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Estado de Minas UT�YA

Dez anos ap�s massacre de Ut�ya, sobreviventes enfrentam seus dem�nios


20/07/2021 08:38

Dez anos ap�s os ataques mais sangrentos da hist�ria da Noruega, os sobreviventes do massacre de Ut�ya querem acertar contas com a ideologia de extrema-direita que tirou a vida de 77 pessoas naquele dia.

A ilha recuperou sua antiga apar�ncia. Suas constru��es de madeira foram reparadas, e os alunos percorrem trilhas na natureza em uma alegre agita��o. Mas os buracos de bala em paredes preservadas e o memorial erguido em uma clareira na floresta testemunham a trag�dia que aconteceu neste peda�o de terra.

Em 22 de julho de 2011, Anders Behring Breivik, disfar�ado de policial, abriu fogo por mais de uma hora em um acampamento de ver�o da Liga da Juventude Trabalhista. Matou 69 pessoas, em sua maioria adolescentes.

Pouco antes, o neonazista havia detonado uma bomba perto da sede do governo em Oslo, deixando mais oito mortos.

A Noruega recorda, na quinta-feira (22), o doloroso 10� anivers�rio deste evento, uma oportunidade para quebrar o sil�ncio, como esperam os sobreviventes.

"Como jovens brancos, que cresceram como n�s, na Noruega, frequentaram as mesmas escolas e viveram nos mesmos bairros, desenvolveram vis�es t�o extremas a ponto de acreditar que estavam autorizados a matar? Fracassamos neste debate", lamenta Astrid Eide Hoem.

Hoem tinha 16 anos, quando, presa com centenas de outros jovens em Ut�ya, acreditou que sua hora havia chegado.

"Eu os amo mais do que tudo neste mundo. N�o chorem. Voc�s s�o os melhores pais do mundo", escreveu ela, escondida em um penhasco, em uma mensagem de texto de despedida.

Nas duas semanas seguintes, n�o sabia a que funeral ir, de tantos companheiros que haviam morrido.

- Novo atentado -

Ela se tornou l�der da Liga da Juventude Trabalhista no ano passado. Hoje, lamenta que, embora o assassino tenha sido condenado � pena m�xima - 21 anos de pris�o que podem ser prolongados indefinidamente -, a Noruega ainda n�o tenha discutido as convic��es que o levaram � a��o.

"Discutimos a falta de preparo dos socorristas, o n�mero de policiais que precisamos ter nas ruas, o n�mero de helic�pteros, os memoriais, a sa�de mental de Breivik... Mas n�o discutimos a ideologia pol�tica por tr�s disso", diz.

"A principal defesa para se proteger � aquela que se encontra antes das barreiras policiais: a preven��o da radicaliza��o", afirma.

A Noruega voltou a lamentar um ataque de extrema-direita em agosto de 2019. Depois de ter matado, por racismo, sua meio-irm� de origem asi�tica, Philip Manshaus atirou contra uma mesquita nos arredores de Oslo antes de ser controlado e desarmado por fi�is, sem deixar feridos graves.

"O fato de ainda existirem pessoas que compartilham as ideias de Breivik, de termos tido outro ataque terrorista na Noruega cometido por uma pessoa profundamente inspirada por Breivik, mostra que n�o fomos capazes de lidar com o aspecto pol�tico do ataque", avalia Elin L'Estrange, que escapou a nado, em Ut�ya.

"Nos Estados Unidos, na Nova Zel�ndia e em muitos outros pa�ses, houve ataques inspirados diretamente em Breivik", acrescenta. "� um movimento internacional que temos que levar a s�rio", frisou.

- "Trolls" -

Tanto em Ut�ya quanto em Oslo, onde uma coaliz�o de esquerda liderada por Jens Stoltenberg - agora secret�rio-geral da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) - estava no governo, Breivik atacou deliberadamente o Partido Trabalhista. Ele acusou a sigla de promover um multiculturalismo que abomina.

As v�timas de 22 de julho de 2011 s�o acusadas de explorarem a trag�dia todas as vezes que tentam debater suas bases ideol�gicas e denunciam a ret�rica anti-imigra��o, �s vezes inflamada, da direita populista.

A liberdade de express�o deve ser respeitada, eles alegam.

"Foi a Liga da Juventude Trabalhista que foi amorda�ada depois de 22 de julho", afirma o jornalista e ex-parlamentar de esquerda Snorre Valen, autor de um livro sobre Ut�ya.

"No cen�rio pol�tico noruegu�s, os 'trolls' garantiram um bom lugar. A Liga da Juventude Trabalhista teve que permanecer presa", escreveu ele em uma cr�nica.

Bem posicionado para retomar as r�deas do poder ap�s as elei��es legislativas de 13 de setembro, o Partido Trabalhista se comprometeu, a pedido de seu movimento jovem, a criar uma comiss�o para investigar os mecanismos de radicaliza��o.

"Fala-se muito em terrorismo isl�mico, o que tamb�m � importante", enfatiza Astrid Eide Hoem. "Mas � estranho que passemos tanto tempo falando sobre isso na Noruega, quando o que tirou vidas aqui nos �ltimos dez anos foi o extremismo de direita", conclui.


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