Caso de Bruce Willis, cuja demência se tornou pública, inspira livro escrito por sua mulher e é referência para profissionais
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No filme “Corpo fechado”, lançado em 2000, o diretor M. Night Shyamalan conta a história de como um homem aparentemente comum descobre ter superpoderes. Para viver esse personagem, elegeu Bruce Willis, na época um super-herói das bilheterias. Mas e quando esse herói precisa encarar a própria finitude de um jeito que nunca imaginou? É o que acontece com o ator, de 69 anos, uma das maiores estrelas do cinema de ação das décadas de 1980 e 1990, agora impedido de trabalhar por causa de demência frontotemporal.

Sua condição se tornou pública em março de 2022 e é recorrentemente discutida nas redes sociais da família, sobretudo a de Emma Heming Willis, casada com ele desde 2009. É esta história que ela pretende contar em um novo livro, anunciado em abril, com previsão de chegada às livrarias ano que vem. A ideia de Emma é revelar detalhes sobre a atual realidade de Willis e expor como ela, sua principal cuidadora, lidou com as transformações na própria vida. “Quando a gente não cuida de nós mesmos, não podemos cuidar dos outros”, postou Emma em redes sociais. “Preciso diariamente fazer um esforço consciente para viver a melhor vida que posso.” O livro vai sair pela editora Penguin Random House, que, procurada pelo GLOBO, não compartilhou detalhes sobre a publicação.

Natal em família. A partir da esquerda, Emma Heming, Demi Moore, Bruce Willis e suas filhas, Talullah, Scout La Rue e Rummer (do casamento com Demi) e Evelyn Penn e Mabel Ray (menores, do casamento com Emma) — Foto: Reprodução
Natal em família. A partir da esquerda, Emma Heming, Demi Moore, Bruce Willis e suas filhas, Talullah, Scout La Rue e Rummer (do casamento com Demi) e Evelyn Penn e Mabel Ray (menores, do casamento com Emma) — Foto: Reprodução

Gente como a gente

Em março de 2022 foi divulgado que Bruce Willis estava se afastando do cinema por causa de uma afasia, disfunção que atrapalha a fala. Um ano depois, a família trouxe a público o diagnóstico de demência frontotemporal, condição neurodegenerativa que afeta a linguagem e o comportamento. Na época, diretores e atores que trabalharam com ele nos últimos anos revelaram terem se preocupado, nos bastidores, com a saúde do ator. Ele não parecia, nem de longe, com John McClane, de “Duro de matar”, que virou de cabeça para baixo a noção de herói de Hollywood em 1988.

— Até então, o público tinha como herói dos filmes de ação atores como Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, homens muito fortes — diz o crítico de cinema Mario Abbade. — O cara comum não se sentia representado. Ele pensava: “Nunca vou ser um Stallone com esse corpo.” Mas aí chega o Bruce Willis, já ficando meio calvo, e consegue colocar o homem mais comum nessa posição.

Willis havia feito sucesso na série “A gata e o rato”, mas ainda era inexperiente no cinema. O que, segundo o crítico, acabou se revelando um trunfo para brincar com as expectativas da plateia.

—Como o grande público não o conhecia, pensava-se que ele podia morrer a qualquer momento nos filmes, mesmo em “Duro de matar 2” (1990) — diz Abbade. — Stallone, por exemplo, podia enfrentar um dragão e você sabia que ele não ia morrer. Nem o James Bond.

Esta imagem de herói despretensioso, construída ao longo de 35 anos, tem agora sido usada, sob intermédio da família, para a discussão sobre as demências e os impactos delas no ambiente familiar. Bruce tem cinco filhos: três filhas do casamento com Demi Moore (Rumer, de 35 anos; Scout, de 32; e Tallulah, de 30). Com Emma, ele tem duas meninas: Mabel, de 12, e Evelyn, de 10. As mais velhas, a ex e atual mulher tratam do assunto sem muitos pudores, o que, na visão de especialistas, contribui para derrubar estigmas.

Esconder é pior

Neurologista e professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Bertolucci acredita que, quanto mais se fala abertamente sobre o assunto, mais o círculo social e a sociedade como um todo ficam acostumados às mudanças comportamentais que vão acontecendo progressivamente com determinados tipos de demência. Isso evita interpretações e julgamentos errôneos.

—Vejo famílias ocultando as demências o quanto podem — diz Bertolucci. — Esconder elas podem, mas tem um custo de energia que não sei se compensa muito. Bruce Willis e sua família, como celebridades, podem ajudar outras pessoas a decidir sobre contar. Quando se fala abertamente sobre o assunto, todos entendem melhor, por exemplo, quando acontecer alguma coisa estranha.

Exemplo a ser seguido

Segundo o professor da Unifesp, frontotemporal é uma das demências menos recorrentes, não chega a 5% dos casos. Alzheimer é responsável por entre 50% a 60% dos casos de demência, seguida pela vascular (cerca de 30%) e de Lewy (por volta de 15%). Cada uma com determinadas especificidades, todas impactam as rotinas de quem está ao redor. Escrever sobre e para os cuidadores, como planeja Emma, também é comemorado.

— As pessoas não precisam esconder as dificuldades, e a troca de informação fortalece muito. Esse tipo de livro ajuda muito na saúde mental — diz Elizabeth Barham, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos. — Quem cuida se sente em um papel importante.

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