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Juan Carlos I da Espanha, de 'rei da democracia' ao ex�lio


26/02/2021 13:39

Personagem chave da Espanha do s�culo XIX, o rei em�rito Juan Carlos I desfrutou de d�cadas de popularidade ao liderar o pa�s para a democracia e frear um golpe de Estado, mas os esc�ndalos arruinaram sua reputa��o e o for�aram ao ex�lio.

Cercado por investiga��es judiciais na Espanha sobre sua suposta fortuna escondida no exterior, Juan Carlos I se exilou em agosto do ano passado em Abu Dhabi.

Uma decis�o dolorosa com a qual buscou preservar a imagem da monarquia, representada pelo seu filho Felipe VI e da qual abdicou em 2014 depois de 38 anos de reinado.

A pol�mica sobre suas finan�as come�ou quando foi revelado que em 2008 ele recebeu 100 milh�es de d�lares da Ar�bia Saudita, depositados em uma conta secreta na Su��a. Somaram-se a isso novas informa��es sobre supostas estruturas em para�sos fiscais para sonegar impostos, e o suposto uso de cart�es vinculados a contas banc�rias de terceiros.

Nesta sexta-feira (26), seu advogado confirmou que o rei em�rito pagou cerca de 4,4 milh�es de euros (5,3 milh�es de d�lares) em impostos n�o pagos por voos em jatos particulares, com o financiamento de uma funda��o com sede em Liechtenstein pertencente a um de seus primos.

Seus problemas n�o s�o novos. Come�aram com a investiga��o por corrup��o contra seu genro I�aki Urdangarin, depois preso, e sua filha mais nova Cristina, acusada em 2014 e declarada inocente.

Juan Carlos parecia ainda mais cansado do que em 18 de abril de 2012, quando surpreendeu o pa�s ao pronunciar um pedido de desculpas hist�rico na televis�o: "Sinto muito. Eu errei e isso n�o acontecer� novamente".

Alguns dias antes, surgiram controv�rsias sobre uma ca�ada a elefantes em Botsuana, de onde foi repatriado com uma fratura no quadril, acompanhado por sua ent�o amante, a alem� Corinna Larsen, a quem teria presenteado com 65 milh�es de euros, segundo a imprensa.

Outra apari��o na televis�o, 31 anos antes, marcou o auge de seu reinado: em 23 de fevereiro de 1981, o monarca em uniforme militar ordenou que os oficiais que ocupavam o Congresso retornassem ao quartel, tornando-se o salvador da jovem democracia espanhola.

- Embaixador do luxo -

O acidente em Botsuana marcou um antes e um depois para Juan Carlos, coroado aos 37 anos, em 22 de novembro de 1975, dois dias ap�s a morte de Franco, que conduziu a Espanha em sua moderniza��o.

A naturalidade do chefe de Estado, apreciador de esportes e discreto em sua vida pessoal, ganhou ao longo dos anos respeito dentro e fora de seu pa�s.

O prest�gio internacional n�o resistiu � crise econ�mica que, a partir de 2008, diminuiu repentinamente a prosperidade do pa�s e provocou desconfian�a dos cidad�os nas institui��es.

Com sua reputa��o prejudicada, Juan Carlos cedeu a coroa a seu filho Felipe VI em 2014 e, em 2019, se aposentou da vida p�blica.

Juan Carlos Alfonso V�ctor Mar�a de Borb�n y Borb�n nasceu em 5 de janeiro de 1938 em Roma, onde seu av�, rei Alfonso XIII, se exilou ap�s a proclama��o da Segunda Rep�blica Espanhola em 1931.

Seu pai, Juan de Borb�n, nunca assumiu o trono, afastado por Francisco Franco devido a opini�es que ele considerava muito liberais.

O ditador, que chegou ao poder com o fim sangrento do regime republicano ap�s a Guerra Civil (1936-39), preferiu o jovem Juan Carlos, a quem chamou em 1948 a continuar seus estudos na Espanha, longe dos pais exilados em Portugal.

Aos seus 18 anos, ocorreu a morte de seu irm�o mais novo Alfonso, de 14, pelo disparo acidental de uma arma, quando os dois estavam em um quarto da mans�o familiar em Estoril.

"Ainda sinto muito a sua falta", disse o monarca, com os olhos marejados, em um document�rio franc�s gravado no final de seu reinado.

- Propulsor da democracia -

O jovem monarca, nomeado sucessor do ditador em 1969 e coroado em 1975, rapidamente se livrou do pesado legado franquista e partiu para o caminho da transi��o democr�tica.

Juan Carlos definiu sua miss�o da seguinte maneira: "A ideia principal da minha pol�tica era garantir que os espanh�is nunca mais se dividissem em vencedores e perdedores".

Ao contr�rio do que os nost�lgicos de Franco esperavam, em pouco tempo lan�ou as bases do Estado democr�tico: legalizou partidos pol�ticos, nomeou um presidente de governo - o centrista Adolfo Su�rez - a quem encarregou de organizar elei��es e aprovar por referendo uma nova Constitui��o em 1978.

Sua interven��o hist�rica de 23 de fevereiro de 1981 confirmou seu papel como propulsor da transi��o.

"Eu sabia que os militares me aceitariam porque fui nomeado por Franco (...), porque havia passado por todas as academias militares e conquistado a amizade de muitos", afirmou.

E "acima de tudo, porque eu era o chefe supremo das For�as Armadas", disse ele.

Depois de completar seu treinamento militar e seus estudos em direito e economia, o futuro monarca casou-se em 1962 em Atenas com a princesa Sofia, filha mais velha do rei Paulo I da Gr�cia. O jovem casal se estabeleceu no Pal�cio Zarzuela, perto de Madri, onde vive desde ent�o.

Do casamento nasceram a infanta Elena em 1963, Cristina em 1965 e Felipe, seu sucessor, em 1968.


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