“A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador!”, cantaram os alunos no hall do Centro Socioeconômico da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Em assembleia-geral do Diretório Central dos Estudantes na terça-feira (14), foi aprovada a adesão à greve.
“Semana passada houve deliberação da pós-graduação, e agora toda graduação e secundaristas do Aplicação entram em greve, após deliberação em uma assembleia que puxou centenas de estudantes para a UFSC mesmo sob parcialidade de aulas”, anunciou o diretório.
Os professores da universidade estão em greve desde 7 de maio, após uma votação da Apufsc-Sindical com 50,96% dos votos favoráveis.
A instituição integra a paralisação nacional da categoria docente que começou em 15 de abril.
Conforme o sindicato nacional Andes, a mobilização já conta com 47 universidades federais, seis institutos federais e dois Cefets (Centro Federal de Educação Tecnológica) em todo o Brasil.
Representados pelo Sintufsc, os servidores técnico-administrativos da UFSC estão paralisados desde 11 de março, quando começou o ano letivo da graduação.
Os trabalhadores reivindicam o reajuste salarial, a reestruturação da carreira e a recomposição do orçamento das universidades, além de protestar contra o sucateamento da educação.
Os estudantes da UFSC, em solidariedade aos servidores e docentes, somaram à greve nacional das instituições federais de ensino. Segundo o Sintufsc, mais de 600 alunos participaram da assembleia do Diretório Central dos Estudantes na terça-feira.
“Nossa greve se centra na recomposição orçamentária das IFES e acumula um conjunto valoroso de reivindicações locais e bandeiras de luta, que dão horizontes à mobilização e pontos concretos a conquistar na UFSC”, comunicou o diretório.
A entidade reiterou que a deliberação é soberana e toda a categoria estudantil está em greve, independente de manifestações individuais.
O Diretório Central dos Estudantes ainda fez um apelo aos alunos:
“Não é hora de ficar em casa ou se acomodar. Nosso movimento só cresce e não aceitará coação, constrangimento, assédio e nenhuma deslegitimação”, publicaram os grevistas nas redes sociais.
“Estamos comunicando imediatamente a reitoria e faremos essa greve avançar! Então vem sem medo construir a greve e lutar pelas vitórias necessárias com a gente!”, convocaram.
Governo Federal quer acabar com a greve nas universidades
Uma nova reunião da Mesa Específica e Temporária da Educação ocorre nesta quarta-feira (15). A expectativa é de que a proposta apresentada pelo Governo Federal acabe com a greve de servidores e professores nas instituições de ensino.
O presidente Lula demonstrou preocupação com a greve nacional em entrevista ao programa Bom Dia Presidente, da EBC, no dia 7 de maio.
“Vamos fazer um acordo. Não me encanta ver parte da educação em greve. Tenho que inaugurar muitas escolas técnicas, visitar universidades, e quero que os professores e funcionários estejam tranquilos”, garantiu o presidente.
Nesta quarta-feira, o governo deve apresentar uma resposta à contraproposta elaborada pela organização sindical Proifes-Educação.
A categoria docente rejeitou a proposta de reajuste zero para o magistério federal em 2024, mantida pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Os professores reivindicam a recomposição salarial de 22% e sugerem reajuste de 3,5% em 1º de setembro de 2024; 9,5% em 1º de janeiro de 2025 e 4% em 1º de janeiro de 2026.
Um avanço na negociação da greve foi o reajuste dos benefícios dos servidores federais, assinado pelo Ministério da Gestão e Inovação em 25 de abril.
O auxílio-alimentação passou de R$ 658 para R$ 1 mil, auxílio-saúde de R$ 144 para R$ 215 e o auxílio-creche de R$ 321 para R$ 484,90.
A contraproposta do Proifes também inclui pontos sobre reestruturação das carreiras e pautas não salariais.
O governo, por outro lado, argumenta que não há espaço no orçamento para o reajuste dos salários neste ano.