Copa do Mundo Feminina de 2027: busca por votos para o Brasil vai até o último minuto | futebol internacional | ge

Por Martín Fernandez — Bangkok, Tailândia


O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, dava uma entrevista para um repórter no lobby do hotel da Fifa, em Bangkok, quando a conversa foi subitamente interrompida por um assessor.

– Desculpa, agora ele precisa conseguir um voto.

Valesca Araújo detalha candidatura do Brasil à Copa Feminina de 2027

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Ednaldo, então, passou a falar com um dos 207 eleitores que vão decidir onde será disputada a próxima Copa do Mundo Feminina, em 2027. O Brasil é um dos candidatos. O outro é uma aliança formada por Holanda, Bélgica e Alemanha. A Fifa tem 211 filiados, mas os países que participam de candidaturas não podem votar.

Pela primeira vez na história, a sede do Mundial Feminino será decidida pelo Congresso da Fifa, no qual votam presidentes de todas as associações nacionais de futebol. Até então, a escolha cabia ao Conselho, que tem 36 integrantes. A votação será na sexta-feira.

– Daqui para a frente, meu trabalho vai ser o de convencer os colegas da importância de termos uma Copa do Mundo Feminina na América do Sul, algo que nunca aconteceu – disse Ednaldo ao ge, antes de ter a entrevista interrompida em nome de um objetivo maior.

Jaqueline Barros, Ednaldo Rodrigues, Manu Biz e Valesca Araujo — Foto: Martín Fernandez

Além deste trunfo – do ineditismo do Mundial Feminino no continente – Ednaldo tem como grande argumento o relatório técnico elaborado pela própria Fifa, que deu ao Brasil nota superior à da candidatura rival (4, numa escala de 1 a 5, contra 3,7 dos europeus).

O trabalho de convencimento não se limita à semana decisiva na Tailândia, onde ocorre o Congresso da Fifa, evento anual em que a entidade reúne seus principais dirigentes para tomar as grandes decisões do futebol.

Nos últimos meses, representantes da candidatura brasileira viajaram pela Ásia para convencer eleitores (assim como a outra candidatura, como prevêem as regras da Fifa). Antes disso, houve visitas e contatos e apresentações feitas em outros países, de outras confederações.

A CBF não está sozinha na busca por votos. O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, e outros dirigentes da entidade também estão envolvidos na campanha para o Mundial Feminino para a América do Sul.

Congresso da Fifa decidirá sede da Copa do Mundo Feminina de 2027 — Foto: Getty Images

Até um episódio que a Conmebol e a CBF gostariam de esquecer foi relembrado na campanha por apoios para a votação desta sexta-feira.

Em 2018, na disputa pela sede da Copa do Mundo de 2026, a América do Sul combinou de votar em bloco na candidatura da América do Norte (EUA/México/Canadá). Mas o então presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, quebrou o acordo e votou no Marrocos.

A gafe ficou exposta assim que os votos foram exibidos num telão do centro de convenções de Moscou onde ocorreu a votação. Durante anos esse caso foi motivo de constrangimento. Nesta semana, cartolas brasileiros lembraram seus pares marroquinos do "apoio acidental" de 2018 e pediram por uma retribuição agora.

Dirigentes de todos os continentes ouvidos pela reportagem ao longo desta semana evitaram contar em quem vão votar ou fazer previsões. "Vamos ver" é a resposta padrão para perguntas desse tipo.

A maior parte deles, porém, aponta o Brasil como favorito. Alguns dizem que "é justo" a América do Sul receber o torneio pela primeira vez. Outros mencionam o relatório técnico e a nota mais alta obtida pela candidatura brasileira na comparação com a europeia.

O resultado será conhecido na madrugada de sexta-feira.

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