DOC, primeiro meio eletrônico de transferência bancária no Brasil, vai ser extinto hoje
O primeiro meio eletrônico de transferência bancária do Brasil vai ser extinto.
Vai ser o fim de uma era. Quando surgiu, há quase quatro décadas, mudou a forma de fazer o dinheiro circular. Uma operação que a geração mais nova nem conhece direito.
“Não, não tenho. Não faço nem ideia do que é DOC. O que é DOC?”, pergunta, rindo, a estudante Maria Clara Bastos da Silva.
O primeiro meio eletrônico de transferência bancária, o DOC - Documento de Ordem de Crédito - passou por cinco moedas; foi do cruzeiro até o real. Com ele, os clientes começaram a transferir dinheiro, tendo o valor debitado no mesmo dia da operação e o crédito caindo na conta do beneficiário no dia útil seguinte. Foi uma mudança e tanto no sistema financeiro brasileiro.
O bancário Antônio César Costa trabalha em banco há 40 anos. Sabe bem como era antes do DOC.
“O cliente tinha que ir a uma agência, pedir uma ordem de pagamento, que era equivalente a um cheque, enviar essa ordem de pagamento para quem fosse receber o crédito. Então, você tinha um processo operacional penoso tanto para instituição quanto ao cliente que ia enviar esse pagamento”, conta.
Outro meio bancário que também vai acabar é o TEC - Transferência Especial de Crédito - para o pagamento, por empresas, de benefícios a funcionários. O fim desses serviços foi uma decisão dos bancos informada ao Banco Central.
Chega ao fim o DOC, o primeiro meio de transferência eletrônica de dinheiro no Brasil — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
O prazo limite para envio ou agendamentos de DOC e TEC termina às 22h desta segunda-feira (15). A partir desse horário, os serviços não estarão mais disponíveis nos caixas eletrônicos ou nos aplicativos de bancos. Uma mudança que pode ser explicada por três letrinhas: PIX.
Em 2020, quando o PIX foi criado, foram feitas 176 milhões de transações. No ano seguinte, foram mais de 9 bilhões e, em 2023, o Banco Central registrou quase 42 bilhões de transações via PIX. O DOC, por sua vez, registrou 251 milhões de transações em 2020, e o número foi caindo vertiginosamente, ano a ano, até chegar a 36 milhões em 2023.
“Eu destacaria que o PIX agora tem ainda uma vantagem adicional em relação à época do DOC: é pelo fato dele captar uma parcela da população maior, englobar uma parcela da população maior nesse sistema de pagamento, uma vez que você inclui também o mercado informal e você possibilita transação de valores monetários menores, coisas que o DOC não fazia. Mas quando a gente compara épocas, são duas grandes revoluções para o sistema financeiro brasileiro”, afirma Paulo Casaca, economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais.
O DOC acaba nesta segunda-feira (15), mas a TED continua existindo para transferências acima de R$ 5 mil de uma conta para outra.
LEIA TAMBÉM