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Estado de Minas FILOSOFIA

A vida e obra de S�o Francisco de Assis

Conhe�a o legado do santo patrono dos pobres e animais.


postado em 04/10/2018 13:28 / atualizado em 04/10/2018 16:26

No dia 4 de outubro � comemorado o Dia Mundial dos Animais e tamb�m o dia da festa de S�o Francisco de Assis, onde igrejas cat�licas de todo o mundo reservam o domingo mais pr�ximo da data para aben�oar os animais. Seu prest�gio na Igreja Cat�lica � evidenciado pelo atual papa que explicou aos cardeais que escolheu seu nome em homenagem a S�o Francisco de Assis.
Frei Adilson Corr�a na Par�quia S�o Francisco das Chagas em Belo Horizonte: tradi��o de ben��o aos animais no dia 4 de outubro.(foto: Daniella Silva)
Frei Adilson Corr�a na Par�quia S�o Francisco das Chagas em Belo Horizonte: tradi��o de ben��o aos animais no dia 4 de outubro. (foto: Daniella Silva)

Mas quem foi S�o Francisco de Assis? Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como S�o Francisco de Assis foi um frade cat�lico da It�lia e um dos santos mais populares da Igreja Cat�lica. Nasceu rico, filho de comerciantes italianos, e depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o h�bito da prega��o itinerante, quando os religiosos de seu tempo costumavam fixar-se em mosteiros, e com sua cren�a de que o Evangelho devia ser seguido � risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identifica��o com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do pr�prio Cristo. 
S�o Francisco em Ora��o - Francisco � o santo cat�lico mais retratado na hist�ria da arte. De acordo com o curador Stefano Papetti da Casa Fiat, ele � o mais representado na arte italiana.(foto: Pintura de Annibale Carracci)
S�o Francisco em Ora��o - Francisco � o santo cat�lico mais retratado na hist�ria da arte. De acordo com o curador Stefano Papetti da Casa Fiat, ele � o mais representado na arte italiana. (foto: Pintura de Annibale Carracci)

Sua atitude foi original quando afirmou a bondade e a maravilha da Cria��o em um per�odo em que o mundo era visto como essencialmente mau e pecador, quando se dedicou aos miser�veis, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irm�os. Alguns estudiosos afirmam que sua vis�o positiva da natureza e do homem, que impregnou a imagina��o de toda a sociedade medieval, foi uma das for�as primeiras que levaram � forma��o da filosofia da Renascen�a, que juntamente com o princ�pios cl�ssicos gregos, influenciaram os principais pensadores do per�odo como S�o Tom�s de Aquino e Santo Agostinho.
S�o Francisco de Assis por Portinari: detalhe da presen�a do c�o alude ao amor do santo pelos animais.(foto: Painel de C�ndido Portinari)
S�o Francisco de Assis por Portinari: detalhe da presen�a do c�o alude ao amor do santo pelos animais. (foto: Painel de C�ndido Portinari)
O escritor e dramaturgo Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos, ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus. A despeito do enorme prest�gio de que o santo desfruta at� os dias de hoje, o que fez sua vida e mensagem serem envoltas em copiosa f� e darem origem a inumer�veis representa��es na arte, como as apresentadas na Casa Fiat (ver https://www.casafiat.com.br),  a pesquisa acad�mica moderna sugere que ainda h� muito por elucidar quanto aos aspectos pol�ticos de sua atua��o, e que devem ser mais exploradas as conex�es desses aspectos com o seu misticismo pessoal. 

Sua vida � reconstitu�da a partir de biografias escritas pouco ap�s sua morte mas, segundo alguns estudiosos, essas fontes ainda est�o � espera de edi��es cr�ticas mais profundas e completas, pois apresentam contradi��es factuais e tendem a fazer uma apologia de seu car�ter e obras. Mesmo assim, sua posi��o como um dos grandes santos da Cristandade se firmou enquanto ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado pela Igreja Cat�lica menos de dois anos ap�s falecer, em 1228, e por seu apre�o � natureza � mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente que � comemorado no dia 4 de outubro.

Um breve resumo da vida e legado de S�o Francisco de Assis

Filho de comerciantes italianos, S�o Francisco de Assis nasceu em 5 de julho de 1182 na cidade Assis, teve uma inf�ncia e juventude abastadas. Buscando a gl�ria, o jovem Francisco se alista no ex�rcito papal em 1205 contra Frederico II. Nele teve vis�es que ordenavam o retorno para sua terra natal em Assis onde lhe seria dito os verdadeiros valores a serem seguidos. J� em Assis e tocado pela presen�a divina,  come�ou a perder o interesse por seus antigos h�bitos de vida e mostrar preocupa��o pelos necessitados e pela vida religiosa.

