Resumo“Na Rota do Dinheiro Sujo” – Episódio 1 da Primeira Temporada
Uma análise pelo viés do Direito Econômico do primeiro episódio da série documental da Netflix.
O primeiro episódio da série documental da Netflix “Na Rota do Dinheiro Sujo” narra de forma bastante didática o escândalo denominado "DieselGate".
Este escândalo, protagonizado pela montadora de veículos Volkswagen, consistiu na adulteração de testes de emissão de gases dos veículos da marca de forma que passassem nos testes ambientais, ainda que não estivessem dentro dos limites estabelecidos em lei.
Para tanto, a empresa utilizava métodos ilícitos de averiguação dos dados, alterando o laboratório e o funcionamento parcial dos veículos para atingir os resultados necessários para o teste.
No entanto, diferentemente dos veículos enviados para o teste, os veículos vendidos aos consumidores finais ultrapassavam em muito os limites de emissão estabelecidos pelos órgãos ambientes europeus, o que colocou em risco a saúde da população em geral e gerou danos imensuráveis ao meio ambiente.
Em análise posteriores, verificou-se que a emissão de gases em alguns dos veículos vendidos ultrapassavam em 100x o limite estipulado em Lei, o que acarretou uma série de processos para a montadora.
O documentário demonstra que, em contrário do que alegado em um primeiro momento, a companhia como um todo tinha plena ciência das fraudes, não sendo um comportamento isolado de parte dos executivos, mas sim uma política interna da empresa, visando alavancar suas vendas, o que restou demonstrado através de diversas trocas de e-mails e alterações em vários laboratórios e fábricas distintas.
Destaque-se que o marketing utilizado pela montadora focava, principalmente, na baixa emissão dos gases quando comparado à concorrência, o que não se verificava de fato.
Como resultado dessa política fraudulenta, a VW se tornou a maior montadora do mundo no período onde as fraudes foram realizadas, restando reconhecida a política empresarial e econômica da empresa como um case de sucesso.
Ainda, em investigações independentes, notou-se que as demais empresas do mercado automotivo também adotavam o mesmo comportamento, mas estas ainda não sofreram qualquer sanção governamental, apenas tiveram que adequar seus modelos e restituir eventuais consumidores lesados.
Em que pese as diversas condenações sofridas pela empresa, que como consequência teve que indenizar seus consumidores, a VW continua sendo uma das maiores montadoras do mundo, conseguindo manter seus elevados lucros mesmo com a imagem abalada no mercado europeu.
Assim, notamos uma clara ineficiência tanto do mercado financeiro quanto dos órgãos ambientais para regular as práticas do mercado automotivo. Ainda que condenada, as ações da VW conseguiram voltar aos valores que possuíam anteriormente ao escândalo e grande parte dos executivos saíram com lucros exorbitantes e sem qualquer punição.
Ademais, as montadoras ainda continuam adulterando seus resultados em testes ambientais, o que nos leva a indagar se demais setores do mercado não também o fazem, colocando em cheque toda a fiscalização ambiental global.
A política de lucro da VW colocou em risco milhares de vida e geraram, como anteriormente abordado, danos imensuráveis ao meio ambiente, o que jamais poderá ser recuperado pelo mero pagamento de indenizações, como demonstra o fim do documentário.
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