Peter Brown: o Cristianismo na Antiguidade tardia
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Peter Brown: o Cristianismo na Antiguidade tardia

A análise histórica elaborada por Peter Brown em seu ensaio intitulado Antiguidade

Tardia (BROWN, 2007, p. 213-284) contribui com esse trabalho ao mostrar um dos diversos

caminhos que os historiadores seguem em seus estudos a respeito de Roma no período da cristianização. Sua elaboração de um estudo sistemático do desenvolvimento cultural peculiar da Antiguidade Tardia, com a atenção voltada aos simbolismos, revelou continuidades e transformações sociais no decorrer de quatro séculos, em uma sociedade citadina, uma comunidade pública que inicialmente vive o “distanciamento social” e com a intromissão da Igreja cristã e seus costumes se transforma, mas onde não se dá nenhuma ruptura drástica, pois a vida baseada em uma comunidade pública, na qual a existência do indivíduo privado é determinada pelos valores das comunidades e pelas condições sociais prevalecem. A sua escrita linear estabelece um ritmo lento e contínuo, diferente das concepções de Veyne, onde o acontecimento com suas singularidades apresenta uma outra face do cristianismo e do paganismo.

Ao percorrer toda a extensão da sociedade romana mediterrânea, Brown acredita ser possível sistematizar e avaliar a natureza e a dimensão das transformações que começa com o “homem cívico” da época dos Antoninos e termina com o bom cristão, integrante da Igreja católica da Idade Média ocidental.

O espaço central do seu estudo são as cidades, um pequeno mundo que se organiza a partir da sua posição perante as cidades vizinhas, onde a posição de um indivíduo na cidade exige do mesmo uma relação respeitosa quanto às normas estabelecidas.

O fundamento da sociedade do Império Romano é a convicção de que existe uma distância social intransponível entre os notáveis “bem-nascidos” e seus inferiores (BROWN, 2007, p. 216). Essa distância social é garantida pelas classes superiores através de um estilo de cultura e vida moral, próprios e disponível apenas para as elites em suas cidades, para somar a essas características Brown acrescenta a discreta mobilização da cultura e da educação moral, o que considera uma das mudanças significativas no mundo romano, tendo em vista que a educação visa a formar um homem experiente nas técnicas tradicionais e solenes necessárias a um indivíduo da classe superior (BROWN, 2007, p. 217).

A formação moral visa ensinar a forma correta de falar com seus pares, assim como a postura nos espaços públicos, afinal a postura e a fala são a marca do homem bem-nascido e indicam o seu respeito às normas morais da classe superior.

Segundo esse modelo, saúde pessoal e conduta pública convergem com perfeita facilidade. O corpo é representado como um equilíbrio delicadamente mantido de humores complementares. Perturbam a saúde perdas excessivas de reservas necessárias ou demasiada retenção de excessos prejudiciais. Ademais, as emoções que parecem destruir ou comprometer o equilíbrio cuidadosamente mantido do comportamento do homem bem-educado podem reduzir-se em grande parte a consequências de tais distúrbios. Por isso, considera-se o corpo como o indicador mais sensível e evidente de um comportamento correto, e o controle harmonioso desse corpo pelos métodos gregos tradicionais (exercício, regime alimentar e banhos) constitui sua mais íntima garantia. (BROWN, 2007, p. 218).

O bem-nascido é constantemente pressionado e observado pelos seus pares e exposto aos perigos de “contágio moral” por atos e emoções anormais e impróprios a sua posição pública, a violência em demasia é uma forma de contágio moral. Para garantir a moral além da educação é necessário também a autovigilância. Segundo Brown, é a época dos grandes médicos que elaboram a imagem de um corpo, esse serve como código moral para a classe dos bem-nascidos.

As atitudes frente às relações sexuais também é motivo de preocupação, pois o prazer sexual não é um problema, a menos que interfira no comportamento público e nas relações sociais do homem, a vergonha é um homem da classe superior se submeter física e/ou moralmente a um inferior.

