Evangélico cotado para STF, William Douglas tem trânsito multirreligioso Evangélico cotado para STF, William Douglas tem trânsito multirreligioso

Evangélico cotado para STF, William Douglas tem trânsito multirreligioso

Juiz federal atuará no TRF-2, no Rio

É pastor da Igreja Batista Getsêmani

O juiz federal William Douglas, que é evangélico e tem trânsito entre líderes de várias religiões. Ele é um dos nomes citados para ocupar a vaga de Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal
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Nos próximos dias, o presidente Jair Bolsonaro deve nomear o juiz federal William Douglas, 53 anos, para ocupar o cargo de juiz do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro. Evangélico e pastor da Igreja Batista Getsêmani, ele tem sido mencionado por líderes religiosos desde 2020 como um bom nome também para o Supremo Tribunal Federal.

O plenário do TRF aprovou no dia 4 por unanimidade a promoção de Douglas para o tribunal. Pela Constituição Federal, para tomar posse, ele precisa ser nomeado pelo presidente da República, o que deve ser feito nos próximos dias –depois de análise do Ministério da Justiça.

Ao ser indicado pelo TRF-2, William Douglas mostrou que tem trânsito político e multirreligioso. Recebeu cumprimentos de representantes de várias religiões.

Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro e um dos principais líderes da Igreja Católica no Brasil, enviou uma carta (íntegra – 98Kb) a William Douglas.

Em sua carta, dom Orani escreveu: “Formulo votos de êxito na missão que vai assumir, a fim de que esteja sempre a serviço do bem comum, sob as bênçãos de Deus. Com a manifestação de minha estima e apreço”.

Outro que também mandou parabéns em mensagem (íntegra – 85Kb) foi Marcelo Knopfelmacher, coordenador executivo do Movimento Judaico Apartidário (MJA).

William Douglas também recebeu cumprimentos de líderes afro, espíritas e islâmicos.

Girrard Mahmoud Sammour, presidente da Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji), enviou ao novo juiz do TRF uma carta (íntegra – 825Kb)na qual reconhece seus “incansáveis esforços” no combate à intolerância religiosa.

Hédio Silva Jr., coordenador do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), afirmou em carta (íntegra – 85Kb) que Douglas tem “índole humanista” e “compromisso histórico com a luta por inclusão social, contra a intolerância religiosa”.

José Mentor, presidente da Associação Jurídico Espírita do Rio de Janeiro, disse em mensagem (íntegra – 83Kb) que o juiz tem “experiência na defesa, em especial e particular, dos direitos de livre manifestação religiosa o credenciam a justa e merecida promoção”.

O nome de William Douglas passou a ser defendido para o STF por pastores como Silas Malafaia e R R Soares desde quando o presidente Jair Bolsonaro falou que indicaria alguém que fosse “terrivelmente evangélico”.

Em 2020, quando abriu uma vaga decorrente da aposentaria do ministro Celso de Mello, o nomeado foi Kassio Nunes Marques.

A comunidade evangélica reclamou e o nome de William Douglas voltou a ser citado para a próxima vaga, que vai surgir com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, que completa 75 anos em 12 de julho de 2021 e terá de deixar a Corte. Essa é a idade limite para ministros do STF permanecerem no cargo.

William Douglas conta com a simpatia do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Em 2020, líderes evangélicos chegaram a preparar um abaixo-assinado defendendo a indicação de Douglas para o STF. O documento teve estes apoios:

Missionário R R Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus); pastor Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo); pastor José Wellington Bezerra da Costa (Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil); pastor Samuel Câmara (Convenção da Assembleia de Deus do Brasil); pastor Teófilo Hayashi (Teo Hayashi) (Ministério Dunamis e realizador do evento “the send); apóstolo Estevam Hernandes (Igreja Apostólica Renascer em Cristo); apóstolo Rinaldo Seixas (apóstolo Rina, da Igreja Bola de Neve); bispo Abner Ferreira (Assembleias de Deus no Brasil – Ministério de Madureira); pastor Carlito Paes (Igreja da Cidade e Rede); pastor Fernando Brandão (Projeto Cristolândia, da Convenção Batista Brasileira); pastor Israel Belo de Azevedo (Igreja Batista de Itacuruçá); pastor Sócrates de Oliveira (Convenção Batista Brasileira); bispo Miguel Uchoa (Igreja Anglicana do Brasil); pastor Paulo Mazoni (Igreja Batista Central-BH e DNA); pastor Márcio Valadão (Igreja Batista da Lagoinha); pastor Ezequiel Teixeira (Ministério Vida Nova de Irajá); pastor Márcio de Carvalho Leal (União das Igrejas Congregacionais do Brasil); e bispo Paulo Lockmann (Igreja Metodista).

PERFIL DE WILLIAM DOUGLAS

Antes de ter seu nome aprovado em 4 de fevereiro de 2021 para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, William Douglas foi juiz da 4ª Vara Federal em Niterói (RJ). Ele está na magistratura desde 1993 e é o mais antigo juiz de carreira atuando na 2ª Região, que abrange Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Ele é formado em direito pela Universidade Federal Fluminense, onde depois se tornou professor efetivo por concurso público. Fez mestrado na Universidade Gama Filho e sua dissertação teve como tema o valor real dos benefícios previdenciários.

William Douglas Resinente dos Santos (seu nome completo) nasceu em 4 de junho de 1967, na cidade do Rio de Janeiro. É autor de mais de 50 livros abordando temas do direito, religião, concurso público, português, autoajuda e empreendedorismo.

Ao todo, o juiz William Douglas estima que já ter vendido mais de 1 milhão de exemplares de seus livros. Os mais populares são “Como passar em provas e concursos” (lançado em 2008 e já 29ª edição, agora pela Editora Impetus) e “As 25 leis bíblicas do sucesso” (Editora Sextante).

Em dezembro de 2017, William Douglas recebeu da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil o prêmio “Dr. Benedicto Galvão”, instituído pela Comissão de Igualdade Racial em homenagem ao primeiro presidente negro da entidade (1940-1941).

No ofício que registra sua premiação, feito pela advogada Carmen Ferreira, da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, está escrito que se trata de “reconhecimento da importante militância e incansável luta” de William Douglas “em favor do cidadão afro-brasileiro, quer com ações afirmativas, quer com políticas públicas ou privadas de inclusão social, e pela manutenção das liberdades, restauração e preservação dos valores democráticos”.

William Douglas mantém um site pessoal, com a lista de livros publicados e também um detalhado currículo.

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