Carlos I - Knoow

Carlos I

Carlos I de Portugal foi o penúltimo soberano português. O seu reinado viu a emergência da contestação do movimento republicano, que culminaria com o regicídio em 1908.

Biografia de Carlos I de Portugal:

Carlos i de Portugal era filho de Luís I e Maria Pia, nasceu a 28 de Setembro de 1863 no Palácio Nacional da Ajuda em Lisboa. Reinou de 19 de Outubro de 1889 até a sua morte a 1 de Fevereiro de 1908. Casou-se com Amélia de Orleães, resultando desta união o sucessor ao trono português Manuel II. Pelas circunstâncias trágicas da sua morte (regicídio), ficou conhecido como o ‘Rei Mártir’, pela sua veia diplomática e boas relações que estabeleceu com a Espanha, Reino Unido, França e Alemanha ficou conhecido como o ‘Diplomata’. A paixão que demonstrava pela Oceanografia fez com que fosse conhecido também como o ‘Oceanógrafo’.

Carlos I de Portugal

Carlos I de Portugal

O nascimento de Carlos I foi um alívio para a coroa portuguesa, após a morte de três príncipes herdeiros. Embora derrotados na Guerra Civil, sem um príncipe herdeiro o trono português poderia cair novamente em mãos miguelistas. Como único herdeiro ao trono luso, Carlos foi preparado desde a infância na arte de governação. Estudou diversas línguas e áreas de conhecimento, viajou e viveu nas mais diversas cortes europeias. Foi no decurso destas viagens que conheceu Amélia de Orleães, o enlace deu-se na Igreja de São Domingos em Lisboa a 22 de Maio de 1886.

Ascendeu ao trono português após a morte do pai em 1889. Rapidamente teve que lidar com o Ultimato Inglês em 1890, resultante das pretensões portuguesas no Continente Africano presentes no Mapa cor-de-rosa. A capitulação portuguesa a todas as exigências britânicas gerou uma onda de contestação no país, e potenciou a expansão ideológica do movimento republicano. Embora tivesse sido reprimida, a 31 de Janeiro de 1891 é feita uma primeira tentativa de implantação de um regime republicano na cidade do Porto.

Carlos I era descrito pelos seus pares como um homem culto, inteligente e conhecedor do mundo contemporâneo. O século XIX ficou conhecido pelo nacionalismo, o que em muito potenciou a onda de indignação face à capitulação portuguesa relativamente ao Império Britânico. Mas realisticamente falando, pouco ou nada a coroa portuguesa poderia fazer contra a grande potência de então.

A característica mais vincada de Carlos I foi a diplomacia. O desenvolvimento resultante da Revolução Industrial retirou protagonismo a Portugal, que manteve-se sempre atrás dos grandes desenvolvimentos económicos e produtivos.

Apesar das circunstâncias adversas do início do reinado, Carlos I conseguiu colocar o país no centro da acção diplomática europeia, muito fruto da sua agilidade e facilidade em estabelecer pontes diplomáticas. Vários governantes estrangeiros visitaram Portugal, como o Presidente Francês recebido em entusiasmo pelos defensores do republicanismo português, o Imperador Alemão Guilherme II ou Afonso XIII de Espanha. O monarca português também ausentava-se frequentemente do país em missões diplomáticas ao estrangeiro. O parentesco que Carlos tinha com muitos dos soberanos de então, facilitava a actividade diplomática.

O reinado de Carlos I viu adensar-se a crescente insatisfação popular, relativamente a um sistema politica constitucional cheio de vícios, que não permitia uma verdadeira execução democrática. O poder alternava sempre entre o Partido Regenerador e o Progressista. Rapidamente o Partido Republicano e o Socialista começaram a ganhar preponderância, mas viam-se alienados dos cargos de decisão pelos entraves constitucionais que protegiam as elites. Quando um dos partidos do ‘arco da governação’ não estava no poder, eram atribuídos cargos de administração não executiva do reino, manteve o poder concentrado num pequeno núcleo.

A este sistema político desgastado e corrupto juntou-se as sucessivas crises económicas e financeiras do país, que estendiam-se às concessões coloniais. De forma a colmatar as grandes falhas do reino, João Franco assume a administração política do Estado. A postura autoritária deste só exacerbou a onda contestatária que vinha a assolar o país. Inclusivamente certas parcelas monárquicas juntaram-se aos republicanos na contestação contra a ditadura administrativa de Franco. Esta contestação atingiu o seu zénite a 28 de Janeiro de 1908 com uma tentativa de derrube do governo, prontamente controlada.

Neste início de ano conturbado Carlos I estava no Palácio de Vila Viçosa. Regressou a Lisboa de imediato onde viria a ser assassinado a 1 de Fevereiro de 1908. O monarca regressava à capital numa tentativa de sanar os ânimos e hostilidades entre a facção apoiante de Franco e os contestatários, a morte de Carlos I provavelmente retirou hipótese de uma verdadeira reforma constitucional monárquica.

O regicídio gerou uma onda de coonestação e indignação nas cortes europeias. Os autores do atentado, Afonso Braga e Manuel Buíça membros do movimento republicano foram mortos no local pela Guarda Real. O príncipe herdeiro Luís Filipe foi igualmente ferido de morte neste tiroteio.

Carlos I era um verdadeiro amante das tecnologias. Tinha feito planos para a electrificação das ruas lisboetas, era amante da fotografia e do estudo dos oceanos. Em sua homenagem o navio oceanográfico da Marinha Portuguesa foi baptizado Carlos I. O atraso civilizacional que Portugal tinha, fazia com que estas actividades do soberano fossem vistas como extravagâncias por parte da população. Provavelmente noutro tempo ou reino seria visto como um progressista, inovador e reformador do Estado.

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References:

MEDINA, João (Dir.) ; História de Portugal Contemporâneo, Multilar, 1990

CATROGA, Fernando ; O Republicanismo em Portugal da Formação ao 5 de Outubro de 1910 , Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1991

 

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