Os códigos de comportamento também dizem respeito ao corpo: o que importa é a postura e não o fato do homem estar nu ou vestido. Diante disso, outro fator que chama a

atenção graças a seu caráter controverso é a indiferença com relação à nudez na vida pública romana. O papel dos banhos públicos, onde há reunião da vida cívica faz da nudez entre os pares e diante dos inferiores uma experiência cotidiana inevitável. As roupas usadas pelas classes superiores na época antonina – as quais não são claramente nomeadas pelo autor –, não se comparam às roupas usadas posteriormente.

Ao longo das gerações, a relação conjugal não detinha importância na cena pública, assim como o adultério; as mulheres dos homens públicos eram tratadas como seres

periféricos, que em nada contribuíam para o papel público de seus maridos. Na época

antonina, esse sentimento em relação ao matrimônio modifica: destacam-se a concórdia e a união do bom casamento, como símbolo de outras formas da harmonia social.

O casamento se tornou símbolo de uma vitória da missão civilizadora do comportamento dos bem-nascidos, com a intenção de disciplinar sua própria classe e suas mulheres – afinal, as famílias dos bem-nascidos também são submetidas a um código de austero puritanismo masculino, que estabelece a diferença entre homens e mulheres, tendo a última uma fraqueza moral em seu temperamento.

Esses aristocratas cultos são os responsáveis pelo que muitos historiadores classificam como carnificinas: as lutas de gladiadores e outros espetáculos, por comodidades e decorações cruéis e obscenas, distantes do modo de vida controlado que esses homens impõem a si mesmos. O cristianismo não muda esse aspecto de sua vida pública. Segundo Brown,

envoltos em suas atitudes obrigatórias, os notáveis são mais livres para manifestar a outra face de seu eu público, sua popularitas [vontade de agradar ao povo]. Nas relações com os inferiores, como distribuidores das boas coisas da vida urbana, prodigalizam, àqueles que, a seu ver devem desfrutá-los, prazeres mais vulgares que os seus. (BROWN, 2007, p. 221).

A respeito da política ou do poder na época dos Antoninos, Brown afirma que a política nas cidades pequenas, onde os notáveis aprendem e exercem sua formação moral, está submetida à intervenção do governador romano amparado por sua guarda de honra militar. Disciplina e solidariedade associadas à sua capacidade de controlar seus administrados são os fatores importantes para manter o status quo da ordem imperial.

Enquanto as elites dos séculos II e III d.C do período antonino vivenciavam uma moral com base no distanciamento social, no mundo do judaísmo tardio, a partir do século II a.C., o que importa é a sobrevida de um grupo muito distinto.

O primeiro destaque de Brown (BROWN, 2007, p. 228) nesse contexto é a lealdade dos judeus para com as suas tradições. Impossível encontrar na literatura antiga a preocupação

e o medo que os participantes têm de não conseguir se dedicar plenamente a tarefa de “reerguer” Israel.

Enquanto a solidariedade marca o período como um fator positivo, a intimidade, no sentido individual, é vista como algo totalmente negativo. São sentimentos e motivações que o seu grupo não conhece. O coração é objeto de estudo dos escritores judeus, que encontraram nele “zonas de intimidade negativa”, que podem tomar o lugar das exigências de Deus e dos correligionários judeus ou cristãos a respeito da coerência interna do eu. A partir do coração, núcleo de motivações, reflexões e objetivos imaginários, que deve ser simples e unívoco, disposto a seguir as exigências de Deus e do próximo. Contudo, na maioria das vezes o coração é duplo e as pessoas que têm um “coração duplo” se afastam de Deus e se deixam conduzir pelas exigências da intimidade. Daí é possível perceber características das relações do judeu e, posteriormente do cristão, com o mundo sobrenatural: “o coração parece ser completamente público ao olhar de Deus”.

