Mansões, 3 Grammy, namoro explosivo com J. Lo: como o rapper Diddy driblou a Justiça para construir império de US$ 1 bilhão na música e na moda
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Por The New York Times

Sean Combs, o magnata do hip-hop também conhecido como Puff Daddy ou Diddy, enfrenta várias acusações de agressão sexual. No final de 2023, ele chegou a um acordo em um processo aberto por Cassandra Ventura. Ela alega que Combs, de 54 anos, a estuprou e abusou fisicamente durante cerca de uma década. Como parte de “uma investigação em andamento”, agentes do Departamento de Segurança Interna invadiram na segunda-feira casas dele em Los Angeles e Miami. Combs foi um dos principais impulsionadores do hip-hop no mainstream. Mas sua carreira de mais de 30 anos na música, na moda e na TV tem sido interrompida por desentendimentos com a lei.

1991: ascensão conturbada de um estagiário ambicioso

Combs, aos 22 anos, era um estagiário relativamente desconhecido de uma estação de rádio quando ajudou a organizar um jogo de basquete entre celebridades com o rapper Heavy D. No ginásio superlotado do City College de Nova York, uma correria eclodiu entre a multidão, matando nove pessoas.

O relatório da investigação encomendada pelo prefeito David Dinkins criticava Combs por permitir que subordinados inexperientes planejassem o evento e o acusava de enganar o público alegando intenções de caridade do encontro.

“City College é um evento com o qual tenho de lidar todos os dias da minha vida”, disse Combs em 1998. “Mas isso não pode de forma alguma se comparar com a dor que as famílias enfrentam. Rezo todos os dias pelas famílias e pelas crianças que perderam a vida.”

Um ano depois, como estagiário na Uptown Records, ele produziu o remix de “Come and Talk to Me”, de Jodeci, que vendeu 3 milhões de cópias, firmando Combs como um talento em ascensão. Ele ajudou a produzir remixes para Heavy D, para artista de reggae Super Cat, e “Real Love” da cantora de R&B Mary J. Blige, que o apresentou ao rapper Notorious B.I.G.

Diddy em sua casa em Los Angeles — Foto: Reprodução
Diddy em sua casa em Los Angeles — Foto: Reprodução

1994: lançamento da Bad Boy Records

A Bad Boy Records, de Combs, foi fundada após sua saída da Uptown. O primeiro grande sucesso veio com o álbum “Ready to Die”, de Notorious B.I.G., que chegou a 15ª posição na Billboard 200. A estreia foi aclamada pela crítica e gerou os sucessos “Juicy”, “One More Chance” e “Big Poppa”. Além disso, o trabalho de Combs no álbum “My Life”, de Blige, naquele ano rendeu sua primeira indicação ao Grammy (de melhor álbum de R&B).

1997: a morte de Notorious B.I.G.

Combs recebeu alguns dos reconhecimentos mais notáveis ​​de sua carreira logo antes e depois da morte de Notorius B.I.G., nascido Christopher Wallace. O rapper foi morto a tiros em 9 de março, seis meses após o assassinato de seu rival Tupac Shakur.

O ano de 1997 começou com o lançamento de “Can’t Nobody Hold Me Down”, o primeiro single de Combs como Puff Daddy. A música passou seis semanas em primeiro lugar antes do lançamento antecipado de um álbum completo.

Quatro meses após a morte de B.I.G., “No Way Out”, creditado a Puff Daddy & the Family, estreou em primeiro lugar na Billboard 200, vendendo 561 mil cópias na primeira semana e gerando vários singles no topo das paradas. O maior deles, “I’ll Be Missing You”, contou com a participação da viúva de Wallace, Faith Evans, e do grupo de R&B 112.

O réquiem, que traz samples de “Every Breath You Take”, do Police, passou 11 semanas no topo da parada Hot 100 da Billboard. O LP rendeu a Combs prêmios Grammy de melhor álbum de rap e melhor performance de rap de dupla ou grupo. Naquele ano, quatro das 10 músicas que alcançaram o primeiro lugar no Hot 100 eram da Bad Boy Records.

1999: brigas e armas

Após uma disputa pelo uso de imagens em um videoclipe, o produtor musical Steve Stoute acusou Combs e seus guarda-costas de o espancarem com socos, e objetos como uma garrafa de champanhe, um telefone e uma cadeira. A denúncia poderia render até sete anos de prisão a Combs, em caso de condenação. Mas Stoute pediu ao promotor distrital de Manhattan que retirasse as acusações após um pedido público de desculpas. A causa da briga teria sido o uso por parte de Stoute, um executivo da Interscope Records, de imagens de Combs sendo crucificado no vídeo de “Hate Me Now”, do rapper Nas.

