Bicentenário de nascimento da imperatriz Teresa Cristina tem busto reposto e exposição no Centro do Rio | Rio de Janeiro | G1

Por g1 Rio


Novo busto da imperatriz Teresa Cristina — Foto: Reprodução

Esta semana se comemora o bicentenário da imperatriz Teresa Cristina, mulher de Dom Pedro II. Em comemoração à data, o Consulado da Itália repôs um busto após um furto e abriu uma exposição.

Na última segunda-feira (14), 200º aniversário da monarca, o busto foi inaugurado na Praça Itália, no cruzamento das Avenidas Beira-Mar e Presidente Antônio Carlos, no Centro do Rio. Ali já tinha um monumento a Teresa, mas bandidos o furtaram em 2019, e até então nunca tinha sido reposto.

A obra, assinada pelo artista ítalo-brasileiro Gianguido Bonfanti, tem 1,95 metro de altura. O busto de Teresa Cristina foi talhado em bronze, enquanto chapas de aço formam a silhueta da Imperatriz, simulando traje típico por ela usado à época do Brasil Imperial.

“A imperatriz Teresa Cristina fomentou os laços culturais entre a Itália e o Brasil, hoje cada vez mais consolidados. Ela viabilizou a imigração de inúmeros italianos para o território brasileiro e, graças ao seu refinado apreço pelas artes, contribuiu significativamente para a formação da identidade cultural brasileira e para o desenvolvimento das relações entre a Itália e o Brasil” aponta o cônsul-geral, Paolo Miraglia del Giudice.

Exposição na antiga Alerj

A inauguração do busto-monumento foi o primeiro de uma série de eventos promovidos pelo Consulado-Geral da Itália no Rio em comemoração ao bicentenário da imperatriz.

O Palácio Tiradentes, histórica sede da Alerj, também no Centro do Rio, abriu a exposição Teresa Cristina em Construção. Na mostra, em cartaz até 6 de abril, os visitantes poderão conferir os figurinos e parte da cenografia usados na novela “Nos tempos do imperador”, cedidos pela TV Globo, e conhecer melhor a atuação da imperatriz no campo da arqueologia.

Dando sequência às comemorações do bicentenário da Imperatriz, será lançado nesta quarta-feira (16) o livro para crianças “A Cidade de Teresa”, assinado pela professora Ana Maria de Andrade, com texto em português e italiano.

Vestidos da novela 'Nos Tempos do Imperador' em exposição na Alerj — Foto: Reprodução

Princesa na Itália, Imperatriz no Brasil

Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias nasceu em Nápoles, no Sul da Itália, em 14 de março de 1822. Filha do Rei Francisco I das Duas Sicílias e da Princesa Maria Isabel da Espanha, ostentou o título de princesa durante seus primeiros 20 anos de vida, mas viveu os demais 47 anos sob a alcunha de Imperatriz.

Aos 21 anos de idade, Teresa Cristina se casou com o primo português Dom Pedro II, então Imperador do Brasil. O casamento se deu por procuração, assinada pela noiva em Nápoles, e o casal só se conheceu quando ela desembarcou no Rio, em 3 de setembro de 1843.

Até 1889, quando foi decretado o fim do Império brasileiro e instaurada a República, a Imperatriz viveu no Brasil, mas teve pouca influência na política do país. Em contrapartida, dedicou sua vida a ações de caridade e de fomento à cultura.

Em 'Nos Tempos do Imperador', Teresa Cristina foi vivida por Leticia Sabatella, e Dom Pedro II, por Selton Mello — Foto: Globo/João Miguel Júnior

Nos registros históricos, Teresa Cristina é sempre descrita como uma mulher de sorriso terno e bondoso, que tratava a todos de forma muito amável e gentil. Seu comportamento lhe rendeu o apelido de “mãe dos brasileiros” – foi a mulher mais admirada e respeitada de todo o período colonial brasileiro.

Historiadores apontam que a Imperatriz teve grande influência na imigração de italianos para o território brasileiro, fomentando a vinda ao Brasil não apenas de camponeses para o trabalho agrícola, mas também de profissionais especializados como médicos, engenheiros, professores, artistas e artesãos.

O apreço à arte e à cultura, sobretudo pelas relíquias históricas de antigas civilizações, rendeu a Teresa Cristina outro apelido a ela conferido no Brasil, o de “imperatriz arqueóloga”.

Graças à Imperatriz, o país recebeu mais de 700 peças, entre artefatos em bronze, terracota, vidro e afrescos, produzidos entre os séculos 7 a.C. e 3 d.C.

Tal acervo formava a “Coleção Teresa Cristina”, que ficava exposta no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Zona Norte da Capital Fluminense, onde residiu a Família Imperial. Entretanto, a coleção foi parcialmente destruída no incêndio que devastou o prédio histórico em setembro de 2018.

Teresa Cristina morreu aos 67 anos de idade, em Portugal, em dezembro de 1889, pouco mais de um mês depois de ser expulsa do Brasil, juntamente com toda a família imperial, diante da Proclamação da República, que deu fim ao império colonial no país.

Segundo os registros históricos, em seu leito de morte, a Imperatriz teria dito à Baronesa de Japurá, Maria Isabel de Andrade Lisboa, que a acompanhava no exílio, que estava morrendo de “dor e tristeza", não de doença, por ter sido obrigada a deixar o Brasil.

A notícia da morte da “Mãe dos brasileiros” gerou grande comoção no país e sua memória é lembrada nos nomes de várias cidades, como Teresópolis, no Rio de Janeiro, Teresina, no Piauí, Cristina, em Minas Gerais, e Imperatriz, no Maranhão.

Serviço:

‘As múltiplas faces da Imperatriz: Teresa Cristina em construção’

  • Palácio Tiradentes. Rua Primeiro de Março, s/n – Praça XV – Centro.
  • Até 8 de abril, de segunda a sábado das 10h às 17h.
  • O acesso para cadeirantes poderá ser feito pela Rua Dom Manuel, s/n, atrás do palácio.
  • De graça

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