Nesta quarta feira, em mais uma edição da coluna “História & Outros Assuntos” o colunista e Mestre em História Fabrício Gomes une História e televisão, analisando a série “The Tudors”.
Sem delongas, ao texto.
The Tudors – as quatro temporadas
Finalmente terminei de assistir, em DVD, a última temporada da série “The Tudors”, série baseada na vida de Henrique VIII, monarca inglês que governou a Inglaterra entre 1509 e 1547. 
O soberano casou-se seis vezes e rompeu com a Igreja Católica Apostólica Romana – após o cisma de seu casamento com a rainha Catarina de Aragão, na ocasião em que o Vaticano recusou-se em anular seu casamento com a rainha de origem espanhola, criando uma nova igreja: a Igreja Anglicana – da qual foi designado Chefe Supremo. 
Como consequência, o monarca dissolveu os monastérios espalhados por toda a Inglaterra, sendo certamente aquele que exerceu o poder absoluto com maior autonomia. Muitos creditam a criação da Igreja Anglicana às manobras políticas de Ana Bolena, que era amante do Rei, para que ela se tornasse Rainha.
Fatos como esses são mencionados durante as quatro temporadas da série, que tem um primor de qualidade técnica que beira o barroco. Os bastidores da Corte também são mostrados: intrigas, conjurações, politicagens…
The Tudors descerra a cortina sobre fatos que muitos livros se esquivam de contar, com abordagens feitas com base em muitos estudos e pesquisas de historiadores – vale a pena assistir os Extras do último episódio, com discussões de historiadores ingleses sobre a vida de alguns personagens, bem como os hábitos de adultério, por exemplo.

Henrique VIII (na série, representado pelo excelente Jonathan Rhys Meyers) teve três filhos: Lady Mary (com Catarina de Aragão), Lady Elizabeth (com Ana Bolena) e Principe Eduardo (com Joana Seymour).
O Rei morreu em 28/01/1547, aos 55 anos. Seu filho Eduardo VI o sucedeu no trono, aos nove anos de idade. Porém, veio a falecer aos quinze anos. Henrique VIII gostava de uma Catarina, pois foi casado com três: Catarina de Aragão (primeira esposa), Catarina Howard e Catarina Parr (a última). 
Teve também como esposas Ana Bolena, Joana Seymour (ao que parece, seu grande amor) e Ana de Cleves (cujo casamento não chegou a ser consumado, logo se separando). Eduardo VI, educado questionando os valores católicos, não deixou o trono para a irmã – Lady Mary. 
Com sua morte, Joana Grey – filha do Duque de Suffolk (melhor amigo e conselheiro do Rei Henrique VIII) assumiu o trono por apenas nove dias. Lady Mary era ultra católica e assumiu o trono dando um golpe. Mandou prender e executar Joana Grey. 
Tornou-se a Rainha Maria I. Mas governou por apenas 5 anos. Por ter tentado restabelecer o catolicismo como religião oficial, mandou matar 300 pessoas. Maria I ficou conhecida como “Maria, a sanguinária” (Bloody Mary – que virou nome de bebida).
A série traz também a abordagem da grande disputa religiosa a qual a Inglaterra esteve envolvida, mesmo após a elevação do Anglicanismo como religião oficial. 
Era notório que Lady Mary – primeira mulher na linha de sucessão, filha de Catarina de Aragão, seguisse à risca os hábitos religiosos da mãe (a Espanha era e é, até hoje, um país ultra católico), entrando em conflito com a religião protestante, seguida por Lady Elizabeth. Esta era filha de Ana Bolena, decapitada por traição ao Rei e segunda mulher na linha sucessória. 
Eram tempos de perseguições religiosas e aqueles que eram contrários ao Catolicismo eram considerados hereges e automaticamente condenados à fogueira. Catarina Parr, sexta rainha consorte da Inglaterra, tida como culta e intelectual, era simpática ao protestantismo e por isso enfrentou a ira de Lady Mary.
A série termina com a morte de seu personagem principal e justamente no momento em que configura-se aquela que será a batalha entre duas correntes ideológicas: de um lado o catolicismo de Maria I e de outro o protestantismo de Elizabeth I – que após a saída de Maria I do poder, deu sequência à dinastia, governando a Inglaterra por 44 anos. Os 44 anos em que Elizabeth I – a Rainha Virgem – ocupou o trono inglês ficou conhecida como “A Era Dourada”. Uma monarca protestante.
The Tudors teve a Irlanda (e seus castelos) como locação e foi gravada e exibida entre 2007 e 2010. Vale bastante a pena, em especial àqueles interessados em saber um pouco mais sobre a história da Inglaterra e principalmente dos cismas religiosos e da vida privada da Corte inglesa no Século XVI.

Assista os trailers de cada temporada:

Primeira:

Segunda:

Terceira:

Quarta:

7 Replies to “História & Outros Assuntos – "Crítica: The Tudors – as quatro temporadas"”

  1. Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei está série, vale a pena conferir, toda a história dos picos entre a igreja católica X anglicana, sou apaixonada pela história dos Tudors.

Comments are closed.