Josina Machel (1945) – Biografias de Mulheres Africanas

Josina Machel (1945)

Josina Machel
Fonte da imagem: Mozambique History Net. Disponível em: http://www.mozambiquehistory.net/josina.php. Acesso em: 14 de dez. de 2020.

Nascida com o nome de Josina Abiatar Muthemba na Província de Inhambane, no sul de Moçambique, durante o período de dominação colonial portuguesa. Seu avô era de formação protestante presbiteriana e seu pai trabalhada como enfermeiro e se opunha ao regime colonial.

Aos sete anos ela ingressou na escola primária Dom João de Castro, em Mocímbola da Praia, um estabelecimento reservado para crianças portuguesas ou filhos(as) de africanos(as) assimilados(as). Depois passou pela escola Mouzinho de Albuquerque, em Xai-Xai, e terminou o estudo na então cidade de Lourenço Marques, atual Maputo.  Em 1958, na escola comercial para secundaristas Dr. Azevedo e Silva ela ingressou na resistência, fugindo de Moçambique em 1964.

Ingressou nas fileiras da Frente de Libertação de Moçambique – FRELIMO, então sediada na Tanzânia, envolvendo-se em atividades ou buscando refúgio na Zâmbia e depois na Suazilândia, quando tinha cerca de 20 anos. Ela atuou em atividades de formação para estudantes moçambicanos na Tanzânia, onde estabeleceu relações com Janet Mondlane, a esposa do presidente da FRELIMO, Eduardo Mondlane.

No final dos anos 1960, rejeita a proposta de uma bolsa de estudos na Suiça e se voluntaria para o recém-criado destacamento de mulheres da FRELIMO, criado por Samora Machel em 1967, passando por formação política e militar para a luta de libertação nacional em Nachingwea. Em 1968 trabalha na defesa e organização de populações de áreas libertadas.

Em 1968 torna-se delegada do Segundo Congresso da FRELIMO, e reivindica a inclusão total de mulheres em todos os aspectos da luta de libertação. Assume a de chefia da Seção de Mulheres no Departamento de Relações Internacionais do movimento e o Departamento de Assuntos sociais. Em 1969, aos vinte e quatro anos, casa-se com Samora Machel, com quem teve um filho, mas no ano seguinte é diagnosticada como portadora de um câncer no fígado que a levou à morte com apenas vinte e seis anos de idade. 

Após a independência de Moçambique, o governo da Frelimo declarou a data de 07 de abril, o dia da morte de Josina, como o Dia Nacional da Mulher em Moçambique, e reconheceu a Organização Nacional das Mulheres Moçambicanas como o braço social e político do movimento para as mulheres. É lembrada como heroína da Luta de Libertação Nacional, sendo homenageada em monumentos, logradouros e estabelecimentos públicos.

BIBLIOGRAFIA

MATUSSE, Renato; MALIQUE; Josina Malique.  Josina Machel: ícone da emancipação da mulher moçambicana  (Coleccao Embondeiro 29). Maputo, 2008.

CAGLIARI, Maiara Cemin. Gênero e revolução: mobilização de mulheres na Frente de Libertação Nacional de Moçambique (1962-1975). Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso – História), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

FREDERIKSEN, Frances. “Josina Machel”. In: AKYEAMPONG, Emmanuel K.; GATES JR., Henry Louis (dir). Dictionary of African Biography. Oxford University Press, 2012, v. 4, p. 15-16.

SANTOS, Armanda Carneiro. Lute como uma mulher: Josina Machel e o movimento de libertação nacional em Moçambique. Tese (doutorado em história), FFLCH-USP, 2018

Última atualização em: 22/01/2021

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