Durante o século I d.C., difundiu-se a ideia de que, por meio da ação de Deus, tudo o que fosse governado com base na “duplicidade de coração” seria ultrapassado e, no fim dos tempos, os herdeiros de Israel poderiam viver em um tempo de transparência com relação aos outros e a Deus. Eles estariam predestinados a isso que, em tempos imemoriáveis, era o estado natural do homem social, mas tal dádiva se perdeu ao longo da história:

Quando mencionamos a ascensão do cristianismo nas cidades mediterrâneas, falamos de uma fração do judaísmo das seitas cujas estruturas são excepcionalmente lábeis e instáveis. A missão de São Paulo (de 32 a 60, aproximadamente) e dos outros “apóstolos” consiste em “reunir” os gentios num novo Israel colocado à sua disposição no fim dos tempos pelo messianismo de Jesus. Na prática, esse novo Israel compõe-se primeiro de pagãos atraídos, segundo variáveis graus de envolvimento, para as comunidades judias influentes das cidades da Ásia Menor e do mar Egeu e pela vasta comunidade judia de Roma. O novo Israel se vê como uma “reunião”: Jesus enquanto Messias “lançou por terra” os “muros de separação”. (BROWN, 2007, p. 230).

Em suas cartas Paulo coloca uma lista dos diferentes grupos: judeus e gentios, escravos e homens livres, gregos e bárbaros, homens e mulheres, e depois declara que todos esses grupos deixam de existir no interior da nova comunidade, quando abandonam suas religiões e posições sociais a fim de “revestir-se” de Cristo, “a aquisição de uma identidade única e não estanque, comum a todos os membros da comunidade, como convém aos filhos de Deus recém-adotados em Cristo.” (BROWN, 2007, p. 231). É privilégio de ser cristão, ser membro de uma comunidade unida, onde todos são solidários e não há as antigas formas de diferenciação.

Contudo os primeiros cristãos convertidos vivem em uma situação social medianamente rica, esses tinham um leque de contatos sociais e estavam mais expostos à “duplicidade de coração” do que os pobres aldeões que os Evangelhos apresentam.

Brown acrescenta às suas análises o profeta Hermas, desejoso de preservar a solidariedade e o coração simples entre os crentes na sua comunidade, receava um grupo cujo a quantidade de pecados se igualasse a sua importância na sociedade. Em Roma, a Igreja era mantida por indivíduos ricos que, ao mesmo tempo, mantêm contato com a comunidade pagã – o que lhe garante proteção e prestígio. Pode-se se perceber que o coração dos cristãos influentes está dividido entre as exigências de solidariedade e a preocupação com a condução dos seus negócios, além disso, a exuberância da sua casa e o futuro dos filhos também são motivos de preocupação.

Hermas reconhece a importância desses homens para uma comunidade cristã próspera e articulada, que precisa lidar com a ansiedade e a tensão na sociedade que passa por transformações.

Segundo Brown, as Igrejas cristãs nas cidades dependem de chefes de família respeitáveis e prósperos, assim membros dessas famílias podem acolher alguns rituais da solidariedade indiferenciada.

Para a simplicidade de coração sobreviver nas Igrejas cristãs em meio a um mundo pagão desconfiado, marcado por confrontos permanentes é necessário uma vida em grupo estruturada a partir de normas condescendes. Mais do que criar uma disciplina, o que os dirigentes cristãos fazem é criar um grupo que seria persistente em seu objetivo: solidariedade, mesmo diante das tensões que existam entre seus membros, e que insistam na simplicidade de coração, valor já foi absorvido e praticado pelos pagãos e judeus, apesar da ascensão do cristianismo alterar a moral do mundo romano tardio, pouco inovam em matéria de moral, para Brown a confirmação do evoluir da história sem grandes modificações.

É difícil associar a simplicidade de coração à disciplina de um grupo, cujas ações morais não se diferenciam das atitudes de seus vizinhos pagãos e judeus, a principal diferença está na chamada “moral do homem socialmente vulnerável”, uma fração da sociedade romana diferente daquelas que são destaque na literatura da época. (BROWN, 2007, p. 235).

Diferente dos bem-nascidos, o homem socialmente vulnerável se preocupa com a ordem íntima, as reservas íntimas de comportamento, a fidelidade entre esposos e a obediência dentro da casa, que somente são garantidas na simplicidade do coração temente a Deus. Assim a solidariedade complementa a moral do homem socialmente vulnerável.

