Para desfrutar em liberdade e sem o impacto do álcool, os “Virgin cocktails e com baixo teor alcoólico são a grande tendência para este verão”, prevê Alberto Pires, mentor do Lisbon Bar Show, de regresso à capital esta terça e quarta-feira (14 e 15 de maio)
Jornalista
Nos dias de maior calor, os fins de tarde pedem bebidas diferentes. Os cocktails (cacharoletes em português) são sempre motivo de animação e, para isso, não é obrigatório que o álcool faça parte da equação. As propostas sem álcool ou com baixo teor alcoólico ganham terreno em resposta a uma procura de equilíbrio entre diversão e bem-estar, mais ainda quando se aproxima o verão e a preocupação com o corpo aumenta.
Alberto Pires, mentor do Lisbon Bar Show 2024, que durante dois dias (14 e 15 de maio) reúne na capital portuguesa os melhores bartenders do mundo, confirma a “tendência para o aumento dos Virgin Cocktails ou Mocktails”, a partir da “elevada diversidade de empresas que produzem destilados sem álcool”. É neste contexto que anuncia a grande novidade do evento, que decorre na MEO Arena: “um bar específico multimarca que só serve bebidas sem álcool”.
“Moskow Mule” e “Cosmopolitan” preparados com vodka 0,0%, “Margarita” feita com uma bebida espirituosa em tudo semelhante à tequila, mas sem álcool, ou mesmo um glamoroso Martini não-alcoólico são sugestões que se multiplicam. Seguem a mesma receita dos cocktails com álcool, apenas muda o ABV (Alcohol by Volume). São já numerosos os nomes bem conhecidos do público como Ballantine’s, Jameson, Beefeater, Gordon’s, Ketel One ou Tanqueray que estão disponíveis nestas versões sem álcool. São botânicos de qualidade, destilados de forma a extrair o máximo sabor, com recurso a equipamento e tecnologia extra, exigindo mais tempo e investimento por parte das marcas, mas que a procura por este tipo de bebidas parece justificar. Assiste-se a um fenómeno que não é novo, mas ganhou nome: “Mindful Drinking”, em que bebidas sofisticadas, apelativas ao olhar (instagramáveis) e ao palato, por vezes com mais texturas, mas menos alcoólicas e também calóricas, ausentam de preocupação quem pedir um cocktail à beira-mar ou junto à piscina.
O regresso dos clássicos
O fenómeno dos cocktails sem álcool não invalida outras tendências para o verão de 2024. Esta espécie de movimento que valoriza os Virgin Cocktails não impede outros fenómenos, de alguma forma, opostos, como é o caso do revivalismo, que traz de volta algumas bebidas, “vedetas” dos bares do passado. “É um pouco um contrassenso, pois, embora o mercado de momento estivesse mais virado para os low ABV cocktails também está a haver o revivalismo dos clássicos que são o oposto, todos muito fortes”.
Emanuel Minez e, o sócio, Paulo Gomes, ambos bartenders responsáveis pelo speakeasy Red Frog, um dos bares portugueses listados no Top 100 dos The World's 50 Best Bars, e também do Monkey Mash Lisboa, preparam-se justamente para a abertura de um terceiro projeto em que o foco vão ser os cocktails clássicos, que não querem deixar morrer: “Vamos ter um menu Back to Classics porque não se deve perder a coquetelaria clássica, tem é de ser bem feita”. Considera que os “cocktails mais clean, minimalistas, que envolviam clarificações, filtragens, ainda representam uma fatia das tendências, há um lugar para essa modernidade, mas as pessoas têm saudades de outras coisas”.
Para o verão de 2024, “os cocktails que vêm aí são mais longos, mais frescos”. “As pessoas estão abertas a provar coisas diferentes, há uma introdução de sabores mais amargos, vermutes, bebidas mais aperitivas”. Outra tendência são “os cafés de especialidade, uma moda muito grande, com origens totalmente diferentes, que se encontra mesmo nas pequenas cidades”.
Para celebrar o Lisbon Bar Show, entre 13 a 15 de maio, os três bares, Red Frog, Monkey Mash, e 18.68, são palco do Lisbon Stars Connections, um programa que passa pelos três locais e onde prometem “as melhores misturas”. Para tal contam com barmen do “Alquímico”, da Colombia, “Carnaval”, do Peru, “Paradiso”, Espanha, “Tan Tan” de São Paulo, Brasil, “Zest”, da Coreia, e ainda “Panda & Sons”, Edimburgo, e Ian Burrell, de Londres. Se a cidade londrina e Nova Iorque foram durante muito tempo as emissoras de barmen do top mundial, Alberto Pires refere que “Singapura e o México (Cidade do México) estão agora a dar cartas”. Existe, aliás, um cocktail cuja popularidade parece justificar este lugar no top mundial, de nome “Paloma”.
Uma “pombinha” descomplicada e refrescante
Ao assistirmos ao ressurgimento dos clássicos, algumas combinações atravessam gerações e continentes. “Paloma” (“Pomba”) é uma das bebidas nacionais do México e não será por acaso. Esta bebida muito fresca, ganha força entre as propostas tendência no bar de cocktails exóticos Monkey Mash e promete marcar o verão de 2024. Ali prepara-se, a preceito, este cocktail clássico, que se diz ter nascido no séc. XIX motivado pela canção do folclore mexicano “La Paloma”. Para o preparar é necessário misturar 50ml de tequila Blanco; 7,5ml de sumo de lima e 20ml de soda de toranja que verte num copo highball já com gelo. Se o gin ou o rum, segundo o barman Emanuel Minez, ainda “continuam com consumidores diferentes, a tequila ganha força com a história da Paloma, um dos novos clássicos”.
Emanuel Minez e Paulo Gomes marcam presença no Lisbon Bar Show para falar sobre o novo projeto. Entre os portugueses convidados estão ainda Ana Camacho, o chef Kiko, Duarte Coelho, Fernão Gonçalves, Gonçalo Almeida, Paulo Ramos, Pedro Simões, Sergio Padilla e Rodolfo Tristão.
O Lisbon Bar Show decorre na Sala Tejo, na MEO Arena, no Parque das Nações, nos dias 14 e 15 de maio, das 12h00 às 20h00. Recebe 35 profissionais dos quatro cantos do mundo, é um evento dedicado ao setor, mas aberto ao público em geral. Cada bilhete custa €39.
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