Vinícius Júnior chega à segunda final de Champions jogando como um Bola de Ouro | blog do mansur | ge

Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental


É possível catalogar a virada sobre o Bayern de Munique como mais um daqueles episódios típicos do Real Madrid na Liga dos Campeões: dois gols no fim, quando o jogo parecia escapar, construídos a partir de situações que fogem à compreensão. Por exemplo, ver Neuer, com certa folga o melhor jogador do Bayern no Bernabéu, soltar a bola que resultou no gol de empate de Joselu. Ou que os dois gols decisivos de um time tão estelar tenham saído dos pés de um atacante emprestado pelo Espanyol, hoje na segunda divisão espanhola.

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Mas dentre tantos traços imponderáveis, há um aspecto importante que diferencia a história escrita nesta quarta-feira de outras tantas operações de sobrevivência desta equipe. Desta vez, analisados os 90 minutos jogados na capital espanhola, o Real Madrid foi o melhor time. Ao seu modo, e diante de um Bayern bastante conservador, assumiu a posse de bola, controlou a maior parte do jogo e se valeu de seu característico jogo de aproximações entre seus talentos ofensivos para criar as melhores oportunidades.

É uma estrutura fluida, mas que parte de um 4-4-2 que, em dados momentos, lembra tantos times brasileiros da virada do século: dois volantes, dois meias, dois atacantes e, em tantas passagens da partida, o corredor entregue aos laterais. Não se trata de dizer que o Bayern não tenha tido suas estocadas, porque o movimento de Kimmich, partindo da lateral e buscando as costas dos volantes rivais, criou problemas em dois ataques do Bayern. No entanto, os alemães pareciam preocupados demais com a perda da bola, jogavam a um ritmo baixo e atacavam com pouca gente.

Vinicius Junior em Real Madrid x Bayern — Foto: Susana Vera/Reuters

Do outro lado, Kroos controlava o rumo da bola a partir do centro do campo, como se ditasse os rumos de cada ataque do seu time. Era uma espécie de regente do jogo. Jogando mais próximo de Rodrygo no centro do ataque, Vinícius Júnior encontrava espaços entre volantes e defensores do Bayern e o Real Madrid era mais presente no ataque. As melhores chances, no entanto, viriam no segundo tempo, quando Neuer se transformou num dos destaques do jogo. Andou próximo de transformar o gol de Alphonso Davies, em um contragolpe pela esquerda, no único da partida. Até soltar a bola fatal diante de Joselu.

Mas se há algo que não só a semifinal, mas a reta final de Champions confirma, é o status de Vinícius Júnior na elite do jogo. É difícil imaginar qualquer lista dos cinco melhores jogadores do mundo, neste momento, sem a sua presença. É difícil encontrar, neste instante, quem esteja jogando mais do que o brasileiro numa etapa tão decisiva de campeonatos tão importantes da Europa. Em Madrid, Vinícius jogou como um Bola de Ouro na virada do Real.

Pensando apenas nos últimos dois mata-matas, contra equipes como o Manchester City e o Bayern de Munique, Vinícius foi um falso 9 na maior parte dos duelos com o City, inicou o jogo com o Bayern numa dupla ofensiva com Rodrygo e, no segundo tempo do Bernabéu, transformou em pesadelo a jornada de Kimmich, o lateral alemão, caindo pela ponta esquerda.

A cada temporada, acrescenta repertório. O ponta driblador, aos poucos se tornou também um grande finalizador. Hoje, é capaz de ler espaços, servir companheiros com inteligência e, mais notável ainda, assumir que as jogadas decisivas de uma partida tão importante devem passar pelos seus pés.

Juntando os dois mata-matas mais recentes, o Real Madrid marcou oito gols, e Vinícius participou diretamente de seis deles: marcou duas vezes, deu duas assistências na partida de ida contra o City, deu o passe para Rodrygo finalizar no jogo de volta – o brasileiro marcaria no rebote do goleiro -, e chutou a bola que resultou no primeiro gol de Joselu nesta quarta-feira.

Vinícius está a 90 minutos de sua segunda taça da Champions pelo Real Madrid. E, novamente, como indiscutível protagonista do maior clube do mundo.

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