Delírio ou Delirium?
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Delírio ou Delirium?

Apesar de uma gramática parecida, delírio e delirium possuem significados bem diferentes entre si. É muito importante conhecer a diferença destes termos uma vez que causam muita confusão até mesmo em profissionais da saúde. Diferenças substanciais separam estes dois conceitos. Enquanto um é uma síndrome específica, o outro é um sintoma presente em várias morbidades.


Delirium

É um termo latino que introduz na nossa língua portuguesa o nome de uma síndrome clínica tamém chamada de síndrome confusional aguda. É comum em complicações de doenças físicas em idosos e em alguns casos pode afetar até 45% dos pacientes internados.


O que é?

delirium é uma síndrome que apresenta vários sinais e sintomas que podem estar presentes ou não e em intensidades diferentes para cada paciente. Apesar do caráter dinâmico da doença, o sintoma clássico é o rebaixamento do nível de consciência que pode ser avaliado através da capacidade do indivíduo de prestar atenção. A atenção é a habilidade cognitiva de priorizar informações para serem processadas pelo consciente. Se a atenção não está centrada, o indivíduo portanto estará com rebaixamento do nível de consciência.


A perda da atenção pode gerar uma série de outros eventos como uma reação desnorteada, intranquila, confusa, desorientada, ansiedade, medo, alucinações, ilusões e modificações do humor. O delirium é agudo (horas a poucos dias) podendo haver pródromo Sinais ou sintomas que indicam o início de uma doença antes que de sua sintomatologia clássica. Como a reversão dos padrões de sono.



Quais os tipos?


O delirium sempre acompanha prejuízo cognitivo podendo se apresentar de forma hiperativa ou hipoativa. Durante um deliriumhiperativo ocorre agitação exacerbada do indivíduo que necessita de consultas psiquiátricas urgentes. No curso de um deliriumhipoativo, por outro lado, o paciente costuma permanecer deitado, deprimido e apático o que leva, quando leva, a uma consulta psiquiátrica para “depressão”. Esta realidade torna o delirium hipoativo muito mais hostil já que sua identificação é mascarada e portanto, seu tratamento impossibilitado.


Qual a origem?

O aspecto mais importante para a resolução do delirium é a descoberta de sua etiologia que geralmente se apresenta multifatorial. Algumas das possíveis causas de delirium são:


Todas as etiologias são distúrbios propriamente cerebrais ou fora do cérebro mas que acabam por agredir o funcionamento cerebral.




Qual o tratamento?

O tratamento consiste na resolução da etiologia assim que descoberta. O Haloperidol de baixa dosagem é um fármaco antipsicótico de primeira linha que pode ser utilizado para o controle da agitação, principalmente no delirium hiperativo que apresenta psicose e insônia.


Um tipo específico de delirium bem conhecido é o delirium tremens. Neste tipo de delirium sua etiologia é a abstinência alcoólica. Em média, 72 horas pós a ultima ingestão de álcool se iniciam os sintomas que duram de 2 a 6 dias. Apesar de muitos dos sintomas serem em comum, pode ocorrer também perda da memória recente, desorientação temporal, ansiedade, raiva, apatia, depressão ou euforia.


Delírio

O Delírio, diferentemente de delirium é um sintoma presente em várias situações patológicas caracterizado por uma crença falsa, baseada em inferência incorreta sobre a realidade externa, inconsistente com a inteligência e antecedentes culturais do paciente, que não pode ser corrigido pela argumentação.


Delírios estão presentes em muitas das psicoses como esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno delirante, demências, etc. Eles geralmente tem origem na desconfiança

e medo do indivíduo em acreditar nas ideias da realidade. Por esta razão, seus pensamentos e ideias passam a ser mais confiáveis e seguros que o mundo que nos toca conviver. Tendo os pensamentos e crenças delirantes em mente, o indivíduo passa a fazer uma associação com suas memórias, emoções e motivações que geram uma espécie de sistematização do delírio com a sua vida. Este modelo de associação leva o delirante a um patamar de certeza absoluta sobre seus pensamentos de modo que se torna impossível a argumentação ou comunicação racional promovendo alterações do curso e a forma do pensamento.


Em sua obra “deus, um delírio” Richard Dawkins se utiliza da palavra delírio para classificar a fé religiosa cega que não se pode questionar, nem mesmo por seus seguidores. Este tipo de classificação não é novidade e está em paralelo com a tese do filósofo Robert M. Pirsig que relatou que “Quando uma pessoa sofre de delírio, isso se chama insanidade. Quando muitas pessoas sofrem de um delírio, isso se chama religião”. Apesar de ambos os argumentos já partirem, sem nenhuma comprovação prévia, da não existência de deus, estes exemplos nos permitem analisar o que seria “normal” na nossa realidade. O normal sempre será o frequente e portanto a “inferência errada da realidade”, presente no delírio, só poderá ser afirmada quando se tem o frequente como paradigma desajustado em relação às ideias individuais.




Dr. Lucas Nicolau

Emagrecimento e Performance

CRM 82767





Bibliografia

  • © Imagens modificadas de. Marilda Castanha. O Delírio. Disponível em <http://marildacastanhailustradora.blogspot.com.br/2011/10/blog-post.html>. Acesso em: 7 de fevereiro 2015.

  • KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; et all. Compêndio de Psiquiatria Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica.

  • DALGALARRONDO, P.. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ed. Artmed, 2008.

  • CHENIAUX, E.. Manual de Psicopatologia. 2ed. Guanabara Koogan, 2005.

  • SILVA, D. O. F.; MEIRA, L. V. S.; SANDOVAL, M. F.; et all.. Delirium e delírio: Opostos que se atraem. Revista de Medicina e Saúde de Brasília, Brasília, v.2, n.1. 2013.


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