasil (c. 1937; m. 1981)
Descendência Luiz, Príncipe do Brasil
Bertrand, Príncipe do Brasil
Antônio, Príncipe Imperial do Brasil
Eleonora, Princesa de Ligne
Casa Wittelsbach (por nascimento)
Orléans e Bragança (por casamento)
Pai Francisco da Baviera
Mãe Isabel Antônia de Croÿ
Religião Catolicismo
Brasão

Maria Isabel da Baviera (Maria Isabel Francisca Josefa Teresa, em alemão: Maria Elisabeth Franziska Josepha Therese; Palácio Nymphenburg, 9 de setembro de 1914Rio de Janeiro, 13 de maio de 2011), cognominada "A Imperatriz-mãe", foi a esposa do príncipe Pedro Henrique do Brasil e Imperatriz Consorte titular do Brasil de 1937 até a morte de seu marido, em 1981. Nascida no Palácio Nymphenburg, na Alemanha, filha mais velha do príncipe Francisco da Baviera, terceiro filho do rei Luís III da Baviera, e de sua esposa, Isabel Antônia de Croÿ. Maria Isabel foi o membro mais longevo da história da família imperial brasileira, tendo vivido até os seus 96 anos, 8 meses e 4 dias de vida.

Tendo nascido durante a Primeira Guerra Mundial teve sua infância e adolescência marcadas por turbulências, tendo que partir para o exílio na Hungria em 1918, com a deposição de seu avô. A princesa e sua família somente puderam retornar na década de 1930. Em 1937 ela se casou com o Chefe da Casa Imperial do Brasil, o príncipe Pedro Henrique, e logo depois ela dominou o português e, como dizem, até no exílio "viver como um brasileiro". Logo após o casamento, o casal visitou o Papa XXX. Durante seu exílio, ela se estabeleceu com o marido em Mas-Saint-Louis, propriedade de sua sogra em Mandelieu, no sul da França. Em pouco tempo, o chefe da Casa Imperial começou a planejar o eventual retorno de sua família ao Brasil, no entanto, uma série de eventos - incluindo a gravidez dela e a eclosão da Segunda Guerra Mundial - acabou atrasando o tão esperado retorno. Só no fim da guerra é que a princesa, o marido e os filhos nascidos no exílio mas registrados como brasileiros vieram para o Brasil e aqui se estabeleceram, primeiro no Rio de Janeiro e depois na Fazenda São José, no município de Jacarezinho, no norte do Paraná. Lá, ela criou e educou seus doze filhos e filhas, administrou a casa e ainda encontrou tempo para cumprir seus deveres como católica, catequizando crianças e até mesmo escrevendo um Catecismo popular, intitulado "Miche de Pain" (Pedaço de Pão, em francês), seu grande sonho era vê-lo publicado. Em 1965, a família imperial brasileira mudou-se do Jacarezinho para o Sítio Santa Maria em Vassouras, Rio de Janeiro. O chefe da família imperial era um excelente aquarelista de grande reputação e chegou a ser eleito para a Academia Brasileira de Belas Artes. No Sítio Santa Maria, passavam horas juntos em seu ateliê, criando lindas aquarelas e porcelanas decorativas, e até vendendo algumas de suas obras em tempos de economia mais apertada. Infelizmente, anos depois, a saúde de seu marido começou a piorar. No final de junho de 1981, estava se recuperando, relativamente bem, de uma crise de hepatite, quando foi acometido por uma forte infecção pulmonar que o levou a ser internado no Hospital Eufrásia Teixeira Leite, em Vassouras. De repente, em 5 de julho, um ataque agudo de enfisema ceifou a vida de Pedro Henrique, que gozava de boa saúde e parecia estar se recuperando. Como filho mais velho, o príncipe imperial Luiz sucede ao pai como Chefe da Casa Imperial. Como o príncipe Luiz não possuía descendente, e à renúncia do príncipe Eudes, o príncipe Bertrand sucedeu seu irmão mais velho como herdeiro presuntivo como Príncipe do Brasil. Ao mesmo tempo, a princesa Maria Elisabeth tornou-se Sua Alteza Real Princesa-mãe do Brasil.