“Puff encharcou os escritórios da Interscope com garrafas de champanhe em Steve / E Steve pensou que o drama era meu”, escreveu Nas em uma canção de 2002 que imortalizou a altercação.

Em dezembro do mesmo ano, estourou uma discussão em uma boate de Manhattan, onde Combs estava com Jennifer Lopez, sua namorada na época. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas a tiros. Os detalhes seguiram confusos mesmo após o julgamento. O famoso advogado Johnnie Cochran defendeu Combs e várias testemunhas disseram que ele estava armado. Combs foi acusado de porte de arma e suborno, mas considerado inocente. Seu ex-protegido, o rapper Shyne, nascido Jamal Barrow, recebeu uma sentença de 10 anos de prisão por agressão, porte de arma e comportamento imprudente.

2002: maus tratos e cheesecake

Em 2002, Combs assumiu o comando do programa “Making the Band”, um reality show da MTV que reunia rappers e cantores iniciantes em grupos performáticos. As temporadas produziram os artistas Da Band e Danity Kane, e retrataram Combs como um chefe exigente, que fazia os membros caminharem de Manhattan ao Brooklyn para levar cheesecake para ele.

Nos últimos anos, vários membros da banda se manifestaram contra o que descreveram como maus tratos por parte de Combs e contratos ruins. Freddy P, do Da Band, descreveu Combs como a razão pela qual ele “odeia” a vida em uma postagem no Instagram no ano passado.

Naquele verão, Combs encerrou a joint venture da gravadora com a Arista, ficando com a propriedade total da Bad Boy Records e seu catálogo. Apesar da série de sucessos de R&B da gravadora e das tentativas de encontrar uma banda de rap da magnitude de Notorious B.I.G., Puff Daddy continuou sendo sua estrela mais confiável.

O rapper e produtor Sean "Diddy" Combs: quatro acusações de agressão sexual em três semanas — Foto: AFP
O rapper e produtor Sean "Diddy" Combs: quatro acusações de agressão sexual em três semanas — Foto: AFP

2003: de volta ao primeiro lugar

“Shake Ya Tailfeather”, um single da trilha sonora de “Bad Boys II” interpretada por Nelly, Murphy Lee e P. Diddy, como Combs era conhecido na época, alcançou o primeiro lugar na Billboard 100 e rendeu a ele o segundo prêmio Grammy de melhor performance de rap de uma dupla ou grupo (e terceiro no geral).

2004-2013: construindo um Império Além da Música

Combs expandiu seu império de negócios para além da indústria fonográfica, sendo reconhecido como designer de moda masculina por sua marca Sean John (2004), estabelecendo uma parceria para lançar a vodca Ciroc (2009) e fundando a Revolt TV (2013). Seu portfólio em 2022 é estimado pela Forbes em US$ 1 bilhão.

2015: outra prisão por acusações de agressão

Em 2015, Combs foi preso e acusado de agressão com arma mortal, ameaças terroristas e agressão após uma briga com um treinador de futebol da UCLA. Num comunicado à imprensa, a universidade descreveu a arma como um kettlebell (peso usado em academias). Justin Combs, filho de Sean Combs, começou a jogar futebol na universidade em 2012.

O gabinete do promotor distrital do condado de Los Angeles disse que os promotores decidiram não prosseguir com as acusações criminais após o incidente, de acordo com o The Washington Post.

Novembro de 2023: processo explosivo

Em meio às comemorações do 50º aniversário do hip-hop, Combs foi homenageado por seu papel pioneiro na expansão do gênero no MTV Video Music Awards em setembro. Pouco antes, já havia sido premiado pelo conjunto da obra no BET Awards em 2022. Em novembro, o álbum “The Love Album: Off the Grid”, de Combs, foi indicado ao Grammy de melhor álbum de R&B progressivo.

Mas pouco depois, no mesmo mês a cantora de R&B Cassie, que havia trabalhado na Bad Boy e teve uma longa parceria romântica com Combs, entrou com uma ação num tribunal federal acusando ele de estupro e de repetidos abusos físicos ao longo de cerca de uma década.