Outro fator de destaque é a divergência das atitudes de doação e partilha com outrem entre as classes superiores e os cidadãos médios. “Os cidadãos notáveis 'alimentam' sua cidade: espera-se deles que gastem largas somas para manter o sentimento de contínua alegria e prestígio dos cidadãos normais.” (BROWN, 2007, p. 236), aliviar a aflição dos pobres da cidade, assim como os escravos e os imigrantes não se beneficiam. A intenção é enaltecer a condição do corpo cívico no conjunto e não aliviar as angústias da humanidade, principalmente os pobres. As doações individuais são, acima de tudo, para celebrar o poder e a generosidade dos protetores, bem como para celebrar as grandes ocasiões e o esplendor da cidade.

As pessoas socialmente vulneráveis seriam mais realistas, ao olhar a sociedade percebem que existe uma relação entre o supérfluo e a falta de meios dos mais pobres e que existe a possibilidade de eliminar tal desequilíbrio com a redistribuição de pequeninas somas. As comunidades cristãs pregam que com modestas medidas de ajuda mútua, os humildes podem ter uma margem de independência, essa ajuda mútua são as esmolas e talvez, uma oportunidade de emprego, de solidariedade e/ou um meio de proteção criado por judeus e cristãos a fim de garantir aos seus correligionários proteção contra o empobrecimento e a vulnerabilidade perante os empregados ou os credores pagãos – exemplo de transformação de um mundo clássico, em um mundo pós-clássico cristianizado que se iniciou no século II.

No decorrer do século II, antes da Igreja cristã, se estabelece que “aspectos da lei romana e da vida de família são afetados por uma sutil mudança das sensibilidades morais da maioria silenciosa dos provincianos do Império” (BROWN, 2007, p. 237), uma moral diferente baseada em um mundo distinto, que não tem como base a experiência social.

Segundo Brown, a Igreja cristã se apossa dessa nova moral e a submete a um sutil processo de mudanças, tornando-a mais universal em sua aplicação e mais íntima em seus efeitos sobre a vida privada do crente. Os cristãos adotam uma versão melancólica da moral popular na busca por novos princípios de solidariedade com a intenção de reforçar a crença do indivíduo no olhar de Deus, no medo do julgamento divino e no sentimento de compromisso na coesão da comunidade religiosa.

Com o objetivo de exprimir a diferença que os separa do mundo pagão, os cristãos praticam uma moral sexual austera: a renúncia sexual total por parte de alguns, harmonia conjugal e desaprovação do divórcio, que foi bem-aceita pelos pagãos.

A nova disciplina sexual é sustentada por uma estrutura mais profunda de preocupações especificamente cristãs. E as relações entre marido e mulher e entre senhor e

escravo adquirem uma nova face, onde prevalece a fidelidade e a obediência características próprias da simplicidade de coração.

As comunidades cristãs urbanas, segundo Brown, procuram testar sua vontade de coesão e abandonam os modos que os judeus e cristãos utilizavam para disciplinar e satisfazer suas mulheres. A moral conjugal estava diretamente relacionada a vontade de alcançar a simplicidade de coração, assim o adultério e as intrigas sexuais entre parceiros são sintomas da duplicidade do coração.

Afastando a possibilidade de um segundo casamento a comunidade garante uma reserva permanente de veneráveis viúvos e viúvas os quais poderão dedicar suas energias e tempo à Igreja, eles também estão menos expostos às tensões ligadas ao exercício do verdadeiro poder, assim testemunham mais fervorosamente a ordem e a coesão. Para os pagãos respeitáveis, a mistura dos sexos nas assembleias cristãs é repugnante, e por isso evitam falar com eles.

A renúncia sexual se tornou o fundamento da dominação masculina na Igreja cristã, para uma revolução suplementar. Nos cargos de direção das comunidades cristãs o celibato é quase obrigatório, um dos fatores que distingue a Igreja cristã do judaísmo e do islã, para o autor raramente uma estrutura de poder se ergue com tal rapidez e acuidade sobre um ato tão íntimo como a renúncia sexual. (BROWN, 2007, p. 241).

