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Ata do Copom: entenda o motivo do racha na diretoria do Banco Central

Corte de 0,25 ponto da Selic dividiu diretoria do BC. A metade dos membros do órgão, nesse caso, indicados pelo atual governo, queria 0,50

atualizado

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Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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1 de 1 imagem colorida da reunião do Copom, do Banco Central, em janeiro de 2024 - Metrópoles - Foto: Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (14/5) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada entre 7 e 8 de maio, na qual a taxa básica de juros do país, a Selic, foi reduzida de 10,75% para 10,25% ao ano. O documento traz indicações sobre os motivos que provocaram o racha na diretoria do BC na discussão sobre o tamanho do corte.

Dos oito diretores do BC, quatro deles, todos indicados pelo atual governo do PT, votaram a favor da redução de 0,50 ponto percentual da Selic. Outros quatro optaram por uma queda menor, de 0,25 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, resolveu o impasse. Ele aderiu à segunda turma e os juros básicos caíram para 10,50%. 

Embora a questão política tenha tido grande peso na discussão, como observaram diversos analistas, a ata traz detalhes do debate técnico entre os dois grupos sobre o tema. De acordo com o texto, os dois núcleos de diretores concordaram que houve um aumento das incertezas no cenário econômico tanto interno como externo.

Os que optaram pela redução de 0,25 ponto, porém, consideraram que, embora o Copom tenha indicado na reunião de março um corte de 0,50 ponto, era fundamental diminuir esse valor. Diz a ata: “Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance (a orientação de corte de 0,50), mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”.

“Custo reputacional”

Em contrapartida, os diretores indicados pelo atual governo argumentaram que abandonar a orientação (o guidance) de corte de 0,50 poderia ter consequências negativas para os futuros comunicados do órgão. “Como em debates ocorridos em outras reuniões”, diz o texto da ata, “tais membros discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”.

Ou seja, formalmente, o debate concentrou-se em até que ponto a piora no cenário econômico justificava a mudança na orientação de corte de 0,50, que havia sido dada na reunião de março, e até se essa alteração provocaria futuros ruídos nas comunicações do órgão.

Quanto à piora do no quadro econômico global, ela é destacada desde o primeiro parágrafo da ata. O documento de março dizia, por exemplo, que o “ambiente externo seguia volátil”. Agora, a análise elevou o tom da preocupação. “O ambiente externo mostra-se mais adverso”, diz o novo texto, indicando que isso ocorre “em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”.

Trabalho e questão fiscal

Sobre o ambiente interno, foi dada maior ênfase ao mercado de trabalho, cuja atividade foi definida como “aquecida” e, nessa condição, pode exercer pressão inflacionária. A última ata do Copom também destacou a questão fiscal, elevando o tom de preocupação sobre esse tema. No mês passado, o governo alterou a meta fiscal para os anos de 2025 e 2026.

Diz o texto sobre o assunto: “O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. Ainda que as projeções de resultado primário e de trajetória da dívida não tenham se alterado significativamente, observou-se, no período, um aumento do prêmio de risco e uma percepção de piora da situação fiscal”.

Votação

Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.

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