Nos últimos anos, a princesa dividiu seu tempo entre o Rio de Janeiro, o Sítio Santa Maria (onde esteve com seus 29 netos) e a Europa (onde visitou suas filhas Eleonora, Princesa de Ligne e princesa Maria Teresa), além de seu irmão e outros parentes; enquanto em Bruxelas, a princesa passava várias tardes tomando chá com sua boa amiga rainha Fabiola da Bélgica no Castelo de Leaken. A Princesa-Mãe também é presença assídua nos principais eventos oficiais e sociais do Rio de Janeiro, bem como em ocasiões relacionadas ao movimento monárquico. Devido à velhice e fragilidade, ela permaneceu dentro de casa nos últimos cinco anos de sua vida. Sob os cuidados de enfermeiras, a princesa-mãe lia muito, sempre em alemão, tricotava e assistia a DVDs de ópera e balé. Em um apartamento, ela morava com sua filha mais velha, a princesa Isabel Maria, e seu neto, o príncipe Rafael, a princesa Amélia e a princesa Maria Gabriela, filhos do príncipe Antônio e da princesa Christine, moradores de Petrópolis, que estavam na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A princesa Maria Isabel morreu às 13h, do dia 13 de maio de 2011, aos 96 anos, no 123º aniversário da assinatura da Lei Áurea pela avó de seu marido, a imperatriz Isabel I do Brasil. Maria Isabel foi confortada em sua fé, tendo recebido a Extrema Unção e a bênção do Papa Bento XVI, seu conterrâneo.

Nascimento e infância[editar | editar código-fonte]

A princesa Maria Isabel da Baviera nasceu no Palácio de Nymphenburg, em Munique, Reino da Baviera, a segunda filha e primeira filha do príncipe Francisco da Baviera, filho do rei Luís III da Baviera e da arquiduquesa Maria Teresa da Áustria-Este e sua esposa, a princesa Isabel Antônia de Croÿ, filha de Karl Alfred, duque de Croÿ e da princesa Ludmilla de Arenberg.

A princesa Maria Elisabeth nasceu a princípios da Primeira Guerra Mundial; a maioria de seus parentes lutou durante a guerra, até mesmo seu pai. Sua infância e juventude foram muito conturbadas por causa dos regimes que se estabeleceram na Alemanha após a guerra. Até atingir a maioridade a princesa viveu no Castelo de Sárvár, na Hungria, propriedade da sua avó, a rainha Maria Teresa, arquiduquesa nata da Áustria, Princesa da Hungria e de Modena, entre outras. A família real da Baviera retornou à Baviera na década de 1930. O governo republicano foi forçado a devolver uma parte substancial dos bens e castelos que haviam sido confiscados em 1918 após a revolução.

Maria Isabel e seu marido, Pedro Henrique, Príncipe do Brasil.

Os tempos na Alemanha entre as guerras (1918–1938) foram difíceis, devido à Grande Depressão de 1929 e à ascensão dos nazistas, e de Adolf Hitler no governo alemão. O tio da princesa, Rupprecht (1869–1955), chefe da Casa Real da Baviera, declarou-se inimigo de Hitler. Este fato teve um grande impacto na Família Real; eles foram forçados a fugir para a Itália. A segunda esposa do príncipe Rupprecht, a princesa Antonia de Luxemburgo (1899–1955), e seus filhos, no entanto, foram capturados pelos nazistas, enquanto Rupprecht, ainda na Itália, escapou da prisão. Eles foram presos em Sachsenhausen. Embora libertada naquele mesmo mês, a prisão prejudicou muito a saúde de Antonia, que morreu nove anos depois, em Lenzerheide, na Suíça. A princesa Maria Elisabeth recebeu educação de seus pais, como escola na arte da pintura e também na arte. A princesa especializou-se em pintura em porcelana, arte tradicional da Baviera.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Em 19 de agosto de 1937, a princesa Maria Elisabeth casou-se com Pedro Henrique, chefe de um dos ramos da Casa Imperial do Brasil. O casamento aconteceu na capela do Palácio Nymphenburg na Alemanha nazista.

Seu marido era filho de Luís, Príncipe Imperial do Brasil, filho da princesa Isabel do Brasil, filha do imperador Pedro II do Brasil.

