Após baixa, Guaíba pode sofrer 'repique' e alcançar 5 metros com novas chuvas, diz UFRGS | Rio Grande do Sul | G1

Por g1 RS


Beira do Guaíba mostra enchente em Porto Alegre no dia 8 de maio de 2024 — Foto: Nelson Almeida/AFP

Cientistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS alertam para a possibilidade de elevação do nível do Guaíba após novas chuvas no Rio Grande do Sul. Depois de alcançar 5,33 metros no domingo (5), o lago baixou para 4,71 metros nesta quinta (9). Os temporais e cheias no RS já deixaram 107 mortos.

Os pesquisadores afirmam que há "possibilidade de repique por efeito das chuvas previstas a partir de final de semana podendo retornar a marca dos 5 metros". O cenário pode ser prejudicado caso o vento que sopra do sul se confirme, elevando o lago em cerca de 20 centímetros.

"Caso as chuvas não se confirmem, tendência de redução gradual mantendo-se acima de 4 metros por mais de uma semana", diz o comunicado do IPH.

Nível do Guaíba baixa em Porto Alegre

Nível do Guaíba baixa em Porto Alegre

Os afluentes do Guaíba apresentam agora lenta redução de seus níveis (caso dos rios Jacuí, Sinos e Gravataí) ou moderada (situação do Taquari). No entanto, eles devem voltar a encher com a projeção de chuvas entre sábado (11) e domingo (12), explica Pedro Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do governo do RS.

"Com essas chuvas, a gente tende a voltar acima dos 5 metros. Provavelmente, em limiares, que a gente já atingiu ali entre 5 metros, 5,30 metros", afirma Camargo.

A cota de alerta do Guaíba é de 2,5 metros. A cota de inundação, ou seja, quando a água atinge a orla, é de 3 metros.

Nível máximo do Guaíba por dia
Atualizado às 12h45 de sexta-feira (10)
Fonte: ANA

Mercado Central é visto em meio à água em Porto Alegre — Foto: Andre Penner/AP

Previsão do tempo

O governo do estado alertou para a ocorrência de chuvas a partir de sexta (10).

"Tem que ficar bastante claro que essas regiões aqui vão ser realmente, de novo, as mais impactadas. Então, a condição é bastante crítica, não só para a questão de rios", diz a meteorologista Cátia Valente, da Sala de Situação do RS.

  • Sexta (10): as chuvas se espalham pelo estado, sendo mais intensas no Centro, Norte, Nordeste, Vales, Região Metropolitana e Litoral Norte (volumes até 120 milímetros); ventos quadrante sul e mar agitado
  • Sábado (11): chuvas seguem fortes e persistentes entre 40 e 90 milímetros, nas mesmas regiões; ventos seguem no quadrante sul e mar agitado.
  • Domingo (12): chuvas seguem intensas com volumes entre 80 e 140 milímetros; ventos de sudeste/leste e mar agitado
  • Segunda (13): chuvas persistem localmente fortes nessas regiões

Mapa mostra projeção de chuva no RS — Foto: Reprodução/Governo do RS

Temporais no RS

O mais recente boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul aponta que subiu para 107 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. A atualização desta quinta-feira (9) ainda indica um óbito sendo investigado. O estado registra 136 desaparecidos e 374 feridos.

Há 232,6 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 67.563 em abrigos e 165,1 mil desalojadas (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). Os relatos dessas pessoas são um misto de desamparo e esperança, um verdadeiro impasse.

O RS tem 428 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,482 milhão de pessoas afetadas.

Além de todas as moradias que terão de ser reconstruídas após as inundações do Rio Grande do Sul, outro desafio será enfrentado pelo estado: a reestruturação de pelo menos 426 escolas estaduais que foram danificadas pela água.

Pelo menos 220 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul enfrentam problemas com sinal de telefonia e internet, segundo levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Sete cidades estão sem sinal.

As ações de socorro contam com o apoio de um helicóptero emprestado pelo governo do Uruguai. O país vizinho enviou uma equipe de oito tripulantes entre pilotos, copilotos, técnicos e socorristas. O papa Francisco destinou 100 mil euros (cerca de R$ 554 mil) para ajudar vítimas. A verba, retirada da Esmolaria Apostólica, departamento da Santa Sé dedicado à caridade, foi destinada para o "auxílio aos desabrigados".

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