Diz a tradi��o que um dia uma voz chamou a sua aten��o para o estado de ru�na de uma igreja, e ordenou para que Francisco a reconstru�sse. Imediatamente voltou para sua casa, recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo pre�o no mercado da cidade, e voltou para a igreja onde tivera sua revela��o doando o dinheiro para o padre, a fim de que ele restaurasse a constru��o decadente. Ao saber disso o pai se enfureceu e o tomou por louco, acorrentando-o no por�o. Alguns dias depois sua m�e, por compaix�o, livrou-o das correntes, e Francisco foi buscar ref�gio junto ao bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensa��o pelo que ele havia tirado sem licen�a de sua loja. Ent�o, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas roupas e as colocou aos p�s do pai, renunciou � sua heran�a e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual jamais retornou. 
Ren�ncia dos Bens Mundanos de S�o Francisco: retrata o momento em que Francisco desiste de todos os bens materiais da sua fam�lia e tornar-se um devoto.(foto: Giotto di Bodone)
Ren�ncia dos Bens Mundanos de S�o Francisco: retrata o momento em que Francisco desiste de todos os bens materiais da sua fam�lia e tornar-se um devoto. (foto: Giotto di Bodone)

De devoto passou a ser mission�rio e tendo reunido um grupo de seguidores, dirigiu-se para Roma a fim de obter do papa a autoriza��o para a funda��o de sua Ordem, que prescrevia uma pobreza absoluta para seus monges. Segundo o cronista ingl�s Matthew Paris, l� chegando, sujos e vestidos em trapos, foram ridicularizados pela corte de Inoc�ncio III, que mandou n�o aborrec�-lo, e que considerava suas regras excessivamente rigorosa e impratic�vel, e que fosse pregar entre os porcos. Segundo os relatos, nesse �nterim Inoc�ncio teve um sonho, onde viu a Bas�lica de S�o Jo�o de Latr�o prestes a desabar, apenas sustentada por um pobre religioso, que ele interpretou como sendo Francisco. Inoc�ncio finalmente autorizou a cria��o da Ordem, mas n�o por escrito, apenas permitiu que pregassem e dessem socorro moral �s pessoas, mas acrescentando que se eles conseguissem frutos de seu trabalho, voltassem a ele para que sua situa��o fosse completamente regularizada. 
Encontro de S�o Francisco e seus disc�pulos com o papa Inoc�ncio: a pobreza desses chocou inicialmente a corte da Igreja Cat�lica.(foto: Giotto di Bodone)
Encontro de S�o Francisco e seus disc�pulos com o papa Inoc�ncio: a pobreza desses chocou inicialmente a corte da Igreja Cat�lica. (foto: Giotto di Bodone)

Chegando a Assis, instalaram-se em uma cabana no campo, onde se dedicaram ao cuidado dos leprosos, ao trabalho manual e � prega��o, vivendo de esmolas. Logo a cabana se tornou pequena para o crescente n�mero de seguidores, mas o abade do mosteiro beneditino do Monte Sub�sio lhes concedeu em fins de 1210 o uso da capela da Porci�ncula. Diz a lenda que �numeras curas e prod�gios eram realizados por Francisco. Sua fama como santo j� se espalhava, e recebeu em doa��o o monte Alverne para que erguesse ali um ref�gio para os monges. Pregou para os mouros e participou da Quinta Cruzada em 1219, peregrinando pelos lugares santos na Palestina.

Sua ordem cresceu e problemas surgiram a respeito sobre as interpreta��es iniciais dadas por Francisco de Assis a respeito da pobreza absoluta, trabalho e hierarquia. Para finalizar os conflitos, somente em 29 de novembro de 1223, o papa Hon�rio III formalizou a Ordem, mas alterou muitas das suas regras originais. Mesmo n�o concordando, S�o Francisco de Assis aceitou o fato, vivendo seus �ltimos anos em paz interior. Segundo seus bi�grafos, seu amor e compaix�o por todas as criaturas flu�am abundantes, ao mesmo tempo que ele experimentava repetidas vis�es, fazia outros milagres, continuava a percorrer a regi�o em prega��es, e multid�es o seguiam para v�-lo e toc�-lo. Ele foi o primeiro crist�o a ser registrado com estigmas - condi��o em que ele desenvolvia as mesmas feridas de Cristo. Em 1226, sentindo a morte pr�xima, deu instru��es para ser sepultado nu e faleceu no dia 3 de outubro rodeado de amigos e religiosos. 

Mesmo com sua insist�ncia na pobreza total para a vida religiosa, em menos de um s�culo depois de sua morte a Ordem dos Franciscanos j� era t�o rica quanto as outras institui��es cat�licas e muitos de seus membros haviam se tornado ocupantes de importantes cargos na Igreja e nas universidades cat�licas. Apesar disso, at� mesmo nos dias atuais, seu exemplo de fraternidade e de engajamento aut�ntico com a vida dos pobres tem um grande valor inspiracional para os Te�logos da Liberta��o em suas lutas pol�ticas no Terceiro Mundo. Em uma de suas prega��es, S�o Francisco de Assis disse "devemos aceitar com serenidade as coisas que n�o podemos modificar, ter coragem para modificar as que podemos e sabedoria para perceber a diferen�a".
 

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