Brown descarta a ideia de que no mundo pagão prevalecia uma forte aversão ao corpo humano e que em consequência disso a Igreja cristã ao se afastar de suas raízes judaicas e do seu otimismo em relação à sexualidade e ao casamento, considerados criação divina, se aproxima dos costumes pagãos. Tal ideia seria insustentável quando a renúncia sexual é vista como meio de chegar à simplicidade do coração, conceito retirado do judaísmo radical as origens possíveis de tal tendência podem ser extremamente diversas, mas, em si, não explicam sua função.

A ascensão da dominação do homem celibatário na Igreja cristã coincide com o reinado de Constantino e daí por diante. O que há de comum entre as diversas formas de celibato é a vontade de criar um espaço “público” firmemente traçado no seio da vaga federação de famílias que compõem a comunidade cristã (BROWN, 2007, p. 243). Para a comunidade cristã o celibato significa a retirada de uma fonte de motivação e desvio dos laços sociais que fundamentam a continuidade e a coesão de uma sociedade normal.

O celibato está na abstinência sexual dos cônjuges, normalmente é adotado em idade madura e mais tarde será imposto aos padres com mais de trinta anos, e assim se torna para o clero citadino médio no período da Antiguidade tardia. Contudo, não é considerada uma

renúncia impressionante, porque para os homens da Antiguidade a energia sexual era uma substância volátil, que se esgota ainda na juventude. A partir daí, o homem celibatário ocupa o centro da vida da Igreja.

No século III, a Igreja cristã tornou-se uma instituição numerosa, contando com um significativo número de membros e assistidos. A necessidade de recursos e as responsabilidades exigem que o celibato e a linguagem de poder se unam e interfiram na vida urbana romana. O clero e os bispos cristãos marcados pelo celibato tornam-se uma elite igual em prestígio às elites dos notáveis.

Segundo Brown, é a essa Igreja, conduzida com firmeza por tais dirigentes, que a conversão do imperador Constantino, em 312, confere uma posição inteiramente pública, que se revelará decisiva e irreversível ao longo do século IV. (BROWN, 2007, p. 245).

O império governado por Constantino de 312 a 337 é diferente da sociedade citadina “clássica” da época antonina que já era considerada um império de porte mundial sensível às cidades, mas que após o ano de 230 vê a necessidade de lidar com consideráveis aumentos dos impostos com o objetivo de manter a unidade e a defesa do Império e a intervenção nos negócios da cidade por parte da administração imperial, essas ações não significam o desaparecimento das cidades ou das elites tradicionais, “são essas elites que mudam de estruturas”, agora somam à sua posição e atividades anteriores o papel de servo do imperador.

O Império Romano tardio é uma sociedade dominada explicitamente por uma aliança entre os servidores do imperador e os grandes proprietários de terras que colaboram para controlar os camponeses sujeitos ao imposto e para impor a lei e a ordem nas cidades. (BROWN, 2007, p. 246).

Os códigos de conduta do homem público também mudam, o corpo que outrora ocupou espaço de destaque no distanciamento social foi substituído pelas novas vestes criadas para “expressar as divisões hierárquicas no seio das classes superiores”, cada ornamento indica uma posição na hierarquia da corte imperial.

Nesse período, a cidade transforma-se em um microcosmo da ordem e da segurança do Império, devido a condições econômicas que precisam ser modificadas, a fim de que se torne um lugar de expansão, um cenário no qual os impulsos competitivos dos notáveis possam se expressar sob forma de edifícios, espetáculos e outras suntuosas prodigalidades públicas. (BROWN, 2007, p. 247).

A cidade do século IV mantém algumas decorações pagãs e em alguns centros urbanos o governo imperial continua a distribuição de alimentos, limitadas aos cidadãos, independentemente de sua riqueza ou pobreza pessoais.

Os poderosos que controlam a cidade a mando do imperador, os potentes, executam sua função a partir dos palácios, afastados do centro tradicional da vida pública, para Brown o palácio representa o foro que se tornou privado.

Não é certo que, no decorrer do século IV, a nova Igreja cristã imporá as suas noções

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