Modelo de Mundo de Ptolemeu

Modelo de Mundo de Ptolemeu

 

Cláudio Ptolemeu (Claudius Ptolemaeus) foi um acadêmico que viveu na antiga Alexandria, no segundo século da Era Cristã. Destacou-se por seus trabalhos em Cosmografia, em especial por seu modelo de universo, que foi aceito como verdadeiro até o século 16.

Pouco se sabe sobre a vida de Cláudio Ptolemeu, que levava o nome dos antigos reis da era helênica do Egito independente (323 aC - 30 aC). De fato, algumas ilustrações dos século 15 e 16, durante o Renascimento, o confundiram como um dos monarcas da Dinastia Ptolemaica, incluindo Rafael Sanzio em sua Escola de Atenas.

Acredita-se que ele nasceu entre os anos 90 e 100 e viveu até entre 168 e 175 da Era Cristã. Os romanos dominavam o Egito desde 30 aC, mas Alexandria abrigava o principal centro acadêmico do mundo, na época, chamado de Museu, de tradição grega, e que incluía a famosa Biblioteca de Alexandria. Ptolemeu estava acompanhado e foi precedido de outros sábios, o que proporcionava discussões e evolução do conhecimento. Quase todas as obras originais produzidas na antiga Alexandria foram queimadas ou perdidas. Grande parte do que conhecemos vêm de traduções dos árabes, que conquistaram o Egito, em 642, ou de cópias que circularam no Império Bizantino.

Por volta do ano 150, Ptolemeu concluiu uma de suas principais obras, um manual de Astronomia intitulado Syntaxis Mathematica, em grego, mais conhecido como Almagesto, corruptela de origem árabe para a palavra grega megistos ("o maior"). Foi escrita em 13 volumes. Incluía observações astronômicas levantadas entre os anos 127 e 141. O original não chegou ao nosso tempo. Foi traduzido para o árabe, em 827, e, do árabe para o latim, em 1230. Mas também existiam cópias em grego. Em 1515, foi impresso, em latim, em Veneza. O Almagesto foi uma das mais influentes obras na História da humanidade, texto base da Astronomia por mais de 13 séculos, até a publicação da teoria heliocêntrica de Copérnico, em 1543.

Modelos matemáticos em Astronomia eram velhos conhecidos dos gregos, muita coisa veio da antiga Babilônia. Uma teoria heliocêntrica, por exemplo, foi proposta por Aristarco de Samos, no século 3 aC, mas refutada por Ptolemeu. Muitos dos fundamentos adotados por Ptolemeu tinham base em trabalhos de matemáticos anteriores, principalmente Hiparco, do século 2 aC, também geocentrista, em Alexandria. Para os acadêmicos da Antiguidade e da Idade Média, um dos grandes problemas do modelo heliocêntrico era a imensa velocidade da Terra para girar em torno do Sol, algo difícil de ser concebido sem o conceito de inércia e de outros princípios da Dinâmica, desenvolvidos por Galileu, no final do século 16, e por Newton, no final do século 17.

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Em seu Almagesto, Ptolemeu defendeu o sistema geocêntrico. A Terra seria estacionária e esférica, no centro da esfera celeste, com Sol, Lua e planetas girando em torno da Terra, em movimentos circulares uniformes. Ptolemeu ajustou as imperfeições de seu modelo com conceitos como os epiciclos, pequenos círculos, cujo centro descreviam outros círculos maiores. Seus modelos matemáticos permitiam prever o movimento dos astros e outros fenômenos astronômicos, como eclipses. Alguns autores acusaram Ptolemeu de corromper seus registros de observações para ajustarem-se às suas teorias, incluindo Tycho Brahe (século 16), Robert Newton (1977) e outros.

Em sua obra seguinte, "Hipóteses Planetárias", Ptolemeu aperfeiçoou seu modelo de universo descrito no Almagesto. Ele também descreveu mecanismos que poderiam ser fisicamente construídos por artesãos, segundo seu modelo de universo geocêntrico. Assim, a posição de corpos celestes poderia ser definida analogicamente. Uma ideia desse modelo armilar foi apresentada por Joan Blaeu na ilustração acima.

Outra obra de Ptolemeu, de grande importância, foi sua Geografia, em oito volumes, uma síntese da cartografia grega. Abordava conceitos geográficos e técnicas para a elaboração de mapas para o mundo conhecido de então. Essa obra incluía mapas com base na obra de Marino de Tiro, de cerca do ano 100 dC. Seus mapas registravam latitudes e longitudes, em graus, e apresentava dois tipos de projeção cartográfica adequados à área de mundo conhecida. Usava arcos de círculo para representar paralelos e meridianos. Cadastrava cerca de oito mil cidades. Seus mapas originais não chegaram até nós. As cópias produzidas posteriormente também atualizavam os mapas. Essa obra era praticamente desconhecida na Europa até por volta de 1300. Foi traduzida para o latim, em 1406, pelo italiano Jacopo d’Angelo. Várias cópias se seguiram, até o século 16, por outros editores, com os mapas sendo atualizados.

Segundo Carl Boyer (História da Matemática, 1991), Ptolemeu adotou a estimativa de Posidônio para a circunferência da Terra, de 180 estádios, 28% menor que a de Eratóstenes. A Ásia de Ptolemeu era cerca de 38% maior que o tamanho real. Em conjunto, esses resultados aproximavam muito a Península Ibérica da costa oriental da Ásia. Assim, Colombo e os acadêmicos de sua época acreditavam que se poderia chegar às Índias com uma viagem muito mais curta, que a real.

Ptolemeu também escreveu obras sobre Astrologia (Tetrabíblion), Ótica, Harmonia e outras.

Para a Igreja Católica, o modelo geocêntrico de Ptolemeu era uma benção, pois se encaixava com seus ideais divinos. Copérnico sabia disso, assim só permitiu que sua teoria heliocêntrica fosse publicada no ano de sua morte, em 1543. A Igreja Católica vivia tempos difíceis após a Reforma Protestante e endureceu na defesa de seus dogmas. Em 1600, mandou queimar vivo o filósofo Giordano Bruno, acusado de heresia, por defender as teorias de Copérnico. O mesmo destino poderia ter sido o de Galileu, que aperfeiçoou o modelo de Copérnico, com as observações com suas lunetas melhoradas. Mesmo sendo amigo do Papa Urbano VIII, Galileu foi obrigado a abjurar de suas ideias heliocentristas, em 1633. Chegou a ser preso, mas foi poupado da fogueira. No final do século 17, o modelo heliocêntrico já estava consagrado no meio acadêmico, mas a Igreja Católica somente o reconheceu oficialmente, em 1822, e Galileu só foi perdoado, em 1984, pelo Papa João Paulo II.

 

Cláudio Ptolemeu

 

 

Farol

 

Cláudio Ptolemeu e seu modelo de universo, em ilustração do Mapa do Mundo de Joan Blaeu, cerca de 1664.

 

Ptolemeu segura um astrolábio em ilustração do século 15 (Biblioteca Nazionale Marciana, Veneza). O matemático é confundido com um rei da Dinastia Ptolemaica.

 

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Por Jonildo Bacelar