Cassie, cujo nome completo é Casandra Ventura, disse no processo que não muito depois de conhecer Combs em 2005, quando ela tinha 19 anos, ele iniciou um padrão de controle e abuso que incluía uso forçado de drogas, espancamentos e sexo forçado com michês enquanto ele filmava os encontros. Em 2018, diz o processo, perto do fim do relacionamento, Combs forçou a entrada na casa dela e a estuprou. Por meio de um advogado, Combs “nega veementemente essas alegações ofensivas e ultrajantes”.

Um dia após Ventura ter entrado com a ação, as duas partes chegaram a um acordo para resolver o caso, mas não divulgaram detalhes sobre os termos. “Decidi resolver este assunto amigavelmente, em termos nos quais tenho algum nível de controle”, disse Ventura num comunicado. Combs disse em nota: “Decidimos resolver este assunto amigavelmente. Desejo a Cassie e sua família tudo de melhor. Amor."

Agentes são vistos na entrada da casa do produtor e músico norte-americano Sean "Diddy" Combs em Star Island em Miami Beach — Foto: AFP
Agentes são vistos na entrada da casa do produtor e músico norte-americano Sean "Diddy" Combs em Star Island em Miami Beach — Foto: AFP

Novembro a dezembro de 2023: mais acusações de má conduta sexual

Uma semana depois de ter resolvido o processo com Ventura, Combs foi acusado num segundo processo de agredir sexualmente outra mulher, Joi Dickerson-Neal, em 1991.

Dickerson-Neal acusou Combs de drogá-la durante uma noite em Nova York, quando ela estava de folga na Universidade de Syracuse, onde era estudante. Ela acabou sendo levada para um lugar onde Combs estava hospedado, onde, de acordo com o processo, ela o acusa de tê-la estuprado e gravado o encontro em vídeo. Um porta-voz de Combs disse que ele “nega e rejeita completamente” as alegações.

Menos de duas semanas depois, surgiu uma terceira acusação. Uma mulher, cujo nome não aparece nos documentos judiciais, alegou que ele e dois outros homens a estupraram dentro de um estúdio de gravação em Nova York quando ela tinha 17 anos. Ela afirma ter conhecido dois dos acusados em um salão na área de Detroit em 2003. Na denúncia, ela alegou que a levaram em um avião particular para Nova York, onde os três homens lhe deram grandes quantidades de drogas e álcool, e se revezaram para estuprá-la no banheiro do estúdio enquanto ela estava sem consciência.

Quando terminaram, dizia o processo, a mulher caiu em posição fetal no banheiro, deitada no chão com dores. Ela disse que logo foi levada ao aeroporto e colocada em um avião de volta para Michigan.

Combs negou novamente qualquer irregularidade: “Deixe-me ser absolutamente claro: não fiz nenhuma das coisas horríveis que estão sendo alegadas”, disse ele em comunicado. “Lutarei pelo meu nome, pela minha família e pela verdade.”

Fevereiro de 2024: o produtor musical Lil Rod abre processo de má conduta sexual de US$ 30 milhões

O produtor Rodney Jones Jr., conhecido como Lil Rod, acusou Combs de "contato sexual indesejado" e de forçá-lo a contratar prostitutas e participar de atos sexuais enquanto trabalhavam no álbum “The Love Album: Off the Grade", de 2023

Na denúncia, apresentada no Tribunal Distrital dos EUA em Manhattan, Jones disse que Combs agarrou seus órgãos genitais sem consentimento e tentou “preparar” Jones para fazer sexo com outro homem, dizendo que era “uma prática normal no mundo da música.”

Combs, por meio de seu advogado, negou as acusações. Em comunicado, Shawn Holley chamou o processo de “uma tentativa de ganhar manchetes”. Ele acrescentou: “Temos provas contundentes e indiscutíveis de que suas afirmações são mentiras completas”.

Março de 2024: agentes federais invadem duas casas de Combs

Agentes federais do Departamento de Segurança Interna invadiram na segunda-feira casas na área de Los Angeles e Miami conectadas a Combs. Em comunicado, alegaram que: “Hoje cedo, a Homeland Security Investigations (HSI) de Nova York executou ações de aplicação da lei como parte de uma investigação em andamento, com assistência de HSI Los Angeles, HSI Miami e nossos parceiros locais de aplicação da lei. Forneceremos mais informações assim que estiverem disponíveis.”

Um porta-voz de Combs não respondeu a um pedido de comentário.

A investigação criminal está sendo conduzida por promotores federais no Distrito Sul de Nova York e agentes federais das Investigações de Segurança Interna, disse um oficial da lei.

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