Heine moveu o processo contra a Fifa em 2017 pedindo uma indenização milionária. Nesta terça-feira, a Justiça confirmou que Heine Allemagne terá que ser ressarcido pelo órgão que rege o futebol por má-fé e uso indevido do spray de barreira. O inventor brasileiro explicou ainda não está definido o valor da indenização.

– Agora a Justiça vai fazer uma apuração desse dano, do que isso representa em termos de números. Quem define agora, quem vai arbitrar o valor é a Justiça, não sou eu nem a FIFA. Eu acredito que vai demorar um tempo, mas pode ser que no meio do caminho haja algum tipo de acordo.

Nascido em Ituiutaba, cidade de pouco mais de 100 mil habitantes no Triângulo Mineiro, Heine Allemagne Vilarinho Dias é de uma família de origem humilde. O nome composto com jeito de estrangeiro, segundo ele, surgiu depois que o pai leu em um livro de sugestões de nomes no hospital e gostou.

Nomes diferentes eram tradição na família dele. Heine tem quatro irmãos: dois homens – Glaucus e Jean (o único com nome mais comum) – e duas mulheres – Urânia e Sayonara.

Sem ter completado o ensino médio, Allemagne passou por diversos empregos antes de se firmar como publicitário e inventor.

– Fui entregador, vendi jornal na rua, entreguei panfleto. Depois fui para um escritório de contabilidade, depois para uma gráfica... também montei empresa, fui empresário, trabalhei na televisão, com agência de publicidade. Hoje, me considero publicitário.

"Trabalhar com esse conceito de inventar, que seja comerciais ou produtos, e essa questão de solução de problemas sempre foi um algo que eu vivi. Sempre estive muito atento a isso, talvez até meio que predestinado"

Além do marketing, o futebol sempre foi outra paixão de Heine. Centroavante nos jogos com os amigos durante a juventude, o mineiro conciliou a publicidade e o esporte no momento da criação do spray de barreira.

– A invenção em si foi quando eu estava com muita dificuldade financeira. Eu trabalhava em mais de um lugar e pensei que tinha que mudar o meu destino, fazer parte de algo especial.

"Foi quando um dia, em um jogo na TV, o Galvão Bueno disse: 'eu quero ver o cidadão que vai manter a barreira no lugar'. Aí eu falei: 'Eu vou resolver isso aqui agora'.

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Durante duas décadas, o esforço para popularizar a invenção pelo futebol brasileiro e mundial – e depois, a disputa com a Fifa na Justiça – fez com que o publicitário rodasse o mundo na busca por reconhecimento. A distância da esposa e dos dois filhos foi um dos obstáculos enfrentados pelo mineiro durante a caminhada.

– Minha esposa foi um anjo nesse sentido, porque ela que segurou toda a criação dos meus filhos. A gente sempre teve uma vida muito difícil, porque não foi um projeto fácil, foi de muita dedicação, perseverança, renúncia.

"Nasci em Ituiutaba, mas hoje moro em Uberlândia. Aqui, eu levo uma vida modesta, bem simples. Eu dediquei minha vida nesse projeto. Então, no decorrer do processo, foi uma guerra a nossa sobrevivência"

Agora, com a invenção enfim reconhecida, Heine planeja enfim aproveitar a família e dar sequência a novos projetos, como o de um novo tipo de motor elétrico que ele já está desenvolvendo.