V.S. Naipaul, ganhador do Nobel de Literatura, morre aos 85 anos | Pop & Arte | G1

Por France Presse


V.S. Naipaul em foto de 2001 em Salisbury, na Inglaterra. Ele morreu aos 85 anos em sua casa em Londres, neste sábado (11) — Foto: Chris Ison/PA via AP/Arquivo

O escritor britânico nascido em Trinidad e Tobago V.S. Naipaul, premiado com o Nobel de Literatura em 2001, faleceu aos 85 anos, anunciou sua família neste sábado (11).

"Foi um gigante em tudo o que conquistou e morreu rodeado por aqueles que amava, tendo vivido uma vida cheia de uma criatividade maravilhosa e esforço", declarou sua esposa, Lady Naipaul, em um comunicado.

Nascido em Trinidad e Tobago, estudou Literatura inglesa na Universidade de Oxford, antes de se estabelecer na Inglaterra. Passou muito tempo viajando e se tornou um símbolo do desenraizamento moderno.

Naipaul mudou-se em 1950 para a Inglaterra, onde trabalhou como jornalista para a rede de TV britânica BBC. Doutor honoris causa pelas universidades de Cambridge, Londres, Oxford e Columbia, ele foi ainda sagrado cavaleiro britânico pela rainha Elizabeth II em 1990.

Ao conceder-lhe o Nobel, a Academia Sueca afirmou que V.S. Naipaul tinha sido premiado por "ter misturado narração perspectiva e observação incorruptível em suas obras, que nos condenam a ver a presença da história esquecida".

"V.S. Naipaul se sente cômodo somente em seu interior, no seio de sua expressão inimitável", afirmou a Academia.

O escritor V.S. Naipaul na cerimônia em que recebeu o prêmio Nobel de Literatura, em Estocolmo, na Suécia, em 10 de dezembro de 2001 — Foto: Reuters/Chris Helgren/File Photo

Obras

Naipaul misturou ficção, não ficção e autobiografia sem fazer distinções. Ele escreveu mais de 30 livros; muitas de suas obras estudam os traumas das mudanças pós-coloniais.

Um de seus principais romances, "Uma casa para o Sr. Biswas", trata sobre a árdua tarefa dos migrantes indianos no Caribe para se integrarem à sociedade e conservar suas raízes ao mesmo tempo.

Foi um dos primeiros ganhadores do Booker Prize, o principal prêmio literário do Reino Unido, em 1971, por "Num Estado livre".

V.S. Naipaul, em foto de maio de 1973 — Foto: Lehtikuva/STF via AFP

Polêmicas

Nos primeiros anos de sua carreira, Naipaul estava obcecado com problemas de dinheiro e com a solidão. Conheceu sua primeira mulher, Pat, em Oxford, e ela se tornou um apoio literário constante.

Pat faleceu em 1996 e, mais tarde, Naipaul revelou que sentia que havia acelerado sua morte, ao admitir publicamente, quando ela combatia um câncer, que havia procurado prostitutas.

"A confissão a consumiu. Acho que teve todas as recaídas e todo o resto depois disso... Poderia dizer que eu a matei", desabafa o escritor na biografia do britânico Patrick French, "The World is What it is: The Authorized Biography of V.S. Naipaul".

Durante toda sua carreira, expressou-se com franqueza e sem rodeios e chegou a comparar o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair com um pirata à frente de uma revolução socialista.

Falou mal das mulheres romancistas, descreveu os países pós-coloniais como sociedades pela metade e afirmou que o Islã escraviza e tenta acabar com outras culturas.

"Se escritoras mulheres são diferentes, são bastante diferentes. Leio um fragmento de texto e, com apenas um ou dois parágrafos, sei se foi uma mulher ou não que escreveu. Acho que [isso] não está no meu nível", disse ao jornal "London Evening Standard" em 2011.

A causa disso - completou - é o "sentimentalismo, a visão estreita do mundo" que as mulheres têm.

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