Rainhas de Portugal - Maria Ana da Áustria - A Monarquia Portuguesa

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A Monarquia Portuguesa

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Qui | 02.01.20

Rainhas de Portugal - Maria Ana da Áustria

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Maria Ana Josefa de Áustria (Linz, 7 de setembro de 1683 - Lisboa, 14 de agosto de 1754) era filha do imperador Leopoldo I, e da sua terceira mulher, a condessa Leonor Madalena. Era irmã dos imperadores José I e Carlos VI, também pretendente ao trono espanhol, e meia-irmã de Maria Antônia de Áustria, eleitora da Baviera, entre outros. Foi rainha consorte de Portugal de 1708 a 1750, enquanto mulher do Rei D. João V de Portugal. Três dos seus filhos sentaram-se no trono: D. José, Rei de Portugal, D. Pedro, Rei-Consorte de Portugal pelo seu casamento com a sua sobrinha, e D. Maria Bárbara, Rainha de Espanha pelo casamento.

Muito culta, conhecia e falava alemão, francês, italiano, espanhol, latim e português, além de perceber inglês.

Casamento:

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O casamento com D. João V foi negociado em 1708. Os dois noivos eram primos diretos, por serem irmãs a rainha D. Maria Sofia de Portugal e a imperatriz Leonor Madalena, respectivas mães de Sua Majestade o Rei de Portugal e da Sereníssima Arquiduquesa da Áustria.

Inaugurando o estilo faustoso da diplomacia de D. João V, Portugal procurava com o casamento uma aproximação aos outros membros da Grande Aliança. D. João V enviou uma luxuosa embaixada à capital imperial, chefiada pelo Conde de Vilar Maior, Fernão Teles da Silva, que chegou a Viena a 21 de fevereiro desse mesmo ano.

A 6 de junho, dia do Corpo de Deus, fez-se a entrada pública da embaixada portuguesa para o pedido da arquiduquesa. O casamento realizou-se, por procuração, a 9 de julho, na Catedral de Santo Estevão, em Viena, sendo o noivo representado pelo imperador.

D. Maria Ana desembarcou finalmente em Lisboa a 27 de outubro, tendo partido dos Países Baixos e depois de Portsmouth, acompanhada por uma armada de 18 naus. A rainha foi trazida à Corte em sete magníficos coches, quando o protocolo só pedia três. Nos dias 15, 17 e 21, comemorou-se o casamento com grandes festejos públicos no Terreiro do Paço, onde se montou uma praça de touros e uma imitação do vulcão Etna em erupção. O casal real fez a sua entrada solene em Lisboa no dia 22.

Apesar do casamento, D. João V continuou ininterruptamente a sucessão de aventuras amorosas. A Arquiduquesa, mais velha do que o Rei seis anos, não conseguiu prender o marido, apesar do casamento ter sido inicialmente feliz, a arquiduquesa depressa percebeu que a corte portuguesa prezava mais a beleza e o luxo do que as virtudes do conhecimento, tão populares em Viena.

Vida na Corte de Lisboa:

A nova rainha resignou-se rapidamente ao abandono que D. João V a votava. Muito devota, entregava-se muitas vezes a práticas piedosas, fundando conventos e igrejas, ajudando os pobre e dedicando-se a alimentação dos orfãos das principais cidades do Império Português. Interessava-se por coisas do mar, passeava ao longo do rio Tejo com a Família Real e a Corte, onde assistia frequentemente a festas e serenatas no rio e lançamentos de navios no mar.

Apaixonada por música, a Rainha assistia sempre aos concertos e aos serões de ópera que havia na Corte do Paço da Ribeira, chegando mesmo a participar neles, ao cantar pequenas árias, que dedicava aos filhos.

As regências:

A rainha D. Maria Ana foi regente por duas vezes. A primeira foi em 1716, quando D. João V se afastou da capital. Retirado em Vila Viçosa, foi convalescer de uma doença séria mal esclarecida que apareceu depois de uma profunda crise de melancolia que atacou o Rei.

Foi durante esta regência que o infante D. Francisco Xavier se aproximou da Rainha e tentou repetir os actos que o seu pai, o Rei D. Pedro II, tinha feito com o irmão D. Afonso VI. O Duque de Beja fazia uma corte descarada à Rainha, que, honestissíma, o repeliu.

A sua segunda Regência ocorreu no fim do reinado do marido, quando D. João V já estava completamente dominado pela doença que o matou. Esta regência teve uma influência enorme no reinado seguinte, aos níveis políticos, económicos e religiosos, e foi D. Maria Ana que aproximou Sebastião José de Carvalho e Melo das esferas do poder. No Conselho da Regente, Sebastião José era estimado e, para além disso, o futuro Marquês de Pombal era casado com a filha do marechal de Daun, da mais alta aristocracia austríaca.

Morte:

A rainha-mãe morreu no Palácio de Belém, a 14 de agosto de 1754. D. Maria Ana foi enterrada no Mosteiro de S. João Nepomuceno, dos Carmelitas Descalços Alemães, por ela fundado. De acordo com o testamento, o coração foi levado para Viena e guardado lá na cripta imperial. Mais tarde, em 1780, por vontade da rainha D. Maria I, sua neta, os seus restos mortais foram trasladados para um novo mausoléu. Em 1855, sendo D. Fernando II regente na menoridade de D. Pedro V, foi preparado novo depósito régia, desta feita em S. Vicente de Fora. Em consequência disso, os despojos de D. Maria Ana de Áustria seguiram para o referido templo, para junto do seu marido. Atualmente, o túmulo de D. Maria Ana de Áustria encontra-se no Museu Arqueológico do Carmo, estabelecido nas ruínas da Igreja do Carmo, em Lisboa.

Descendência:

D. Maria Ana de Áustria teve seis filhos do seu casamento com D. João V, dos quais três se sentaram nos tronos de Portugal e Espanha:

  • D. Maria Bárbara (1711-1758), Rainha de Espanha pelo seu casamento com o rei Fernando VI;
  • D. Pedro, Príncipe do Brasil (1712-1714);
  • D. José I, Rei de Portugal (1714-1777);
  • D. Carlos, Infante de Portugal (1716-1730);
  • D. Pedro III, Rei consorte de Portugal (1717-1786);
  • D. Alexandre, Infante de Portugal (1723-1728).

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