Wellington Paulista explica aposentadoria, comenta planos e recorda carreira; assista | futebol | ge

Por Guilherme Frossard, Luiz Victor Lopes e Pedro Miguel — Belo Horizonte


Wellington Paulista anunciou a aposentadoria do futebol, aos 40 anos de idade. O ex-atacante cedeu entrevista exclusiva para o Esporte Espetacular. Durante a conversa, o artilheiro relembrou a carreira, do início ao fim. Wellington Paulista explicou os motivos de parar, dentre eles o desgaste com viagens e concentrações e a falta de tempo com a família.

Artilheiro por vários clubes, Wellington Paulista pendura as chuteiras

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- Ah, porque tem que descansar um pouco também, né?! De corpo, fisicamente eu estou muito bem, graças a Deus. Mas é mais a cabeça, tem que descansar. Muito tempo viajando, concentrando, a gente não para em casa. As concentrações, as viagens, o não ficar com a família em casa (motivos para parar). Minha filha tem 15 anos e eu não acompanhei o crescimento da minha filha, mora com a mãe em São Paulo. E queria parar pra isso, para ter minha família perto, ter meus pais perto.

Wellington Paulista e Dona Alexandrina — Foto: Carlos Velardi/ EPTV

O agora ex-atacante iniciou a carreira no Juventus-SP. Wellington Paulista relembrou o começo no futebol e conta que não fez categorias de base, indo direto para os profissionais.

- Quando eu comecei no Juventus, e eu não fiz categoria de base, sempre joguei na várzea e futebol de salão, depois que eu comecei no Juventus com 17 pra 18 anos. Eu saí da várzea, um campo de terra, para um campo de grama. Pra mim já era uma coisa diferente. Do salão pra terra, da terra pra grama, foi muito diferente pra mim. O pisar na grama é diferente.

Wellington Paulista no Palmeiras em 2010 — Foto: Marcos Ribolli

Wellington Paulista se aposenta sendo o terceiro maior artilheiro da "era dos pontos corridos". O ex-jogador disse que não esperava marcar tantos gols durante a carreira, mas que guarda a marca com muito carinho.

- Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava fazer tanto gol como fiz na minha carreira inteira. É uma marca expressiva, que eu guardo com muito carinho, fico feliz quando falam sobre isso, você vê que é uma carreira vitoriosa, que é o que você queria quando era mais novo, conseguiu chegar sem pisar em ninguém, sem maltratar ninguém. Sempre fui muito fiel ao meu trabalho, minha forma física, meu jeito de ser, de jogar. Deu muito certo.

Wellington Paulista estava no América-MG — Foto: Gilson Junio/AGIF

Em 2017, Wellington Paulista teve passagem pela Chapecoense. O atacante foi atuar no clube após o trágico acidente áereo em 2016, onde grande parte do elenco faleceu. O ex-camisa 9 conta sobre um pedido especial que recebeu antes de entrar em campo pela primeira vez com o uniforme da equipe.

- Saímos do vestiário, entrei à direita, peguei na mão da minha filha e uma moça esticou a mão pra mim. E aí eu estiquei, já ia falar “obrigado”. Na minha cabeça era “boa sorte no jogo”. Ela esticou a mão, eu estiquei, ela olhou no meu olho e falou “honra essa camisa 9 que você está usando, porque era do meu marido”. Rapaz, falei “Jesus Cristo”. Dá um nó na garganta. Na hora eu falei que vou fazer o possível para honrar essa camisa. Ela chorou, eu entrei no campo chorando, minha filha “O que foi, pai?”. Caiu um cisco no olho do pai, filha. Dei um beijo na minha filha, entrei no campo. Graças a Deus honrei a camisa 9 que ela pediu e todo mundo pediu.

Wellington Paulista 100 jogos pela Chapecoense — Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Wellington Paulista em 2006 foi contratado pelo Alavés, da Espanha. O ex-atacante ficou quase dois anos na equipe espanhola. A trajetória na Europa teve que ser interrompida, após descobrir que a mãe estava com câncer no útero.

- Minha mãe teve um câncer no útero, não falou pra ninguém, queria sofrer sozinha. Um certo tempo a perna dela começou a dar trombose, meu pai desesperado levou para o hospital. Eu fiquei desesperado. Tinha mais 4 anos de contrato na Espanha. Eu ia ficar. Nessa hora desesperei e falei “vou voltar, quero voltar”. Era começo de ano no Brasil, pintou a proposta do Botafogo e acabei voltando.

"Fui para o Rio, levei ela comigo um tempinho, ela foi fazendo a quimioterapia, ficou carequinha igual eu. Ainda bem que minha mãe é da zoeira e da palhaçada igual eu. Toda semana era uma peruca diferente pra brincar, se divertir. Porque é uma doença difícil de lidar, então ela levando com alegria melhorou bastante."

Wellington Paulista Cruzeiro — Foto: Agência Reutes

Artilheiro durante a trajetória, o ex-atacante busca seguir no futebol, mas não no profissional. Wellington Paulista revelou que tem planos para ensinar e ajudar jovens a se tornarem jogadores.

- Não quero ser treinador, nem diretor, quero dar aula para os meninos mais novos. Quero realizar sonhos. Meu sonho já realizei. Realizei meu sonho, joguei, realizei o sonho da minha família. Acho que foi legal pra mim.

Neste ano, Wellington Paulista não foi muito utilizado no América. Foram 26 partidas disputadas, sendo a última contra o Coritiba. O ex-camisa 9 marcou sete gols no último ano de carreira.

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