Partida para o Brasil[editar | editar código-fonte]

Paço Imperial do Grão-Pará[editar | editar código-fonte]

O casal imperial viveu primeiro na França; embora tenham feito inúmeras tentativas de imigrar para o Brasil, foram impedidos pela Segunda Guerra Mundial. Somente em 1945 a família pôde se mudar. Primeiro, instalaram-se no Paço Imperial do Grão-Pará, em Petrópolis, Rio de Janeiro, e depois em uma casa do bairro do Retiro.

Fazenda Santa Maria[editar | editar código-fonte]

Em 1951, o príncipe Pedro Henrique adquiriu a Fazenda Santa Maria, em Jacarezinho, no Paraná, onde a família morou até 1964. Em 1965, a família imperial mudou-se para Vassouras, no interior do estado do Rio de Janeiro.

Viuvez[editar | editar código-fonte]

Maria Isabel e seus filhos em seu aniversário de 90 anos.

Em 1981, o príncipe Pedro Henrique morreu em Vassouras e seu filho mais velho tornou-se o chefe do ramo de Vassouras da Casa Imperial do Brasil. A vida de Maria Elisabeth foi dividida entre Santa Maria e o apartamento de sua filha Isabel no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Ela frequentemente visitava a Baviera e a Bélgica, onde residiam suas outras filhas.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2004, uma missa em homenagem aos seus 90 anos foi celebrada pelo abade emérito de São Bento do Rio de Janeiro, José Palmeiro Mendes, e co-celebrada pelos padres Sérgio Costa Couto, juiz do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese do Rio de Janeiro e capelão da Glória do Outeiro, e Jorge Luis Pereira da Silva na Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro. Contou com a presença de todos os seus filhos e numerosos netos, tornando o evento digno de nota o suficiente para ser noticiado pela mídia brasileira.

Descendentes[editar | editar código-fonte]

Imagem Nome Nascimento Morte Notas
Luiz 6 de junho de 1938 15 de julho de 2022 Chefe da Casa Imperial do Brasil (1981-2022)
Eudes 8 de junho de 1939 13 de agosto de 2020 Casou-se com Ana Maria de Moraes e Barros e Mercedes Neves da Rocha. Ele renunciou a seus direitos de sucessão ao trono brasileiro para si e seus descendentes em 3 de junho de 1966.
Bertrand 2 de fevereiro de 1941 Chefe da Casa Imperial do Brasil (2022-presente)
Ficheiro:Princess Isabel Maria Josefa de Orléans e Bragança.png Isabel Maria 5 de abril de 1944 5 de novembro de 2017
Pedro 1 de dezembro de 1945 Casou-se com Maria de Fátima Lacerda Rocha. Ele renunciou a seus direitos de sucessão ao trono brasileiro para si e seus descendentes em 28 de dezembro de 1972.
Fernando 2 de fevereiro de 1948 Casou-se com Maria de Graça Baere de Araújo. Ele renunciou a seus direitos de sucessão ao trono brasileiro para si e seus descendentes em 24 de fevereiro de 1972.
Antônio 24 de junho de 1950 Casou-se com a princesa Cristina de Ligne
Eleonora 20 de maio de 1953 Casou-se com Miguel, Príncipe de Ligne
Francisco 6 de abril de 1955 Casou-se com Cláudia Regina Godinho. Ele renunciou a seus direitos de sucessão ao trono brasileiro para si e seus descendentes em 11 de dezembro de 1980.
Alberto 23 de junho de 1957 Casou-se com Maritza Ribas Bockel. Ele renunciou a seus direitos de sucessão ao trono brasileiro para si e seus descendentes em 22 de dezembro de 1982.
Maria Teresa 14 de julho de 1959 Casou-se com Jan Hessel de Jong
Maria Gabriela 14 de julho de 1959 Casou-se com Theodore Senna de Hungria Machado.

Títulos, estilos e honras[editar | editar código-fonte]

Títulos e estilos[editar | editar código-fonte]

  • 14 de setembro de 1914 - 19 de agosto de 1937: Sua Alteza Real, a princesa Maria Elisabeth da Baviera
  • 19 de agosto de 1937 - 5 de julho de 1981: Sua Alteza Imperial e Real a Princesa Consorte do Brasil
  • 5 de julho de 1981 - 13 de maio de 2011: Sua Alteza Imperial e Real a Princesa-Mãe do Brasil

Honras[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]