Need for Speed Underground 2: O melhor game da série?

15 anos do aclamado jogo de corrida da EA

Need for Speed Underground 2. Este game, que é considerado por muitos -- incluindo eu -- como o melhor jogo de corrida da história, completa quinze anos neste nove de novembro de 2019. Para muitos de nós, Underground 2 é o exemplo perfeito de “Need for Speed raíz”, de “Need for Speed de verdade”.

Eu sempre fui apaixonado por games de corrida. Lembro de passar horas naqueles games da Nascar de fliperama, e depois voltava pra casa, jogava Mario Kart 64, Cruisin' USA, Star Wars: Episode 1: Racer, e o meu favorito até então: San Francisco Rush: Extreme Racing. Lembro até daquela voz gritando ‘it’s dangerous!’ quando eu escolhia a dificuldade Extreme, seguido de gritos aleatórios de desespero.

Agora adianta uns anos aí. Em 2003 eu fui à casa de um primo, joguei o primeiro Need for Speed Underground e fiquei incrédulo com a possibilidade de montar o carro do jeito que você quer. Eu, infelizmente, não tive o primeiro game, mas o pouco que eu jogava em ocasionais visitas ao meu primo foi o suficiente pra eu gravar uma data na minha mente para toda a eternidade: nove de novembro de 2004.

Foi aí que Need for Speed Underground 2 chegou e eu estava lá na loja pra comprar o game no dia de lançamento. Eu tenho certeza que você aí também estava louco para colocar as mãos logo neste game. O jogo da Electronic Arts (EA) foi o que chegou com os dois pés na porta dizendo “isso é um game de corrida de mundo aberto”. Revolucionando este conceito, Underground 2 apresentou o que é ter liberdade de exploração dentro do gênero, algo que era majoritariamente atribuído a outros, como RPGs e games de ação e aventura, em geral. O Free Roam permitia que jogadores explorassem toda a cidade, correndo como quisessem, e com a possibilidade de aceitar rachas aleatórios, realizar corridas oficiais, admirar a vida noturna de Bayview, sair batendo que nem louco nos carros do tráfego, fazendo glitch com o sistema de suspensão hidráulica quando encostado nas paredes… era tudo seu pra dominar e aproveitar do jeito que quisesse.

Já que eu falei de suspensão, esta era uma das muitas opções de customização -- ou melhor “tunagem”. Este sistema, inclusive, é provavelmente um dos melhores já feitos e um dos pontos mais fortes do game. Underground 2 tinha mais ou menos uns 30 carros pra você escolher e a possibilidade de tunar: para-choque dianteiro e traseiro, saia, escapamento, aerofólio, lanterna dianteira e traseira, espelho, vidro, pneu, fumaça de pneu, calota, spinner, freio, capô o jeito que você abria o capô, o jeito que você abria a porta, gás de nitro que você soltava na direção que você quisesse, aquele filtro de ar do teto esquisitíssimo que eu abominava, visual do motor, itens no porta-mala, a tinta base do carro, centenas de estampas, velocímetro (o de gatinho era o melhor) e o mais importante de tudo: neon. Neon que pisca, neon debaixo do carro, neon no motor, neon dentro do porta-mala, neon pra tudo quanto é lado. Ah, e dá pra mudar a cor de tudo que eu falei. Menos das peças de fibra de carbono -- baita negócio feio.

Tunagem em NFSU 2. Imagem: Reprodução

Com tudo isso, carro brega era o que não faltava em Underground 2... No entanto, era o seu carro brega. Se ficasse brega -- ou lindo -- o suficiente dentro do sistema de pontuação do game, você era convidado para ter o carro fotografado pras revistas. Para um moleque na pré-adolescência, aquilo era fama de verdade. Fama das ruas com meu carro tunado.

E como se não bastasse, Underground 2 tinha um excelente sistema de customização técnica, que ajudava você nas corridas. As opções eram um pouco mais limitadas, mas ainda bastante interessantes, possibilitando mudar por completo o desempenho de um carro, de acordo com o seu estilo de jogo. O game tinha corrida de todos os tipos pra todo tipo de piloto. Tinha Circuito e Sprint para os mais clássicos, Drift para quem curte dar derrapadas na vida, Street X para quem gosta dos aperto, Drag -- maldito drag --, Special Event, Outrun, corrida de S.U.V. e o famoso URL. Toda essa variedade de corridas, além do modo de mundo aberto, dava o universo ao jogador e ele fazia o que ele quisesse ali.

Correr em Need for Speed Underground 2 era genuinamente gostoso. Você se sentia o rei da pista. Cada curva que você fazia sem bater, cada milésimo de segundo na frente do oponente era satisfatório e ainda mais porque você sentia que aquilo era resultado do seu esforço. O seu esforço em entender como o seu carrinho funcionava, como ele se comportava naquela rua específica, como fazer uma ultrapassagem segura e sem desperdiçar velocidade. E aquilo era o seu carro. Aquele que você dedicou horas tunando e deixando do seu jeito, com a sua cara.

 
Nissan 350 Z. Imagem: Reprodução

Ah, e voltando a um ponto. Eu chamei corridas Drag de malditas porque passei anos sem vencê-las devido à incompreensão quanto ao sistema de troca de marcha. Eu detestava aquilo, até que em 2010, eu consegui passar de todas as corridas Drag que faltavam e finalmente prosseguir para finalizar a campanha.

Agora pensa que tudo que eu falei que era possível fazer em underground 2 rolava ao som de uma das melhores trilhas sonoras de games de corrida da história. O que não faltava era música boa. Tenho certeza que, você, fã, já procurou a trilha sonora deste game no Spotify ou YouTube porque é pura nostalgia rappeira e rockeira de ponta. Na época em que os games da EA tinham aquelas trilhas sonoras realmente marcantes. Pensa naquela clássica abertura ao som de Riders on the Storm, nas corridas que tocavam Give it All, nas sessões fotográficas enquanto você escutava That’z My Name. Aproveito que mencionei trilha sonora e lembro que Underground 2 ainda tinha uma demo curtinha de Burnout 3, que foi suficiente pra me cativar e comprar o game completo -- cuja trilha sonora é o que moldou meu gosto musical de hoje. Obrigado, Underground 2.

Todos esses méritos que fizeram de Need for Speed Underground 2 tão majestoso e delicioso de jogar foram reconhecidos. O game vendeu até o final de 2004, ou seja, mais ou menos dois meses após o lançamento, mais de 8,4 milhões de unidades. Ao todo, depois de toda a vida útil do jogo no mercado, mais de 11 milhões de cópias haviam sido vendidas. Só para você ter uma noção, ele entrou pras listas de best sellers do PS2, Xbox e Nintendo Gamecube. Haja reconhecimento.

Vale apontar também que Underground 2 saiu em 2004, no auge dos carros tunados. O game saiu um ano depois de + Velozes + Furiosos, então não faltava jogador querendo participar desse universo maluco de corridas ilegais com carros monstruosos e coloridos. Até porque bateu aquela abstinência. O terceiro filme da série, Tokyo Drift, só sairia em 2006.

Capa de NFSU 2. Imagem: Reprodução

Fato é que Need for Speed Underground 2 marcou toda uma geração que compartilha dos sentimentos e vivências que eu falei aqui. Deixo aqui os meus mais singelos parabéns a este game maravilhoso.


Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook, Twitter, Instagram e Twitch!

Comentários