Vida agitada podemos descrever como uma vida regada a álcool (muito álcool), mulheres e drogas, mesmo nos fins de semana de grande prêmio. Quando corria pela Hesketh, James tinha no macacão a inscrição "Sexo, o café da manhã dos campeões".

Mas Hunt tinha talento e coragem. Venceu dez corridas e levou a melhor num épico duelo com o austríaco Niki Lauda pelo campeonato de 1976. A rivalidade entre os dois pilotos, de personalidades tão diferentes, foi marcante a ponto de virar filme de Hollywood ("Rush, no limite da emoção" - Califórnia Filmes, 2013).

Hunt parou de correr de repente, em 1979, quando perdeu a motivação por guiar o fraco carro da Wolf. No mesmo ano, virou comentarista da TV inglesa BBC, onde formou lendária dupla com o narrador Murray Walker. Morreu dois dias depois de comentar o GP do Canadá.

Para relembrar Hunt, o F1 Memória separou algumas frases marcantes - e polêmicas - que traduzem bem a personalidade do inglês. Vamos a elas?

"Grandes bolas..."

Respondendo a Stirling Moss como ele seguia tão rápido mesmo com as mudanças de regulamento no meio da temporada de 1976.

"A maioria das pessoas pensa que eu me divirto muito e que sou um piloto muito bom, mas não leva muito a sério a minha pilotagem."

Comentando a fama de beberrão e baladeiro.

"Aí vamos vendo Phillippe Alliot sofrendo um acidente... Na verdade, foi apenas uma escapada, mas bem de acordo com seus padrões."

Ao ver uma imagem recuperada do piloto francês saindo da pista durante o GP do Japão de 1989.

"Jean-Pierre Jarier tem uma idade mental de dez anos. Ele deveria ser banido do automobilismo porque é ele mesmo."

Após o francês, retardatário, atrapalhar o compatriota e líder Patrick Tambay durante o GP da Áustria de 1983.

"Aqui temos uma grande disputa entre o provavelmente maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna, e seu perseguidor, Michael Schumacher, que aspira o que ele atingiu."

Ao comentar a briga entre o brasileiro e o alemão no GP do Canadá de 1993 - esta foi a última transmissão de Hunt, que morreu dois dias depois da corrida.

"Aí está Andrea de Cesaris fazendo sua performance usual. Ele não percebe os líderes dando volta nele, reparem Nigel Mansell chegando. Vejam esse idiota..."

Criticando o italiano, retardatário, por quase tirar o inglês do GP de San Marino de 1990.

"Se eu entrar num carro em um circuito, piloto o mais rápido que posso, é isso."

Descrevendo seu estilo de pilotagem.

"Tenho uma teoria de por que as mulheres gostam de pilotos de corrida... Não é porque elas respeitam o que fazemos, pilotando em círculos. Principalmente elas acham isso patético e provavelmente estão certas. É a nossa proximidade com a morte. Você vê que quanto mais próximo da morte, mais vivo você se sente, mais vivo você é."

Filosofando sobre a carreira de um piloto.

"Não há dúvidas de que Nelson está indo muito bem, ele é fantástico. De repente ele conseguiu juntar tudo."

Comentando em 1979 o desempenho de Nelson Piquet, que vinha superando o companheiro de Brabham Niki Lauda nos treinos de classificação.

"Piquet não tem motivação alguma. Ele está apenas na F1 para manter seu iate de 45 metros à tona e seu helicóptero com gasolina."

Falando sobre a fase de maus resultados de Piquet na Lotus, em 1988 - tempos depois, o próprio tricampeão admitiu que se transferiu para a equipe para ganhar dinheiro.

"Tudo o que posso dizer é que isso é m..."

Depois de o narrador Murray Walker dizer que René Arnoux justificou seu mau desempenho em 1989 pela troca dos motores turbo, com os quais ele estaria mais acostumado, pelos aspirados.

"Nove pontos, 20 mil libras e muita felicidade. Posso pegar esse teu cigarro?"

Ao ser entrevistado depois de vencer o GP da Inglaterra de 1976.

"Você me deu uma virada maravilhosa na minha vida ao assumir a conta mais alarmante de despesas do país."

Ao agradecer ao ator Richard Burton por ter passado a namorar sua ex-esposa Suzy Miller - Burton ainda pagou a Hunt US$ 1 milhão durante o processo de divórcio.

"Minha primeira prioridade é terminar em cima e não embaixo da terra."

Ao descrever sua carreira de piloto.

"Quero ficar bêbado."

Ao responder qual seria seu primeiro desejo após se tornar campeão mundial no GP do Japão de 1976.

"Detesto ver um piloto ir embora antes de estar acabado. Desejo que Ayrton Senna dispute toda a temporada, não importa as negociações, quanto ele vai receber. Queremos ver o melhor piloto do mundo, de longe! Queremos vê-lo correr, mesmo num carro inferior."

Durante a última volta do GP do Brasil de 1993, quando Senna se encaminhava para a vitória - o brasileiro ainda não sabia se iria disputar toda a temporada e estava assinando um contrato para cada corrida.

"Os pilotos estão ficando irrelevantes hoje em dia."

Ao comentar a mudança de personalidade dos pilotos de F1.

"A primeira coisa que acontece quando você aperta o acelerador é nada. A segunda coisa que acontece quando você aperta o acelerador é tudo."

Sobre a sensação de guiar um carro de F1.