Rafael Vitti já estava mais do que familiarizado com "Terra e paixão" quando veio o convite para entrar na novela como Hélio, novo engenheiro da cooperativa. Além de a equipe ser praticamente a mesma de "Além da ilusão", trama que o ator protagonizou no ano passado, ele tinha ajudado a direção fazendo testes com atrizes candidatas ao papel de Aline, conquistado por Barbara Reis. Para completar, sua mulher, Tata Werneck, está no elenco como Anely. É a primeira vez que os dois participam da mesma produção.
— Mesmo se a Tata não fizesse, eu ainda estaria próximo, porque tenho muitos amigos na equipe e torço por eles. Já estava animado com a novela. E falei: "Se tiver um papel pra mim aí, quero muito estar no set de novo". Emendei "Além da ilusão" com as filmagens de um longa da Anna Muylaert ("O clube das mulheres de negócios") e depois fiquei focado na paternidade (ele tem Clara Maria, de 3 anos) e em mim. Aí num momento o Luiz (Henrique Rios, diretor artístico) falou comigo por alto. Fiquei muito empolgado com o convite. Era meu desejo voltar a trabalhar. Estava me sentindo chateado em casa já. Tudo se encaixou. Os planetas se alinharam tanto que até estou compartilhando o set com a Tatazinha. E é a minha primeira novela das 21h. Fiz "Velho Chico", mas só a primeira fase. Considero mais uma participação especial. Agora o público desse horário vai poder acompanhar meu trabalho — diz ele, que começará a aparecer na trama nesta quinta (10).
Vitti acredita que Tata ficou sabendo antes dele da novidade, mas guardou segredo.
— Não tenho certeza, mas ela sabe das coisas (risos). A gente ficou feliz. É divertido estarmos juntos numa circunstância em que nunca estivemos. O máximo que a gente fez foi a vinheta de fim de ano da Globo. Não estamos no mesmíssimo núcleo, mas vai ter uma ceninha, bem tranquilinha, em que os personagens se encontram. Vai ser engraçado. Estou ansioso — afirma Vitti, que deverá ficar fixo no elenco. — Olha, eu acho que fico, só não sei se até o final, final. Mas deu a entender que vou ficar na novela, sim. Minha agenda está bloqueada.
Enquanto Tata faz par com Rainer Cadete, o Luigi, o de Vitti será Debora Ozório, a Petra:
— Hélio é natural do Rio, o que veio a calhar no meu caso (por conta do sotaque). Está num momento de recomeço na vida. Foi largado pela noiva, que ficou com o chefe dele. Então, perdeu a mulher e o emprego. Estava precisando sair de perto das coisas ruins que aconteceram e buscar novos ares. Vai fazer isso trabalhando na cooperativa, na área de avanços tecnológicos da produção agrícola. Ele entra para auxiliar os produtores de Nova Primavera. E acaba conhecendo a Petra numa situação em que ela precisa de ajuda e acolhimento. Hélio presta esse papel. É um cara respeitoso, sensível e muito honesto. Ele dá esse auxílio sem nenhuma intenção, num primeiro momento. Como a Petra tenta retomar a carreira na agronomia, eles descobrem que trabalharão juntos e vão desenvolvendo uma afinidade. Isso gera uma série de pequenos conflitos na trama, já que ela é uma mulher casada. Vai ser bonitinha a relação deles, uma coisa leve. Ela se sente à vontade para falar com ele, confia.
Com o retorno aos estúdios, o ator agora terá menos tempo com Clara Maria:
— Ela vai fazer 4 anos, já tem uma rotina própria. Tem atividades de manhã. Natação ela faz duas vezes na semana e jiu-jítsu, também. Depois, passa a tarde na escola. Meus sogros moram ao lado da escola. Ela é uma menina de muita sorte por ter os quatro avós morando no Rio. Eu já liguei para eles e disse: "Vou começar a trabalhar agora. Clarinha tá lá. Chuva de amor em cima dela. Vamos todo mundo preencher essas lacunas que ficam mesmo". Eu estava em casa, participando de tudo. Muitas coisas vão mudar. Mas ela tem escola, avós, babá. E estou num ritmo bem tranquilo ainda, com uma folga ou outro. Se tenho a manhã livre, consigo participar.
Vitti concilia todos esses compromissos com a rotina de exercícios físicos. Ele conta que "estava largado" e resolveu mudar os hábitos:
— Eu sou um cara jovem, tenho 27 anos. Até dois, três anos atrás, meu metabolismo estava muito sinistro. Fazia as minhas vontades, comia besteiras, à noite comia pizza e não me preocupava com nada. O metabolismo dava conta, sempre fui muito ativo. E, com bebê, não se para um segundo. Mas, de um tempo para cá, percebi que não está a mesma coisa. Agora estou mais focado na saúde, tentando me alimentar melhor e reduzir o refrigerante. Brinco que tenho paladar infantil. Além disso, trabalho com a imagem e preciso aguentar a batida de trabalho intensa. Está sendo ótimo, estou me sentindo muito bem tendo um comprometimento comigo mesmo que nunca consegui sustentar por muito tempo. Estou virando o terceiro mês fazendo meus treinos. Estou quase com o mesmo peso. Perdi gordura e ganhei massa magra. Ainda dou minhas vaciladas. Outro dia comi uma pizza inteira, não me aguentei de ansiedade. Chutei o balde e tive que correr atrás de novo.
Dia desses, ele compartilhou um vídeo malhando na companhia de Tata. E ela também faz registros do marido durante as atividades. Juntos há seis anos, eles frequentemente se veem envolvidos em boatos sobre crise na relação. Vitti comenta:
— Juro que não me irrito. Não dou essa importância toda, sabe? Sei que é um universo que não é a vida real. A vida real somos eu e ela em casa. Eu realmente acho que a época em que mais me afetei foi no início da carreira, quando eu não tinha ideia de como as coisas eram. Fiz todo um trabalho natural ao longo da minha jornada como ator que me permite não me afetar com essas pequenas coisas, que são bobagenzinhas. Sou de boa em relação a isso. Dou mais atenção a coisas importantes: minha filha, minha família, meu trabalho e meu bem-estar.