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Atualizado às: 29 de dezembro, 2006 - 15h19 GMT (13h19 Brasília)
 
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Entenda o conflito na Somália
 
Somália
Forças do governo interino da Somália, apoiadas pela Etiópia, expulsaram da capital, Mogadíscio, a União das Cortes Islâmicas (UCI), milícia que controlou a capital por seis meses, entre junho e dezembro de 2006. Leia a seguir os principais pontos do conflito que afeta a região.

Quais são os lados do conflito?

De um lado está o governo interino da Somália, formado com o apoio da Etiópia em 2004 no vizinho Quênia, depois de longas negociações de paz.

Mas, para controlar o país, o presidente interino, Abdullahi Yusuf, precisa antes contornar as divergências dentro de seu próprio governo, formado por diversos comandantes de milícias somalis.

Nos primeiros 18 meses de governo, o gabinete tentou definir onde seria sua sede. A opção foi Baidoa, já que se considerou a capital oficial, Mogadíscio, muito perigosa.

Mogadíscio era controlada pela organização que está do outro lado do atual conflito, a União das Cortes Islâmicas (UCI), que em junho de 2006 expulsou da cidade os comandantes de milícias que lutavam pelo poder.

Como surgiu a UCI?

A UCI é uma união de 11 tribunais islâmicos financiados por comerciantes e empresários de Mogadíscio preocupados com a crescente anarquia na cidade.

Desde a queda do último governo efetivo da Somália, em 1991, o país vivia sob o regime dos comandantes de guerrilha, que exerciam o poder com base no terror.

Nesse contexto, surge a UCI com o objetivo de restaurar e impor a Sharia – a lei islâmica – como meio de por fim à impunidade e à criminalidade na capital.

Miliciano somali

Traficantes de droga foram castigados, normalmente com chicotadas, em praça pública, e condenados por assassinato foram executados em público.

A UCI também proibiu o consumo do khat, um estimulante popular usado por milicianos.

A união dos tribunais se tornou poderosa no inicio de 2006, ao derrotar uma associação de comandandantes de milícias, a Aliança para a Restauração da Paz e do Contra-terrorismo - que teria sido apoiada pelos Estados Unidos, preocupados com o crescimento da influência da UCI.

Qual o interesse internacional na Somália?

Alguns observadores apontam para a possibilidade de que o real objetivo da UCI seja transformar a Somália num Estado islâmico, o que implicaria alianças que incomodam os países do Ocidente.

Observadores ocidentais dizem, por exemplo, que a Arábia Saudita e outros países ricos em petróleo no Oriente Médio são a principal fonte de financiamento da UCI para obter armas e recursos.

Mas a suposta aliança mais polêmica seria a da UCI com a rede Al-Qaeda, alardeada pelos Estados Unidos.

Há indícios de ligações da UCI com a Al-Qaeda?

Houve pelo menos quatro ataques contra alvos dos Estados Unidos ou Israel em países do leste africano, todos eles ligados à Somália.

Diplomatas acreditam que pequenos grupos de militantes, entre eles estrangeiros, estariam operando em território somali.

A UCI nega qualquer ligação com a Al-Qaeda. Mas essa suspeita, segundo observadores, tem levado os Estados Unidos a apoiarem líderes tribais de Mogadíscio que lutam contra a UCI, incluindo os comandantes da Aliança para a Restauração da Paz e do Contra-terrorismo.

A aliança declarou ter a intenção de combater os militantes da Al-Qaeda protegidos pela união dos tribunais.

Qual o interesse dos países vizinhos no conflito?

A Etiópia, que já combateu a Somália em quatro guerras, diz que seu objetivo é conter o fundamentalismo islâmico na região.

As preocupações do governo etíope em Adis-Abeba cresceram à medida que a UCI e sua devoção à lei islâmica ganhavam influência no centro e sul da Somália.

Apesar de uma resolução da ONU proibindo países vizinhos de fazer incursões na Somália, a Etiópia alegou estar ameaçada e decidiu apoiar o governo interino de Baidoa.

O exército da Etiópia é um dos maiores e mais bem-equipados da África, com mais de 100 mil soldados treinados.

Acredita-se que a Eritréia, rival da Etiópia na região, ajude a milícia islâmica com armas e pessoal.

Um relatório vazado da ONU afirmava que a Etiópia mantinha 8 mil homens na Somália, depois do avanço da UCI em junho. Acreditava-se que a Eritréia tivesse enviado 2 mil soldados para as fileiras da UCI.

Quanto tempo as tropas etíopes permanecerão?

O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, disse que a intervenção na Somália era “limitada”.

"Não queremos reconstruir a Somália economicamente, politicamente nem de nenhuma outra forma", ele afirmou.

Soldado do governo interino
Soldado do governo interino

Ele afirmou que os soldados deixariam o país tão logo o governo interino estivesse estabilizado, e os últimos milicianos islâmicos, contidos.

Não está claro se as tropas da Etiópia entraram na capital, Mogadíscio.

Um porta-voz do governo interino disse à BBC que as tropas que entraram na cidade eram majoritariamente formadas por somalis, mas Bereket Simon, conselheiro do primeiro-ministro etíope, esclareceu que soldados do país vizinho permaneciam vigilantes na periferia da cidade.

Segundo os relatos, antigos grupos tribais que dominaram Mogadíscio por 15 anos reapareceram nas ruas. Muitos moradores apoiaram a chegada das tropas oficiais, mas outros condenaram o apoio da Etiópia.

No início de dezembro, a ONU aprovou o envio de 8 mil homens da União Africana à Somália, em missão de paz.

Mas ainda não está claro que países contribuiriam com esta força. Enquanto as incertezas permanecerem, é provável que as tropas etíopes permaneçam no país.

 
 
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